Por: André | 06 Fevereiro 2014
“A primeira reação foi de surpresa”. Parece que o relatório foi “preparado antes do encontro com a delegação da Santa Sé, que entregou respostas detalhadas e precisas sobre diferentes pontos”. Não esconde seu desgosto o bispo Silvano Tomasi, observador permanente do Vaticano no organismo das Nações Unidas em Genebra. A Santa Sé parece estar desorientada diante dos argumentos esgrimidos no duro informe final da Comissão da ONU para os Direitos das Crianças, publicado nesta quarta-feira, no qual se afirma que a Santa Sé continua violando os direitos da infância.
Fonte: http://bit.ly/1buxyNj |
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 05-02-2014. A tradução é de André Langer.
Tomasi falou à Rádio Vaticano: “É preciso esperar, ler atentamente e analisar detalhadamente o que escrevem os membros desta Comissão – disse Tomasi. Mas a primeira reação foi de surpresa, porque o aspecto negativo do documento que produziram é que parece que ele já tinha sido preparado antes da reunião da Comissão com a delegação da Santa Sé, que deu em detalhes respostas precisas sobre vários pontos, que não foram, em seguida, incluídos no documento final, ou pelo menos não parece ter sido levado seriamente em consideração”.
De fato, continua o diplomata vaticano, o documento “o documento parece não ter sido atualizado, considerando o que nesses últimos anos foi feito no âmbito de Santa Sé, com as medidas tomadas diretamente pelo Estado da Cidade do Vaticano e depois pelas Conferências Episcopais nos vários países. Falta a perspectiva correta e atualizada que realmente viu uma série de mudanças para a proteção das crianças que me parece difícil de encontrar no mesmo nível de compromisso, em outras instituições ou até mesmo em outros Estados. Isto é simplesmente uma questão de fatos e evidência que não podem ser distorcidas!”
Mons. Tomasi disse que muitas afirmações contidas no informe final da Comissão são “incorretas”. “A Santa Sé responderá, porque é um membro, um Estado que faz parte da Convenção, que a ratificou e pretende observá-la”, sem “acréscimos ideológicos ou imposições que estão fora da própria Convenção”.
Refere-se às partes do documento nas quais se pede à Santa Sé que revise as próprias convicções em matéria de aborto e família. “a Convenção sobre a proteção das crianças em seu preâmbulo fala da defesa da vida e da proteção das crianças antes e depois do nascimento; enquanto a recomendação que é feita à Santa Sé é a de mudar a sua posição sobre a questão do aborto! É claro que – continua Tomasi –, quando uma criança é morta não existem mais direitos! Então, isso me parece uma verdadeira contradição com os objetivos fundamentais da Convenção que é a de proteger as crianças”: proteger as crianças.
“Este comitê – acrescenta o diplomata vaticano – não prestou um bom serviço às Nações Unidas, tentando introduzir e exigir que a Santa Sé mude seu ensinamento inegociável! Então, é um pouco triste ver que a Comissão não compreendeu a natureza e as funções da Santa Sé, que expressou claramente ao Comitê sua decisão de implantar os pedidos da Convenção sobre os Direitos da Criança, mas defendendo e protegendo acima de tudo esses valores fundamentais que fazem com que a proteção das crianças seja real e eficaz”.
O diplomata vaticano concluiu a entrevista com uma hipótese: a Comissão das Nações Unidas teria cedido a influências externas: “Provavelmente algumas organizações não governamentais (que têm interesse nas questões da homossexualidade, do casamento gay e em outras questões) apresentaram observações e, de alguma maneira, reforçaram uma linha ideológica”.
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“Surpresos com as acusações”, afirma representante do Vaticano em Genebra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU