Por: Cesar Sanson | 29 Junho 2016
Entre sexta-feira (24) e domingo (26), dois menores de idade foram mortos em Guaianazes e Cidade Tiradentes, bairros do extremo leste de São Paulo, de maneira muito parecida. Ambos estavam em um carro roubado e, após perseguição, foram mortos. A diferença está em quem atirou contra eles. Robert, de 15 anos, morreu na sexta com três tiros (dois no peito e um na boca) deflagrados por PMs (policiais militares) da Força Tática. Ele foi alvejado após cair com o carro em um córrego e tentar sair pela janela. Já Waldik, de 11 anos, foi morto na manhã deste domingo dentro de um carro por um guarda civil metropolitano, conforme a Ponte Jornalismo publicou às 17h50 deste domingo.
A reportagem é de André Caramante, Luís Adorno e Paulo Eduardo Dias e publicado por Blog Negro Belchior, 28-06-2016.
Somados ao caso de Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira, 10 anos, morto com um tiro no olho por um policial militar no dia 2 de junho deste ano, já são três casos neste mês de agentes da segurança pública de São Paulo matando crianças após perseguição a carros roubados. O corpo de Robert, que estava registrado no IML (Instituto Médico Legal) como indigente, só foi liberado à família por volta das 17 horas deste domingo (26). Os familiares tentavam tirar o corpo dele para o enterro desde o sábado (25). Ninguém da família quis falar com a reportagem.
Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) divulgou na tarde desta segunda-feira (27) a seguinte nota: “O DHPP instaurou inquérito policial para investigar a morte em decorrência de intervenção policial ocorrida na Cidade Tiradentes, na zona leste da capital. O veículo roubado passou por perícia e foi devolvido para a proprietária. A investigação segue em andamento pela Divisão de Homicídios. A Corregedoria da PM acompanha, como é praxe neste tipo de ocorrência.”
De acordo com a Polícia Civil, o menino Waldik, de 11 anos, morreu na manhã deste domingo após roubar um Chevette prata com outros dois rapazes. Ele estava no banco de trás do carro e foi o único baleado. Os outros dois fugiram. Segundo o histórico do BO (Boletim de Ocorrência) do caso, uma viatura da GCM, com três ocupantes, foi acionada, sendo alertada que o Chevette havia sido roubado. Os GCMs acharam o carro e teria ocorrido uma perseguição. Os guardas afirmaram que os suspeitos atiraram contra eles, mas foi constatado pela equipe pericial apenas um disparo de fora para dentro do veículo, sendo que os vidros das portas estavam fechados. E não foi encontrada nenhuma arma.
A perseguição acabou na rua Regresso Feliz, 131, próximo de onde ocorria uma quermesse. Os frequentadores da festa cobraram os GCMs para que eles socorressem a criança que estava agonizando dentro do carro. O menino foi levado a um Pronto-Socorro da região, mas já chegou ao local sem vida. Um PM aposentado, identificado como Jackson, e que mora na região, testemunhou à Polícia Civil que presenciou a fuga e, ao perceber que havia uma criança baleada, preservou o local.
O GCM Caio Muratori foi indiciado por homicídio culposo. Segundo a Prefeitura de São Paulo, Caio e os outros dois GCMs que estavam na perseguição ficarão afastados de suas funções até que se esclareçam os fatos. A SSP informou que, por envolver menor de idade, a apuração é mais rigorosa e, por isso, mais demorada.
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Militarizada, GCM paulistana mata criança de 11 anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU