05 Março 2014
Ele pede papéis de "plena responsabilidade" para as mulheres na Igreja e, contra a "ânsia" do carreirismo, sugere "o remédio" de cargos "de tempo determinado". São duas passagens importantes de uma longa entrevista concedida nesse domingo pelo cardeal alemão Walter Kasper a Stefania Falasca no jornal Avvenire.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 03-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Kasper, grande eleitor de Jorge Mario Bergoglio no conclave passado (dentre os muitos europeus que escolheram desde logo um homem proveniente dos confins do mundo), investido no dia 20 de fevereiro passado da tarefa de proferir a conferência introdutória sobre matrimônio e família no Consistório convocado pelo papa, entra com coragem em um tema que há muito tempo gera discussão na comunidade eclesial: a presença das mulheres na Igreja. Uma presença, lembra o purpurado, que não deve abranger apenas a Cúria, porque "a Igreja não é a Cúria", mas também e sobretudo as várias realidades pastorais do mundo.
Kasper não banaliza o assunto. Para ele, não existe um problema de "cotas rosas", mas sim o fato de que, sem as mulheres, "a Igreja é um corpo mutilado". E ainda mais aquela Igreja que, no rastro do Concílio Vaticano II, quer ser finalmente sinodal, aberta à escuta de todos.
Lembra o cardeal: "Na Evangelii gaudium, o papa se pergunta se é realmente necessário que o padre esteja acima de tudo". Enquanto, para além do "imobilismo clerical", pode ser deixado espaço para as mulheres "lá onde se tomam decisões importantes", por exemplo nos Pontifícios Conselhos, ou também nas Congregações.
Certamente, "as mulheres também podem ser movidas pela ânsia de fazer carreira no modelo masculino". Mas, contra o carreirismo, "o emprego com cargos de tempo determinado poderia ser um remédio".
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A reviravolta do cardeal teólogo: ''Mais mulheres na cúpula da Igreja'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU