06 Outubro 2015
A sua presença, tão "escandalosa" para o Vaticano, ao contrário, é a que dá calma e apoio do Mons. Krzysztof Charamsa, o único centro de gravidade da sua vida depois daquela de antes, que foi varrida de uma hora para a outra, depois da sua "saída do armário" e das declarações sobre os gays na Igreja.
A reportagem é de Elena Tebano, publicada no jornal Corriere della Sera, 05-09-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eduard Planas, 44 anos, desde que chegou a Roma na sexta-feira passada, não o abandonou por um minuto. "É uma mudança enorme, para ele e também para mim, mas não estou assustado", diz. "Surpreso, sim, desde que eu vi a grande atração pelos outros que ele exerce", acrescenta, no seu bom italiano, salpicado com algumas palavras catalãs. "No sábado, quando ele começou a falar, eu senti na sala como que uma aura, uma tensão espiritual: as suas palavras entravam no coração das pessoas".
Sábado e domingo, Charamsa e Planas estiveram quase sempre sozinhos, depois que a comunicação com o mundo em que o teólogo vivia até agora se interrompeu abruptamente. "Mas esse não foi o momento mais difícil", explica Planas. "A passagem mais dura para Krzysztof e para mim, que estava perto dele, foi se libertar da vergonha opressiva de não ser uma pessoa heterossexual."
"Isso eu aprendi com você", interrompe Charamsa, com doçura. "E estou convencido de que é uma passagem profundamente cristã, porque reflete a nossa verdade e nos permite finalmente dedicar o coração livre de complexos e de sentimentos de culpa a Deus e aos outros", diz ele, voltando por um instante a falar como alguém que é de casa entre os livros de teologia.
A sua relação continua sólida, e também se vê isso pela forma como se alternam continuamente, um terminando a frase do outro: "Vi nestes dias as coisas pelas quais eu o amo", diz Planas. "Eu sou uma pessoa normal, que encontrou uma pessoa muito especial."
Depois, aos protestos de Charamsa ("Não é verdade que você não é especial!"), ele sorri e acrescenta: "Então digamos assim: somos complementares e, graças a isso, vemos o mundo de forma mais completa".
Nesse domingo, os dois acompanharam o Papa Francisco que, durante as celebrações para a abertura do Sínodo, dentre outras coisas, advertiu a "Igreja com as portas fechadas", que "trai a si mesma": "Foi um conforto: em cada homilia, o Santo Padre nos acostumou a nos deixar uma palavra forte, que é compreensível para todos e não dirigida apenas a poucos eleitos: vai ao coração e sacode a consciência", afirma Charamsa.
"Hoje me sinto ainda mais parte da Igreja. Eu escrevi isto à minha mãe: eu amo a Igreja mais do que dois dias atrás. Não saí dela, apenas perdi o emprego em um escritório."
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"Estamos livres da vergonha", afirma parceiro do monsenhor expulso - Instituto Humanitas Unisinos - IHU