24 Julho 2015
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora e com Paulo Sérgio Talarico, artista plástico de Juiz de Fora.
A inicial
Os sons transportam o sino.
Abro a gaiola do céu,
Dei a vida àquela nuvem.
As águas me bebem.
As criações orgânicas
Que eu levantei do caos
Sobem comigo
Sem o suporte da máquina,
Deixam este exílio composto
De água, terra, fogo e ar.
A inicial da minha amada
Surge na blusa do vento.
Refiz pensamentos, galeras…
Enquanto a tarde pousava
O candelabro aos meus pés.
Fonte: Murilo Mendes. Antologia poética. São Paulo: Cosac Naify, 2014, p. 89
Murilo Mendes (1901-1975): Poeta e escritor brasileiro, foi uma das grandes expressões do surrealismo nacional, com forte influência do Modernismo. Levou a cultura do Brasil para Europa, onde lecionou a disciplina de Literatura Brasileira. Sua poesia tem um olhar messiânico que é desconectado da linguagem e da ordem convencional da escrita. Seus escritos são derivados de suas experiências reais, entre elas, sua conversão ao catolicismo, fato que impulsionou a composição da obra “Tempo e Eternidade” junto com Jorge Lima. Considerado um poeta “cósmico e social”, Mendes escreveu muitos livros, entre eles, Contemplação de Ouro Preto (1940), A Poesia em Pânico (1938), As Metamorfoses (1944) e Poesia-Liberdade (1947), Poemas (1930), por este último recebeu o Prêmio Graça Aranha.
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Murilo Mendes na oração inter-religiosa desta semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU