Por: Guilherme Tenher e Marilene Maia | 19 Setembro 2019
Porto Alegre registrou um índice de perda na distribuição de água de 28,46% em 2017 devido a vazamentos, erros de leitura dos hidrômetros, furtos, entre outros fatores. Isto significa que, para cada 100 litros de água captada, tratada e pronta para ser distribuída, 28,46 litros ficaram pelo caminho. Este desperdício, além de causar ineficiência na cobertura populacional do serviço, fez com que a capital do Rio Grande do Sul deixasse de faturar 36% a mais em 2017.
Estas informações foram extraídas do estudo publicado pelo Instituto Trata Brasil a partir dos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento -SNIS de 2017. Confira abaixo o texto com mais informações acerca dos municípios mais populosos da Região Metropolitana de Porto Alegre:
O estudo considerou dois principais grupos de perda: perdas reais ou físicas e perdas aparentes ou comerciais. Neles, o volume de água perdido é captado calculando o valor excedente ao necessário para determinadas operações.
O primeiro grupo, por exemplo, abrange variáveis relacionadas aos vazamentos estruturais nas tubulações, nas redes e nos ramais. Este grupo faz parte do Índice de Perdas na Distribuição (IPD). Já o segundo grupo engloba itens como erros de leitura, ligações inativas reabertas e ligações sem hidrômetros. Assim, estes valores fazem parte do Índice de Perdas de Faturamento (IPF). Segue o quadro com todas as variáveis consideradas para a criação destes índices:
As três cidades mais populosas da região metropolitana apresentaram dados acima daqueles calculados para o Brasil e para o Rio Grande do Sul. Porto Alegre, por exemplo, registrou um índice de perda na distribuição de 28,46% em 2017, Canoas apresentou um percentual de 51,38% e Gravataí contabilizou 53,6%, ou seja, para cada 100 litros de água captada, 53,6 litros são desperdiçados no processo de distribuição.
Relativo às perdas no faturamento, Porto Alegre deixou de faturar 36% do total de 2017 pela má distribuição de água. Canoas e Gravataí perderam mais da metade do valor faturado no mesmo ano, registrando índices de 52% e 54%, respectivamente.
Assim como o Brasil, o estado gaúcho registrou 38% de perdas na distribuição (IPD) em 2017, ocasionando também uma perda de 50,35% no faturamento. Dos 20 municípios com menores, e portanto melhores, índices de perda de distribuição, apenas um município sul-rio-grandense constitui a lista: Porto Alegre.
O estudo analisou seis cidades gaúchas em 2017. Dentre elas, destacam-se Pelotas e Santa Maria, com um índice de perda de distribuição de 47,29% e 50,85%, respectivamente. Por outro lado, Caxias do Sul registrou uma perda do faturamento de 51,59% devido a vazamentos, erros de leitura dos hidrômetros e furtos na distribuição.
“A média de perda de água potável no país foi de 38,3%, ou seja, para cada 100 litros de água captada, tratada e pronta para ser distribuída, 38 litros ficam pelo caminho devido aos vazamentos, erros de leitura dos hidrômetros, furtos (famosos “gatos”), entre outros problemas. Isso significou uma perda de 6,5 bilhões de m³ – equivalente a mais de 7 mil piscinas olímpicas por dia. Se considerarmos apenas as perdas físicas (estimadas em 3,5 bilhões de m³), ou seja, vazamentos: a água que realmente não chegou na casa das pessoas, o volume desperdiçado seria suficiente para abastecer 30% da população brasileira por um ano (60 milhões de pessoas). Em termos financeiros, a perda de faturamento custou para o país R$ 11,3 bilhões, valor superior ao total de recursos investidos em água e esgotos no Brasil em 2017 (R$ 11 bilhões) ”. Esse trecho foi retirado do estudo publicado pelo Instituto Trata Brasil a partir dos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2017.
As perdas na distribuição de água no Brasil aumentaram 1,3 pontos percentuais após a recessão econômica no biênio 2015-2016. Da mesma forma, as perdas no faturamento chegaram a 36,9% em 2017, alcançando o maior nível da série histórica desde 2013.
Ampliando os dados sobre as perdas físicas no abastecimento de água para as grandes regiões do país, observa-se que a Região Sul está ligeiramente abaixo da média nacional, contabilizando 36,54%. Por outro lado, a região Norte chegou a contabilizar um índice de 55,14%, isto é, para cada 100 litros de água captada, tratada e pronta para ser distribuída, 55,14 litros se perdem pelo caminho.
A queda de 66% na renda gerada pelos investimentos em saneamento entre 2010 e 2017 na Região Metropolitana de Porto Alegre indica o desligamento de mais de 6 mil cidadãos das atividades ligadas a esta política ao longo deste período. Este quadro agrava o direito constitucional de saneamento básico, definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais.
Entre 2016 e 2017, de acordo com o Trata Brasil, o número de pessoas que não recebiam água com regularidade adequada aumentou de 50.354 para 92.670, isto é, um aumento de 84% em apenas um ano. Para o último ano analisado, 6,5% da população ou 275.505 moravam em domicílios sem acesso à água tratada; esse número já chegou a 486.754 em 2010. A região ainda possui 2.464.631 domicílios sem acesso ao serviço de coleta de esgoto, o que significa 58,5% da população da Região Metropolitana de Porto Alegre.
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Um terço da água potável é desperdiçada em Porto Alegre - Instituto Humanitas Unisinos - IHU