Por: André | 05 Outubro 2015
O coronel Roberto Meleán, que cumpre pena na prisão de Chonchocoro por crimes cometidos durante a ditadura de Luis García Meza (1980-1981), revelará nesta terça-feira o nome de quem ordenou o assassinato do padre jesuíta Luis Espinal. O padre foi assassinado no dia 21 de março de 1980 por um grupo de paramilitares que o sequestrou na zona de Miraflores, na cidade de La Paz. No dia seguinte, seu corpo sem vida foi encontrado no caminho para o pico de Chacaltaya, acima da zona Plan Autopista.
A reportagem é de Williams Farfán e publicada por La Razón, 03-10-2015. A tradução é de André Langer.
“Meleán identificará publicamente quem é o autor da morte do Pe. Luis Espinal. É por isso que se faz a convocatória ao Pe. Xavier Albó, para que ele confirme que o semanário Aquí estava prestes a publicar uma denúncia de negociação envolvendo autoridades militares na compra irregular de aviões, que Espinal estava para revelar. É por isso que esses militares mandaram que fosse morto”, adiantou Frank Campero, advogado do oficial preso.
O jurista disse que seu cliente é processado no Juizado 6º de La Paz injustamente e que na terça-feira, às 10h, dará a conhecer, na audiência, os nomes dos militares envolvidos no assassinato, já que, segundo o jurista, estes ainda estão vivos e sem nenhum processo contra eles. Espinal foi o fundador do semanário Aquí, que denunciava atos de corrupção e de perseguição de ditaduras militares que, na época, governavam o país.
O jesuíta (Lucho Espinal) nasceu no dia 4 de fevereiro de 1932 na cidade de San Fruitós de Bagés, perto de Manresa, na Espanha. Em agosto de 1949, ingressou na Companhia de Jesus e foi ordenado sacerdote em julho de 1962 na cidade de Barcelona. Foi enviado à Bolívia como missionário, onde lutou pela defesa dos direitos humanos. Por seu trabalho, obteve o apreço da população.
Em 1980, durante a ditadura de García Meza, o coronel Meleán foi o segundo comandante do Regimento Topáter, em Oruro, e atualmente está há sete anos preso, de um total de 30 anos que deve passar em Chonchocoro, acusado pelo desaparecimento de Renato Ticona, um universitário da cidade de Oruro capturado pelo Exército junto com seu irmão. Entre as centenas de vítimas da época das ditaduras, também permanece desaparecido Marcelo Quiroga Santa Cruz.
Confirmam que Marcelo está em San Javier
Frank Campero, advogado do coronel Roberto Meleán, ratificou que os restos do ex-líder socialista Marcelo Quiroga Santa Cruz estão enterrados na fazenda da família Banzer, em San Javier, no setor chamado Sapito.
Quiroga desapareceu no dia 17 de julho de 1980, depois que um grupo de paramilitares da ditadura de Luis García Meza o sequestrou na sede da Central Operária Boliviana (COB). Por este fato o ex-presidente de fato, assim como Meleán, foi condenado a 30 anos de prisão, sem direito a indulto, na prisão de Chonchocoro do Departamento (Estado) de La Paz.
“A Promotoria determinou prosseguir nas buscas dos (restos de) Marcelo Quiroga, na Fazenda San Javier, porque existem indícios suficientes e o Ministério Público faz os esforços para determinar o ponto exato dentro da fazenda no setor chamado Sapito”, comunicou Campero a este jornal.
Assinalou também que obteve a informação de que Quiroga, no dia 17 de julho de 1980, foi transferido para o Estado Maior, depois para Mallasilla e dali, por um erro, ao necrotério de La Paz, na zona de Miraflores. Foi ali que tiraram uma fotografia, acrescentou. Dali, o cadáver foi retirado por dois paramilitares e levado à Fazenda San Javier, que era de propriedade do ex-presidente Hugo Banzer Suárez, no Departamento de Santa Cruz. Desde julho passado, a Promotoria faz pesquisas na fazenda em busca dos restos de Quiroga.
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Jurista anuncia que o nome de quem ordenou matar Espinal será revelado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU