A edição número 534 está em circulação. Com o título Etty Hillesum - A resistência alegre contra o mal, a publicação aborda a importante contribuição da jovem judia que em tempos de Páscoa provoca reflexões que inspiram novos tempos.
Etty Hillesum, nos nos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, não se entrega à dor e tampouco responde ao ódio na mesma potência. Sua arma é o canto de alegria em meio às dificuldades, como uma flor que irradia calor na resistência gélida e tétrica do inverno totalitário do nazifascismo.
Faustino Teixeira, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, observa nessa jovem mística a arte de encontrar o Deus interior capaz de fortalecer contra todo o mal que a cerca, sem ceder em nada a sentimentos malignos e ainda irradiar amor. “Com todas as condições para dizer o contrário, Etty rechaça em sua reflexão qualquer possibilidade de adesão ao ódio”, sintetiza.
Beatrice Iacopini, formada em Filosofia e em Teologia, professora no ITCS Filippo Pacini - Pistoia e colaboradora na Escola de Teologia da Diocese de Pistoia, lembra que é necessário desenterrar Deus dos corações martirizados. “Etty Hillesum nos ensina a perceber a profunda unidade de tudo, razão pela qual quem se empenha a melhorar a si mesmo, na realidade, muda o mundo”, pondera.
Capa da IHU On-Line número 534
Ceci Maria Costa Baptista Mariani, professora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião na Pontifícia Universidade Católica de Campinas e da Faculdade de Teologia, foca sua análise no amor que Etty é capaz de mobilizar. Segundo a professora, pela entrega amorosa, a jovem chega a um Deus que habita nela e reconhece nele a face daqueles que a cercam.
Para Ricardo Fenati, mestre em Filosofia e integrante do Centro Loyola, de Belo Horizonte, a experiência mística de Etty Hillesum é espiritual, e não psíquica, segundo revela em registros das primeiras anotações de seu diário.
Gabriela Acerbi, socióloga e mestranda em Ciências Sociais, descobriu Etty recentemente e não esconde seu encanto. Para ela, a experiência da jovem judia revela que é possível se criar mesmo diante de um abismo. Para ela, os diários de Etty Hillesum são um apelo a essa criação e uma recusa a condicionar-se ao adverso.
Mariana Ianelli, poeta, ensaísta, cronista e crítica literária brasileira, chama atenção para a capacidade da jovem de encontrar Deus não apenas em seu interior, pois “desenterra Deus do fundo do coração dos outros”, livre de qualquer amarra ou preconceito.
Eduardo Guerreiro Brito Losso, professor de Teoria da Literatura do Departamento de Ciência da Literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reflete, a partir da experiência de Etty, sobre as inquietudes que afligem o nosso tempo, perversidades que, se não forem apreendidas nas pequenas ações, acabam personificando o pior da humanidade.
Thiago Amud, compositor, arranjador, cantor e violonista carioca, também destaca a importância da resistência alegre. Assim, olha para a forma como as Marchas de 2013 foram apreendidas pelo “neofascismo” e vê na arte uma forma de ativar sentimentos que mobilizam sentimentos positivos como reação.
A edição ainda traz entrevistas com o teólogo Francisco Orofino, em que aborda a mística da leitura da Bíblia em tempos pascais; e com Ricardo Timm de Souza, mestre em Filosofia pela PUCRS e doutorado em Filosofia pela Universität Freiburg (Albert-Ludwigs), em que analisa como o ser humano deixa de se servir das imagens em função do mundo e passa a viver em função delas.
Também pode ser lido o texto de Zeca Oliveira e a crítica de cinema de João Ladeira.
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A versão impressa está disponível no Instituto Humanitas Unisinos - IHU no Campus São Leopoldo da Unisinos e no Espaço IHU na Unisinos Porto Alegre.
A todas e todos uma boa leitura!