15 Mai 2015
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 16,15-20 que corresponde à Festa da Ascensão, Ciclo B, do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/ |
Ao evangelho original de Marcos juntou-se em algum momento um apêndice onde se recolhe este mandato final de Jesus: “Ide ao mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda a criação”. O Evangelho não há de ficar no interior do pequeno grupo dos Seus discípulos. Eles devem sair e deslocar-se para alcançar o “mundo inteiro” e levar a Boa Nova a todas as pessoas, a “toda a criação”.
Sem dúvida, estas palavras eram ouvidas com entusiasmo quando os cristãos estavam em plena expansão e as suas comunidades se multiplicavam por todo o Império, mas como escutá-las hoje quando nos vemos impotentes para reter a quem abandona as nossas igrejas porque não sentem já necessidade da nossa religião?
Em primeiro lugar é viver com base na confiança absoluta na ação de Deus. Foi o que Jesus nos ensinou. Deus continua a trabalhar com amor infinito o coração e a consciência de todos os Seus filhos e filhas, apesar de os considerarmos como “ovelhas perdidas”. Deus não está bloqueado por nenhuma crise.
Não está à espera que desde a Igreja coloquemos em marcha os nossos planos de restauração ou os nossos projetos de inovação. Ele continua a atuar na Igreja e fora da Igreja. Ninguém vive abandonado por Deus, mesmo que nunca tenha ouvido falar do Evangelho de Jesus.
Mas tudo isto não nos dispensa da nossa responsabilidade. Temos de começar a fazer-nos novas perguntas: Por que caminhos anda Deus procurando os homens e mulheres da cultura moderna? Como quer fazer presente ao homem e à mulher dos nossos dias a Boa Nova de Jesus?
Temos de nos perguntar, todavia, algo mais: Que chamadas está nos fazendo Deus para transformar a nossa forma tradicional de pensar, expressar, celebrar e encarnar a fé cristã de forma que propiciemos a ação de Deus no interior da cultura moderna? Não correremos o risco de nos convertermos, com a nossa inércia e imobilismo, num travão e obstáculo cultural para que o Evangelho se encarne na sociedade contemporânea?
Ninguém sabe como será a fé cristã no mundo novo que está emergindo, mas dificilmente será uma “clonagem” do passado. O Evangelho tem força para inaugurar um cristianismo novo.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Confiança e responsabilidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU