07 Outubro 2015
"O Sínodo não é um gueto. Nós não somos um gueto. Há uma Igreja que é guida pelo Espírito e o amor de Deus é difícil aprisioná-lo".
O presindente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Claudio Maria Celli, responde assim aos jornalistas ao sintetizar os trabalhos da segunda jornada da assembleia, que na tarde de ontem reuniu pela primeira vez os pequenos grupos subdivididos por língua.
Uma jornada que se abriu com uma surpresa. O Papa fez uma intervenção não prevista. Ele pediu aos padres sinodais de "não ceder à hermenêutica corporativa" que é sociologicamente débil e espiritualmente não ajuda: um novo convite a sair dos 'taticismos', das estratégias, dos complôs.
Francisco quis ressaltar que a "doutrina católica sobre o matrimônio nunca foi tocada, ninguém a colocou em questão na assembleia extraordinária. Ela é conservada na sua integridade", e sugeriu aos padres de não se deixarem "condicionar" reduzindo o horizonte "como se o único problema fosse aquele da comunhão aos divorciados recasados".
E antes do início dos trabalhos em aula, na homilia da missa matutina na Casa Santa Marta, Francisco voltou a falar da "dureza dos corações" de quem "não deixa entrar a misericórdia de Deus", considerando mais importantes os seus pensamentos ou "todo aquele elenco de mandamentos" que devem ser observados.
No debate em aula, até agora, intervieram 72 padres e se confirmou a emergência de duas sensibilidades.
O bispo canadense Paul-André-Durocher, explicou que "não podemos nos tornar uma seita. A mensagem de Deus é dom, boa nova para o mundo: como permanecer fieis a Jesus e dialogar com o mundo? Alguns padres sinodais sublinharam mais o ensinamento, outros a necessidaade de dialogar com o mundo". É evidente a dificuldade frente aos processos culturais que não se sabe como afrontar. Simplesmente repropor a doutrina não resolve.
Um dado significativo que emergiu de modo transversal diz respeito à exigência, para a Igreja, de mudar a sua linguagem, tomando o exemplo de Francisco, capaz de falar a todos, e de se exprimir de modo "misericordioso", em vista do Jubileu da misericórdia.
Alguns padres associaram esta linha aos homossexuais, que "são nossos irmãos e filhos e não podem ser tratados como outsiders", mas que merecem "respeito".
Os temas das intervenções foram sobre diferentes temas: a revolução cultural na qual a sociedade vive hoje, o papel dos padres no acompanhamento dos casais, as convivências pré-matrimoniais, o Evangelho da família, as migrações, as perseguições dos cristãos e outras dificuldades afrontadas pelas famílias como a pobreza e os conflitos, a violência "na família e na Igreja", particularmente sobre as mulheres, assim como questões específicas de alguns continentes, como a poligamia na África.
Alguns padres africanos, entre os quais o cardeal Robert Sarah, insistiu fortemente no sentido de que não se toque na doutrina já que isto significaria abrir espaço ao Maligno.
A questão dos sacramentos aos divorciados recasados, explicou Celli, é um "panorama totalmente aberto".
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"O Sínodo não é um gueto". Mas as aberturas do papa divedem - Instituto Humanitas Unisinos - IHU