Por: Caroline | 29 Setembro 2014
O presidente iraniano, Hassan Rouhani (foto), que se encontra em Nova Iorque nestes dias para participar da Assembleia Geral da ONU, visitará na sexta-feira pela manhã uma Catedral cristã dos Estados Unidos, onde se reunirá com os representantes das comunidades religiosas. O compromisso é um entre tantos na agenda de Rouhani em Nova Iorque; é a única ocasião na qual, justamente pela reunião nas Nações Unidas, o líder político do Teerã visita os Estados Unidos.
A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada por Vatican Insider, 25-09-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/BMNo2Z |
Desde os tempos da presidência de Mahmoud Ahmadinejad, a visita do presidente iraniano a Nova Iorque é uma das ocasiões mais importantes para que o Irã se dirija ao mundo. Há um ano, Obama, com um gesto histórico, ligou para Rouhani, inaugurando o contato direto entre os presidentes do Irã e dos Estados Unidos desde a crise dos reféns na embaixada em Teerã, 1979.
Agora, além dos encontros políticos na ONU e da ofensiva midiática nas grandes cadeias televisivas, também haverá um encontro inter-religioso na agenda do presidente iraniano. Na sexta pela manhã, Rouhani visitará a catedral de St. John the Divine, a sede da diocese episcopal de Nova Iorque; também haverá representantes de outras comunidades religiosas. Será um encontro a portas fechadas, que nem sequer foi anunciado no sítio da internet da histórica Igreja de Manhattan (o único traço, por agora, do encontro é uma indicação de que a igreja vai abrir as suas portas ao público até depois do meio-dia).
No atual clima internacional, duramente marcado pelo sectarismo religioso no Oriente Médio e pelos desequilíbrios regionais em movimento ao redor da Síria, o fato de que o presidente da República xiita dos aiatolás visite uma catedral cristã é notável. E indica também a importância para um país que aspira voltar a participar no jogo das relações internacionais. Ademais, mesmo a Arábia Saudita, a grande contrapartida sunita, fundou uma instituição como o Centro para o Diálogo Inter-religioso, com sede em Viena. De sua parte, os aiatolás têm todos os contatos que a Universidade de Qom, ponto de referência doutrinal para os xiitas, tem há muito tempo com muitas outras realidades cristãs, como o Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso. Além do fato de que a mesma República Islâmica do Irã tem relações diplomáticas com a Santa Sé.
Contudo, exatamente como com Riyadh, permanece a pergunta sobre quais consequências poderia ter esta situação na liberdade religiosa dentro do próprio país. Uma frente na qual a chegada de Rouhani, pelo menos no momento, não parece ter trazido novidades. Na última edição do Relatório Internacional sobre liberdade religiosa no mundo, que é publicado a cada ano pelo Departamento de Estados dos Estados Unidos, o Irã aparece entre os países que impõem severas restrições aos grupos religiosos que não pertencem ao grupo xiita.
E a ONG “Open Doors”, que também realiza um importante relatório sobre as perseguições contra os cristãos no mundo, situa o Irã no nono lugar entre os países mais duros conta os cristãos. A acusação é que não se tolera a presença dos cristãos para além das históricas minorias armênia e síria. A lei iraniana, efetivamente, proíbe aos cristãos a oração e a pregação na língua farsi, e isto afeta particularmente a comunidade dos cristãos evangélicos.
O caso mais conhecido é do pastor Saeed Abedini, um iraniano com cidadania estadunidense que se converteu do islamismo ao cristianismo e foi preso durante uma viagem ao Irã em 2012; ele foi condenado a 8 anos de prisão por “atentar contra a segurança nacional” e ainda se encontra recluso.
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Rouhani visita a catedral de Manhattan - Instituto Humanitas Unisinos - IHU