10 Fevereiro 2018
Três semanas após a visita apostólica de Francisco a Puerto Maldonado, na Amazônia peruana, quando também aconteceu a primeira reunião preparatória do Sínodo para a Pan-Amazônia, que será em outubro de 2019, o L’Osservatore Romano publica em sua edição de 09 de fevereiro, uma entrevista com o cardeal Lorenzo Baldisseri, do Sínodo dos Bispos, sobre os primeiros passos que estão sendo dados.
A reportagem é de Óscar Elizalde Prada, publicada por Vida Nueva, 09-02-2018. A tradução é de André Langer.
O sopro inspirador de Aparecida (2007) e a “experiência consolidada de reflexão sobre o grande tema da Amazônia”, por parte da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), estão emergindo como colunas fundamentais da etapa pré-sinodal inaugurada em Puerto Maldonado.
Foi o que disse Baldisseri, que também assinalou, como uma “novidade”, que esta fase preparatória será liderada “pelo secretário-geral em estreita colaboração com a REPAM”.
Ao confirmar que os desafios representados pela evangelização da Amazônia, em sua vasta extensão de 7,5 milhões de km2 – incluindo partes do território de Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela –, com uma atenção especial aos povos indígenas e às comunidades locais, fazem parte da agenda do Sínodo, o secretário-geral também destacou os problemas ecológicos e os cuidados da criação.
“Devemos reconhecer que na Amazônia há uma pluralidade de culturas”, além de outras “culturas sobrepostas”, disse o cardeal, sem ignorar que “há mais de uma centena de circunscrições eclesiásticas” que são testemunhas do rosto multifacetado da Igreja na Amazônia.
No entanto, “a atenção aos povos originários é uma prioridade, levando em conta as indicações do Pontífice”, disse Baldisseri, ecoando a insistência de Francisco sobre a necessidade de preservar – e não apenas respeitar – a sua tradição e cultura, bem como suas terras, ameaçadas pelo extrativismo, pelo agronegócio e pelos vorazes interesses econômicos que ameaçam o bioma panamazônico e a vida de seus povos.
“A Igreja deve evangelizar através da promoção humana, um elemento típico da ação pastoral na América Latina”, apontou o cardeal, observando, além disso, que “a denúncia profética tem um valor para a promoção humana e a credibilidade da evangelização da Igreja”, razão pela qual não hesitou em ponderar a importância do método ver-julgar-agir, também próprio da Igreja latino-americana.
Com sensibilidade pastoral, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos também se referiu à urgência de dar “mais espaço ao diaconado permanente”, sem referir-se expressamente à opção dos ‘viri probati’. “É necessário enfrentar o problema de como garantir a presença de um guia para as comunidades disseminadas”, afirmou. Uma “ministerialidade adequada às circunstâncias” é mais do que imperativa.
Espera-se que, para o mês de junho, as conferências episcopais recebam o documento preparatório. Encontrar os meios apropriados para a participação ativa dos sujeitos que habitam o bioma pan-amazônico, uma reflexão teológico-pastoral pertinente a uma ação pastoral com ‘rosto amazônico’, em comunhão com a Igreja universal, e abordar aspectos específicos do ministério eclesial que respondem às necessidades da região amazônica, fazem parte das expectativas do cardeal Baldisseri.
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Viri probati? Baldisseri sugere “uma ministerialidade adequada às circunstâncias” da Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU