15 Mai 2015
Por ocasião do II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade, reunimos uma série de edições de Cadernos Teologia Pública que versam sobre o tema do evento.
(Para acessar ao Caderno na sua versão em PDF basta acessar ao link em cada título).
O êxito das Teologias da Libertação e as teologias americanas contemporâneas
José Oscar Beozzo, Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – CESEP
Resumo:
Desde o primeiro contato com os povos do Caribe e da América, os europeus que aqui chegaram foram assaltados por perguntas de caráter antropológico, político, social, religioso e, finalmente, teológico: “São eles humanos? Possuem uma religião? Qual o seu Deus?” As respostas podiam refletir profunda ignorância ou simplória convicção. Bem depressa, porém, perplexidades, impasses, resistências e confrontos trouxeram à tona a complexa realidade desse choque entre povos, culturas e religiões e as questões pastorais e teológicas ali imbricadas e que, até hoje, pesam na consciência e no caminhar do cristianismo latino-americano. Tomar, pois, a totalidade da realidade como sinal dos tempos e voz de Deus na história; situar a reflexão teológica na intersecção da fé com a esfera econômica, política, social; ler a realidade a partir dos últimos, dos mais pobres e excluídos, aos quais se revela o Deus da Vida, como a seus prediletos; abraçar sua causa e seus sonhos; e empenhar-se pela transformação da injusta realidade como parte essencial do seguimento de Jesus Cristo são alguns dos elementos que configuram o que se convencionou chamar de teologia da libertação.
Palavras-chave: Teologia da Libertação, América Latina, Cultura e Religião.
Vaticano II: a crise, a resolução, o fator Francisco
John O’Malley, Georgetown University
Resumo:
A situação atual oferece, para nós que estudamos o Concílio, um ensejo para dar um passo atrás e examiná-lo atentamente. Ao invés de refletir sobre cada um dos dezesseis documentos finais, como se faz habitualmente, sem levar em conta sua unidade de conjunto, podemos tomar fôlego e examiná-los como um corpus único e coerente, com uma mesma proposta no que se refere aos objetivos e aos valores cristãos fundamentais. Enquanto revisitamos o Concílio nessa perspectiva, tomaremos em consideração o evento da eleição de Jorge Mario Bergoglio, como Papa Francisco, ocorrido no dia 13 de março de 2013.
Palavras-chave: Concílio Vaticano II, Papa Francisco, conjuntura.
“Gaudium et Spes” 50 anos depois: seu sentido para uma Igreja aprendente
Massimo Faggioli, University of St. Thomas
Resumo:
Gaudium et Spes, um documento que ficou quase “esquecido” durante o pontificado de Bento XVI, é um dos documentos conciliares mais frequentemente citados pelo Papa Francisco. Não há muita dúvida de que a constituição pastoral é o documento-chave do Vaticano II para orientar nossa compreensão do Papa Francisco e sua relação tanto com o próprio Concílio quanto com o período pós-conciliar. Então, qual é o sentido dessa inversão, desse retorno da constituição pastoral do Vaticano II? Qual é o sentido de Gaudium et Spes para os teólogos e fiéis da “Igreja no mundo moderno” de hoje em dia, em um mundo que é significativamente diferente do mundo de 1965?
Palavras-chave: Gaudium et Spes, Concílio Vaticano II, Papa Francisco.
Contextualização do Concílio Vaticano II e seu desenvolvimento
João Batista Libânio, SJ.
Resumo:
O Concílio Vaticano II encerrou a longa etapa da Contra-Reforma e da neocristandade, modificando profundamente o clima da Igreja. A sua contextualização implica vários passos, entre os quais destacam-se neste artigo: alguns traços da Igreja da Contra-Reforma; realidades socioculturais que provocaram a crise desse modelo; a crise dentro da Igreja, provocada pela entrada da modernidade; fatores imediatos que decidiram sobre a convocação e a orientação do Concílio nos seus inícios.
Palavras-chave: Concílio Vaticano II, História da Igreja.
A historicidade da revelação e a sacramentalidade do mundo: o legado do Vaticano II
Sinivaldo S. Tavares, OFM, Instituto Teológico Franciscano - ITF, de Petrópolis, RJ.
Resumo:
Com o presente artigo, busca-se indagar as eventuais afinidades entre Dei Verbum e Gaudium et Spes. O fato de terem sido as duas últimas Constituições aprovadas em sede conciliar, por si só, constitui algo extremamente significativo. O processo de composição de uma e de outra recobre o inteiro arco da realização do Concílio. Sorveram, mais que os demais textos conciliares, a seiva daquele espírito de aggiornamento que andou caracterizando o Vaticano II e, por esta razão, são documentos que recolheram os melhores frutos produzidos durante aquela fecunda estação.
Palavras-chave: Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, Dei Verbum.
50 anos depois do Concílio Vaticano II: indicações para a semântica religiosa do futuro
José Maria Vigil, Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo (ASETT/EATWOT)
Resumo:
Hoje, torna-se curioso, quase nostálgico, recordar que, na hora de caracterizar “o mundo atual”, naquele distante 1965, um traço que a Gaudium et Spes destacava como surpreendente e inovador era ser uma época de mudanças e de mudanças aceleradas. “Já quase não é possível ao ser humano de hoje dar prosseguimento a essa história tão movimentada, nesta época de mudanças aceleradas”, dizia. E certamente aquele Concílio, por sua vez, introduziu na Igreja uma época acelerada de mudanças religiosas e pastorais.
As grandes intuições de futuro do Concílio Vaticano II: a favor de uma "gramática gerativa" das relações entre Evangelho, sociedade e Igreja
Christoph Theobald, Faculdade de Teologia de Centre-Sèvres, Paris, França.
Resumo:
A imagem do “gancho”, usada por Karl Rahner, nos permite compreender o desafio atual da recepção do Concílio Vaticano II. Em 27 de fevereiro de 1964 ele escreveu para Herbert Vorgrimler: “Voltei ontem de Roma, cansado. Mas lá sempre podemos nos esforçar para evitar o pior e para que, aqui e ali, um pequeno gancho seja suspenso nos esquemas para uma teologia futura”. “Aqui e ali, um pequeno gancho”, eis o potencial de futuro dos documentos conciliares; este potencial, hoje, só pode ser distinguido no diálogo com o nosso próprio diagnóstico do momento presente.
Há 50 anos houve um concílio... Significado do Vaticano II
Victor Codina, Universidade Católica de Cochabamba
Resumo:
O artigo é motivado pela preocupação de recuperar o significado do Concílio Vaticano II para que sua mensagem seja uma boa notícia para o mundo de hoje. O significado desse evento eclesial é evidenciado, incialmente, mediante uma contextualização da época pré-conciliar (liturgia, movimentos bíblico, patrístico, litúrgico, ecumênico, pastoral; nova sensibilidade social; figuras teológicas mais relevantes daquele momento) enquanto terreno fértil do Concílio e culmina numa. Num segundo momento, o artigo apresenta o Concílio enquanto tal, apresentando a figura de João XXIII e sua convocação para um aggiornamento da Igreja, uma visão sumária de algumas chaves de leitura do Vaticano II e a síntese final de Paulo VI, caracterizada como “uma espiritualidade samaritana”. Num terceiro momento, após um testemunho de vivências pessoais do Concílio, é feito uma exposição a respeito do pós-concílio, que abrange desde a “primavera eclesial” dos primeiros anos até o mal-estar dos últimos. O artigo conclui articulando a ideia de caos e kairós como expressão das possibilidades da ação do Espírito para o tempo de crise da Igreja nos últimos anos.
Palavras-chave: Concílio Vaticano II, Igreja, pós-concílio, João XXIII, Paulo VI.
Diálogo Inter-religioso: 50 anos após o Vaticano II
Peter C. Phan Georgetown University
Resumo:
Este ensaio apresenta um levantamento da teologia e da prática do diálogo inter-religioso na Igreja Católica Romana desde o término do Concílio Vaticano II em 1965. Estruturado em torno às perguntas “De onde viemos?”, “Onde estamos atualmente?” e “Para onde vamos?”, o texto parte de uma exposição sobre o olhar da Igreja Católica sobre as outras religiões antes da década de 1960, apresenta os acontecimentos mais notáveis nas relações da Igreja Católica com as outras religiões e as mudanças mais significativas na teologia das religiões dos últimos 50 anos, culminando numa indicação de direções e trajetórias para o diálogo inter-religioso nas primeiras décadas deste terceiro milênio cristão.
Palavras-chave: Igreja, Concílio Vaticano II, Dialogo inter-religioso, Religiões.
A espiritualidade humanística do Vaticano II. Uma redefinição do que um concílio deveria fazer
John W. O’Malley, Georgetown University.
"A palavra “humanismo” aparece três vezes nos documentos do Vaticano II, uma vez em sentido positivo e duas em sentido negativo. Portanto, esse termo é ambivalente e pode ter acepções incompatíveis com o catolicismo. Entretanto, se for entendido de maneira apropriada, ele é eminentemente compatível e um termo apropriado para indicar o ideal que o concílio propôs. Entendo que “humanismo”, aplicado ao concílio, indica uma ênfase na dignidade da pessoa humana como ser criado por Deus e redimido por Cristo, uma pessoa que, além disso, age a partir de convicção interior e passa sua vida em interação positiva com outros seres humanos. Minha outra tese é que essa ênfase humanística foi possibilitada porque o Vaticano II adotou uma certa forma de discurso, um certo estilo de falar que era radicalmente diferente do estilo de concílios anteriores. Sustento, portanto, que um aspecto indispensável da hermenêutica do Vaticano II consiste em uma grande atenção ao estilo retórico do concílio e que, se prestarmos atenção a esse estilo, perceberemos por que surgiu a ênfase na dignidade humana e na interação humana."
Palavras-chave: espiritualidade, humanismo, Concílio Vaticano II.
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O Concílio Vaticano II nos Cadernos Teologia Pública. Confira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU