26 Março 2015
O Papa Francisco pediu aos católicos ao redor do mundo – em todos os níveis da Igreja – a se afastarem das fofocas sobre o próximo Sínodo sobre a família e, em vez disso, que orem, com fervor, para que ele resulte numa Igreja mais comprometida em testemunhar o amor de Deus por todos.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 25-03-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“É disso que precisamos, não de fofocas!”, insistiu o papa com firmeza enquanto falava, nesta quarta-feira, sobre o Sínodo na sua mais recente Audiência Geral na Praça de São Pedro. “Todos – o papa, os cardeais, bispos, padres, religiosos e leigos – somos chamados a orar pelo Sínodo”.
Ao convidar os fiéis na Audiência e os católicos de todo mundo a orarem com uma “santa insistência”, Francisco pediu que as orações “sejam animadas pela compaixão do Bom Pastor para com o seu rebanho, especialmente para as pessoas e famílias que, por diversos motivos, estão cansadas e desemparadas, como ovelhas sem pastor”.
Resumindo este testemunho da verdade, o pontífice definiu-o como: “Que ninguém seja excluído, independentemente se estejam dentro ou fora do aprisco”.
Francisco estava falando nesta quarta-feira em sua Audiência Geral sobre os dois encontros mundiais dos bispos a ocorrer no Vaticano conhecido como Sínodo dos Bispos. O encontro de 2014 aconteceu em outubro passado; o deste ano acontecerá em outubro próximo.
Os encontros – que o papa orientou no sentido de abordar questões contemporâneas da vida em família – devem discutir alguns assuntos às vezes considerados polêmicos na Igreja, tais como o divórcio, o casamento pela segunda vez e o casamento homoafetivo.
Alguns dos participantes – incluindo cardeais – manifestaram publicamente preocupações sobre a pauta ou as esperanças do papa para com o Sínodo.
Na quarta-feira, o Vaticano também anunciou que Francisco ratificou as eleições dos prelados das conferências episcopais ao redor do mundo para participarem no próximo encontro do Sínodo, confirmando outros 53 prelados no evento.
O papa está confirmando a eleição dos prelados a participarem do Sínodo em grupos, o primeiro do qual fora anunciado m 31 de janeiro com a confirmação de 48 prelados.
Esta confirmação inicial incluía quatro representantes dos Estados Unidos: Dom Joseph Kurtz, de Louisville, Kentucky; Dom Charles Chaput, da Filadélfia; o Cardeal Daniel DiNardo, de Galveston-Houston; e Dom José Gómez, de Los Angeles.
Em sua Audiência Geral, Francisco falava sobre os encontros sinodais como parte de uma reflexão mais ampla, centrada no fato de que a data de 25 de março é dia em que, na Igreja Católica, se celebra a Festa da Anunciação – quando se diz que Maria ouviu de um Anjo de Deus que ela iria, milagrosamente, ter um filho.
Esta história da Anunciação, disse o pontífice, “mostra-nos o quão profundo o mistério da encarnação – como Deus quis – incluía não só a concepção no ventre de uma mãe, mas também a recepção na família real”.
Ao mencionar também que o dia 25 de março marca a data de publicação da encíclica de 1995 do Papa João Paulo II “Evangelium Vitae”, que se centra, em parte, sobre a vida em família, Francisco disse: “A ligação entre Igreja e família é sagrada e inviolável”.
“A Igreja, uma mãe, jamais abandona a família, mesmo quando esta é degradada, ferida e em tantas maneiras mortificada”, disse. “Tampouco quando cai no pecado ou se afasta da Igreja; ela sempre fará de tudo para cuidar e curar a família, convidá-la à conversão e reconciliação com o Senhor”.
Francisco então disse que a Igreja precisa orar para cumprir esta missão: uma “oração cheia de amor para a família e para a vida”, oração que “sabe se alegrar com aqueles que se alegram, e que sabe sofrer com aqueles que sofrem”.
Associando esta missão com o Sínodo, o pontífice em seguida pediu que todos os católicos orassem pela próxima assembleia sinodal usando uma oração à Sagrada Família que deseja que as famílias “nunca mais vivam experiências de violência” e “quem quer que tenha sido ferido ou escandalizado receba depressa consolação e cura”.
O papa convidou a todos a orarem pelo Sínodo, “até mesmo aqueles que se sentem afastados, ou que não estão mais habituados”.
“Peço a todos vocês: por favor, não deixem de fazer suas orações”, disse. “Esta oração pelo Sínodo sobre a família é para o bem de todos”.
Em comentários separados, direcionados a grupos de diferentes idiomas presentes na Audiência Geral, Francisco reforçou que os católicos não deveriam ficar fazendo fofocas sobre o Sínodo e renovou o seu chamado para que os governos encontrem formas de garantir trabalho aos desempregados.
Durante as observações que fez em espanhol sobre o Sínodo, o pontífice falou, sem rodeios, que queria “oração, não fofocas!”.
Em italiano, em comentário que reforçava a mensagem dada numa viagem no último fim de semana a Nápoles, onde ele falou sobre o desemprego entre os jovens, o papa acrescentou que a “lógica da solidariedade e justiça” não deveria ser ultrapassada pela “lógica do lucro”.
Dizendo ser uma injustiça quando as pessoas não têm condições a um “trabalho digno”, Francisco implorou: “Por favor, lutemos por isto: a justiça no trabalho. Devemos lutar por isso”.
A confirmação de quarta-feira dos prelados que participarão no Sínodo incluiu 19 prelados da África; 11 da América Central e do Sul; 11 da Ásia e Oriente Médio; e três da Rússia, Bielorrússia e Croácia.
Da Europa, o pontífice confirmou três prelados da Alemanha, um da Escócia, um de Portugal, um da República Checa e um da Suíça.
O papa também confirmou a eleição de dois prelados da comunidade siro-malabar, rito sírio em plena comunhão com Roma que está baseado na Índia.
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Francisco: Não fiquem fazendo fofocas sobre o Sínodo! Rezem por ele! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU