Por: Jonas | 15 Junho 2015
Simón Cazal (ativista da organização Somosgay) será um dos representantes da sociedade civil paraguaia no encontro que acontecerá com o Papa, no próximo dia 11 de julho, no Estádio León Condou, em Assunção.
A reportagem é publicada pela rádio Ñandutí, 11-06-2015. A tradução é do Cepat.
O ativista qualificou este convite como um “gesto histórico”, uma vez que até o momento “não ocorreu nenhuma aproximação entre o papa e as organizações LGBT em outros países da região”.
Acrescentou que acredita que este encontro poderá “marcar uma ruptura com a retórica dos setores ultraconservadores da Igreja católica”, autores das “piores desqualificações” para homossexuais, bissexuais e trans.
Ressaltou, além disso, a importância de um encontro com o máximo representante da Igreja católica, já que “uma grande maioria das pessoas LGBT, no Paraguai, é também profundamente católica”.
“No Paraguai, muitas pessoas gays, lésbicas, bissexuais ou trans continuam atormentadas por uma fictícia contradição que os setores retrógrados da Igreja estabelecem entre a fé religiosa e a orientação sexual”, expôs Cazal.
Neste sentido, afirmou que mais de 95% dos jovens entre 15 e 24 anos, acompanhadas pela organização Somosgay, nos últimos anos, denunciaram ter sido vítimas de violência intrafamiliar e, inclusive, foram expulsos de seus lares porque seus familiares tinham preconceitos de tipo religioso contra sua orientação sexual.
Em outros casos, os familiares submetem os jovens LGBT a supostos “tratamentos de cura da homossexualidade”, com supostas “terapias” combinadas pelos “grupos de oração” com “eletrochoque” ou a “administração de psicofármacos”, denunciou Cazal.
Estes centros de internamento “são mantidos com o apoio de organizações religiosas”, disse o ativista, e acrescentou que em tais contextos de reclusão os suicídios são frequentes “por causa da culpa que estes jovens são estimulados a sentir”.
Por isso, demonstrou-se esperançoso de que a reunião do papa Francisco com a organização Somosgay “deslegitime o discurso homofóbico” na sociedade paraguaia, e “alivie a dor e sirva como reparação” às vítimas de discriminação por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero.
Cerca de 90% da população paraguaia se definem como católica, segundo dados reunidos em 2014 pelo centro de pesquisas PEW, com sede em Washington. Este dado torna o Paraguai no país com maior proporção de católicos de toda a América Latina.
O país não possui nenhuma lei que regule uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, e organizações defensoras dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, reclamam que é o único Estado da região que não conta com uma lei contra todas as formas de discriminação.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Papa Francisco se reunirá com homossexuais durante sua visita ao Paraguai - Instituto Humanitas Unisinos - IHU