Radicado no Evangelho de Cristo e no testemunho de Charles de Foucauld, Arturo Paoli nos ajuda a entrar no mistério da Igreja dos pobres para "amorizar o mundo" com relações de paz, justiça e misericórdia.

Publicamos aqui a nota da Pax Christi Itália, seção italiana da organização internacional católica pela paz, 13-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

"Cem anos de fraternidade" diz o título do seu último livro, que contém um texto de Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz e seu amigo desde os primeiros anos da experiência argentina. Cem anos de graça para todos. Cem anos de herança vital a ser transmitida com cuidado.

Participamos com comovida gratidão da dor de tantas pessoas por causa do êxodo pascal, na noite do dia 13 de julho, de Arturo Paoli. Ele tinha 102 anos. Trouxe consigo o vento transformador do Concílio Vaticano II (1962-1965), do "Pacto das Catacumbas" sobre a pobreza (1965), das assembleias de Medellín (1968) e de Puebla (1979), orientadas à opção cristã pelos pobres.

O seu Dialogo della liberazione (1969) foi, para Gustavo Gutiérrez, a fonte da teologia da libertação.

Arturo assumiu o compromisso de caminhar com os pobres suportando humilhações e marginalizações, entrelaçando a fé cristã com o amor ao próximo, a paixão social, a ação cultural e um intenso fervor contemplativo.

Radicado no Evangelho de Cristo (ele dizia que "a pobreza no Evangelho é fome e sede de justiça"), no testemunho de Charles de Foucauld (assim como de Teilhard de Chardin, de La Pira e de tantos rostos da grande família da paz), Arturo nos ajuda a entrar no mistério da Igreja dos pobres para "amorizar o mundo" com relações de paz, justiça e misericórdia.

"Estou à espera de uma novidade", escrevia ele há alguns meses. Também nós somos parte do seu sonho. Podemos assumir a responsabilidade disso, percorrendo e estendendo os seus sendeiros... na certeza de que "caminhando se abre o caminho".

Obrigado, frei Arturo!

Florença, 13 de julho de 2015