11 Julho 2016
Em 2014, o Vale do Sinos teve o menor número de óbitos por HIV registrados nos últimos 10 anos. Ainda assim, há um óbito por HIV a cada dois dias na região, segundo os dados deste ano. Além do número expressivo de óbitos, os portadores de HIV ainda sofrem de outras comorbidades, além de diversas formas de preconceito.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, acessou os dados do Departamento de Informática do SUS - Datasus sobre óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) de 2005 a 2014.
Os óbitos por HIV não mostram o número de portadores de HIV, mas apenas a mortalidade deste vírus. E esta mortalidade, de acordo com estudo feito pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicado na Revista Aids, caiu 12% nos últimos 10 anos no Brasil.
EXCLUSÃO
No estudo denominado The Gap Report, e publicado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids – Unaids/Brasil, destacaram-se as exclusões vividas pelos portadores do HIV e o perfil dos mesmos. De acordo com o estudo, ainda em maio de 2015, 36 países não permitiam e/ou inibiam a entrada de portadores de HIV em seus territórios. O perfil dos portadores do HIV redobra a atenção sobre a realidade de populações desprotegidas que estão nesta situação, seja através da desinformação ou da desproteção social.
O perfil das pessoas que vieram a óbito em decorrência do vírus do HIV no Vale do Sinos em 2014 será apresentado nas tabelas 02, 03 e 04.
DADOS – VALE DO SINOS
Os dados do Datasus revelam alguns aspectos relacionados aos óbitos por HIV no Vale do Sinos. De acordo com a metodologia de estudo abordada pelo sistema, os óbitos por HIV são classificados em cinco categorias relacionados com doenças que têm seu estado agravado com a presença do HIV. Desta forma, foram consultados o número de total de óbitos por HIV, além de faixa etária, sexo e cor ou raça das pessoas que vieram a falecer.
A tabela 01 apresenta o número de óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) nos municípios do Vale do Sinos de 2005 a 2014. Destaca-se que em 2014 houve o menor número de óbitos registrados neste decênio. Em 2013, houve o maior.
Ao todo foram registrados 2.117 óbitos no período devidos ao HIV, sendo 681 em Canoas. No município houve redução de 30% de 2013 a 2014 no número de óbitos.
Assim como Canoas, outros municípios também obtiveram redução no número de óbitos de 2013 a 2014, com destaque para São Leopoldo, que passou de 52 para 42. Em Campo Bom, o ano de 2014 registrou o menor número de óbitos do período, com três notificações. Apenas Ivoti registrou aumento de óbitos de 2012 a 2013, passando de nenhum para dois óbitos.
Ainda assim, morrem por ano, em média, 212 pessoas na região, se contabilizados os últimos 10 anos.
A tabela 02 apresenta o número de óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) nos municípios do Vale do Sinos por faixa etária em 2014. As faixas etárias predominantemente atingidas são as de 30 a 39 anos e de 40 a 49 anos.
A faixa etária dos jovens, de 15 a 29 anos, apresentou 19 óbitos no período. Ainda assim, segundo a Onusida, programa da Organização das Nações Unidas – ONU, que combate o HIV, a faixa etária dos jovens é de alto risco para a contaminação por HIV, seja por falta de cuidados e/ou de informação. O vírus do HIV é o terceiro maior causador de óbitos na faixa etária dos jovens no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS.
A tabela 03 apresenta os óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) nos municípios do Vale do Sinos por sexo em 2014. Percebe-se que a incidência é aproximadamente duas vezes maior no sexo masculino.
Em 10 dos 12 municípios que obtiveram casos registrados, o número de óbitos de homens superou o de mulheres, sendo que na maior parte dos municípios chegou ao dobro do óbito de mulheres.
Em Sapucaia do Sul, dos 22 óbitos, 16, ou seja, 72,72% eram do sexo masculino. Em São Leopoldo, 29 óbitos eram do sexo masculino e 23 em Novo Hamburgo. Em Estância Velha, Ivoti, Nova Santa Rita e Dois Irmãos, apesar do baixo número de óbitos totais, todos foram de homens em 2014.
A tabela 04 apresenta os óbitos por doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) nos municípios do Vale do Sinos por raça ou cor em 2014, sendo a maior parte dos casos na população denominada branca.
Sabe-se que na região há predominância da população branca, que segundo dados do Censo 2010 representam 87,18% da população total. Portanto, o número de óbitos absolutos da população branca tende a ser maior.
Se comparados os dados de população e óbitos em cada raça ou cor, sabe-se que na população denominada preta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a cada 10.000 habitantes há 4,5 óbitos, enquanto na população branca a cada 10.000 habitantes há 1,1 óbitos.
Desta forma, os principais grupos que sofrem com os óbitos por HIV são homens negros de 30 a 59 anos. Ainda assim, outros grupos populacionais também se destacam como, por exemplo, os jovens.
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Um óbito por HIV a cada dois dias no Vale do Sinos em 2014 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU