Por: André | 13 Março 2015
Não existem alternativas para os cristãos, para os que dizem querer viver segundo a Palavra de Deus. Se não nos deixamos tocar pela misericórdia do Senhor, se não amamos o próximo, como os santos, acabamos sendo hipócritas que fazem o mal em vez do bem. Foi o que disse o Papa Francisco durante a homilia na missa matutina desta quinta-feira, 12 de março, celebrada na Capela da Residência Santa Marta, de acordo com a Rádio Vaticano.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada por Vatican Insider, 12-03-2015. A tradução é de André Langer.
A reflexão do Pontífice abrangeu um amplo horizonte, de Abel aos nossos dias. A leitura do dia propõe a voz de Jeremias, em quem está a Palavra do próprio Deus, que constata com amargura que o povo eleito, mesmo tendo recebido muitos benefícios, não O ouviu. Deus “deu tudo”, disse Bergoglio, mas recebeu em troca somente “coisas ruins”. “A fidelidade desapareceu – destacou o Papa –, vocês não são um povo fiel: esta é a História de Deus. Parece que Deus chora, aqui. ‘Amei-o tanto, dei-lhe tanto e você… Tudo contra mim’. Também Jesus, olhando Jerusalém, chorou. Porque no coração de Jesus havia toda esta história onde a fidelidade tinha desaparecido. Nós fazemos a nossa vontade, mas fazendo este caminho de vida, seguimos um caminho de endurecimento: o coração se endurece, se petrifica. E a Palavra do Senhor não entra. E o povo se afasta. Também a nossa história pessoal pode se tornar assim. E hoje, neste dia quaresmal, podemos nos perguntar: ‘Eu ouço a voz do Senhor, ou faço o que quero e o que eu gosto?’”
O Pontífice argentino observou que também o episódio do Evangelho do dia mostra um exemplo de “coração endurecido”. Jesus cura um possuído endemoniado e, em troca – disse o Papa – recebe uma acusação: “Tu expulsas os demônios em nome do demônio. Tu és um bruxo demoníaco”. Aqui está, denunciou Francisco, o pretexto típico dos “legalistas, que acreditam que a vida seja regulada pelas leis que eles fazem”. E isso “também aconteceu na História da Igreja!” O Papa elencou alguns casos paradoxais: “Pensem na pobre Joana D'Arc: hoje é santa! Pobrezinha! Estes doutores a queimaram viva porque diziam que era herética, acusada de heresia, mas eram os doutores, aqueles que conheciam a doutrina certa, os fariseus: distanciados do amor de Deus. Mais próximo a nós, pensem no Beato Rosmini. Os seus livros não podiam ser lidos, era pecado lê-los. Hoje ele é beato. Na Historia de Deus com o seu povo, o Senhor mandava os Profetas para dizer que amava o seu povo. Na Igreja, o Senhor manda os santos. São os santos que levam adiante a vida da Igreja. Não são os poderosos, não são os hipócritas. Não, são os santos".
E os santos, acrescentou Francisco, “são aqueles que não têm medo de se deixar acariciar pela misericórdia de Deus. Por isso, os santos são homens e mulheres que entendem muitas misericórdias, muitas misérias humanas e acompanham o povo de perto. Não desprezam o povo. Jesus disse: “Quem não está comigo, está contra mim”. Não existe um meio-termo, um pouco de lá e um pouco de cá? Não. Ou você está no caminho do amor – precisou para concluir Bergoglio – ou no caminho da hipocrisia. Ou você se deixa amar pela misericórdia de Deus ou faz aquilo que você quer, segundo o seu coração que se endurece cada vez mais nesta estrada. Quem não está comigo, está contra mim: não existe um meio-termo. Ou você é santo ou caminha em outra estrada. Quem não recolhe comigo, dispersa, arruína. É um corrupto que corrompe".
{youtube}KmrS9ppm3Bw&feature=youtu.be{/youtube}
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“Ou somos pessoas que amam ou somos uns hipócritas e corruptos”, diz o Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU