Papa Francisco na Casa Branca, o cerimonial desatento

Mais Lidos

  • De uma Igreja-mestra patriarcal para uma Igreja-aprendiz feminista. Artigo de Gabriel Vilardi

    LER MAIS
  • A falácia da "Nova Guerra Fria" e o realismo de quem viu a Ásia por dentro: a geopolítica no chão de fábrica. Entrevista com Eden Pereira

    LER MAIS
  • "No rosto de cada mulher violentada, vemos o rosto Cristo Crucificado". Carta Dirigida aos Homens

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

21 Setembro 2015

Vocês se lembram da expressão embaraçada do Papa Francisco quando, em julho passado, recebeu das mãos de um comprazido presidente da Bolívia, Evo Morales, o presente de um crucifixo em forma de foice e martelo? No Vaticano, escreve Francis X. Rocca em uma reportagem do The Wall Street Journal, é forte a preocupação de que esses momentos de desconforto possam se repetir mais vezes durante a cerimônia de boas-vindas na Casa Branca para a iminente visita do pontífice.

A reportagem é de Dino Messina, publicada no jornal Corriere della Sera, 19-09-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

É verdade que os convidados são diversos milhares, mas não é por acaso que entre eles figura Mateo Williamson, líder de um grupo transgênero, a Ir. Simone Campbell, à frente de uma organização que não segue as indicações da Igreja sobre aborto e contracepção, e, por fim, Gene Robinson, ex-bispo da Igreja Episcopal de New Hampshire, abertamente gay, além de um dos primeiros homens a ter se casado com outro homem.

Não há dúvida de que Francisco é o papa que, mais do que qualquer outro, levou a Igreja a entender as razões dos "outros", dos divorciados, das mulheres que fizeram a escolha sofrida do aborto, dos homossexuais (o seu "Quem sou eu para julgar?" é um marco na história dos direitos).

Mas, justamente por isso, para evitar protagonismos, tentativas de selfie e polêmicas desnecessárias, era preferível uma maior atenção para o credo católico na escolha dos convidados à Casa Branca (e ao Congresso, onde o papa falará). Diz-se que o presidente Obama quer enfatizar os pontos de vista comuns sobre os temas do respeito ao ambiente e da abertura a Cuba, mas também quer marcar uma diferença sobre aborto, eutanásia, direitos dos gays.

Uma posição mais do que compreensível (e também compartilhável), mas que não tem nada a ver com o respeito pelas regras de um cerimonial. As mesmas que se observam durante a visita de um líder muçulmano ou de outra religião.