Por: André | 22 Janeiro 2014
Quando há três anos na diocese canadense de Quebec se pensava na sucessão de Marc Ouellet, chamado por Bento XVI ao Vaticano como responsável pela Congregação para os Bispos, dizia-se que Lacroix (foto) não tinha um perfil adequado para o cargo.
Fonte: http://bit.ly/1dhB75S |
A reportagem é de Maria Teresa Pontara Pederiva e publicada no sítio Vatican Insider, 19-01-2014. A tradução é de André Langer.
No entanto, seu currículo é notável, embora não tão tradicional como muitos esperavam. Afinal, Gérald Cyprien Lacroix foi nomeado arcebispo aos 53 anos e será criado cardeal no próximo Consistório (22 de fevereiro, ou seja, exatos três anos depois), motivo pelo qual se converterá no 17º cardeal na história da Igreja católica canadense e um dos mais jovens integrantes do Colégio.
Os atuais cardeais canadenses são três; dois deles eméritos: Jean-Claude Turcotte, de 77 anos, que foi substituído como arcebispo de Montreal em 2012, e Marc Ouellet, que trabalha no Vaticano; assim que somente o cardeal Thomas Christopher Collins, de 67 anos, está na ativa em sua diocese de Toronto.
Lacroix nasceu em Saint Hilaire de Dorset (Beauce), na extremidade sul de Quebec, próximo à fronteira com Maine (EUA), é o primogênito de sete irmãos e passou sua juventude nos Estados Unidos (em New Hampshire), para onde sua família de camponeses havia emigrado quando ele tinha oito anos de idade. Ao terminar a Trinity High School, em Manchester, retornou à cidade de Quebec, onde trabalhou primeiro em um restaurante e depois como desenhista em uma editora. Durante o último ano da escola converteu-se em um dos membros do Instituto Secular Pio X, fundado pelo padre Henri Roy, em Manchester, em 1939 (cuja atividade pode ser resumida desta maneira: “Anunciar o Evangelho com a própria vida”, e que, 20 anos depois, foi aprovado pelo Papa João XXIII).
Em 1980, passou um ano na Colômbia, como missionário, em uma clínica para indigentes. Depois desta experiência voltou para casa e foi apenas em 1988, aos 31 anos, que recebeu a ordenação sacerdotal. Obteve também o doutorado em teologia pastoral na Laval University e depois retornou novamente à Colômbia, como missionário; ali foi pároco, professor no seminário e inclusive locutor de rádio (tão forte marca deixou nele a missão que em seu escudo de bispo incluiu a sandália do peregrino e um anzol de pescador). Quando voltou ao Canadá, depois de oito anos, converteu-se no diretor do Instituto Pio X e fez parte do CEO da Conferência Mundial para os Institutos Seculares.
Em 2009 foi bispo auxiliar de Ouellet e, na qualidade de arcebispo de Quebec, conheceu Francisco em junho do ano passado por ocasião da visita “ad limina” dos bispos canadenses; nessa ocasião, Bergoglio destacou a necessidade de “unir o Québec dividido” (da sua experiência na Colômbia fala o espanhol, língua na qual conversou com o Papa Francisco).
Lacroix é bem conhecido por sua extraordinária capacidade de diálogo e abertura, embora muitos dos que apreciavam as posturas mais próprias de seu predecessor, Ouellet, o tenham criticado. Descrito como um “bon vivant”, disposto, jovial, não é difícil conseguir encontrar-se com ele para discutir e dialogar inclusive nas redes sociais, onde destaca sua confiança nos jovens e nas famílias (“a floresta que cresce sem fazer barulho”). “É um sacerdote que está próximo das pessoas, não é um homem de poder”, indicou o porta-voz diocesano Jasmin Lemieux-Lefebve falando com a imprensa sobre o grande dom que Quebec recebeu com sua nomeação, que este ano celebra os 350 anos da construção da atual catedral de Notre-Dame.
Sua nomeação também foi uma surpresa e chegou sem aviso prévio. Tomou conhecimento da sua nomeação na primeira hora do dia. “Uma grande responsabilidade – escreveu no Twitter –, mas estou muito contente em trabalhar na Igreja ao lado do Papa Francisco”. Sua mãe, Brigitte Laurendeau Lacroix, que mora na Flórida, contou que ele lhe telefonou “pela manhã para me contar a novidade e estava tão emocionado que tinha dificuldades para falar”. A senhora já está preparando suas malas para ir a Roma com toda a sua grande família. “Muitos anos atrás pensávamos que poderia ser sacerdote, mas nunca teríamos imaginado que chegaria a ser arcebispo ou cardeal”.
Convencido promotor de uma cultura da vida (é co-presidente da Comissão Episcopal para a Família), contra a “cultura do desperdício”, segundo a expressão do Papa Francisco, exortou os fiéis, durante uma entrevista em dezembro de 2011, a levar o Evangelho às praças públicas com coragem. “É necessário levar a luz de Cristo a todos os setores da sociedade: educação, política, saúde; devemos estar ali”.
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Lacroix, o cardeal que trabalhou em um restaurante - Instituto Humanitas Unisinos - IHU