Por: André | 23 Setembro 2014
No próximo sábado, dia 27 de setembro, às 17h, o Papa chegará à Igreja do Gesù para celebrar as Vésperas por ocasião do bicentenário da restauração da Companhia de Jesus. É a quarta vez que Jorge Mario Bergoglio visita a Igreja mãe dos jesuítas em Roma.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 22-09-2014. A tradução é de André Langer.
A ordem foi fundada em 1540 por Inácio de Loyola e foi supressa pelo Papa Clemente XIV, em 21 de julho de 1773; no dia 08 de agosto de 1814, o Papa Pio VII a reconstituiu com a bula Sollicitudo omnium ecclesiarum. A supressão foi precedida por anos de humilhações e perseguições por parte das monarquias europeias e culminou com a expulsão dos jesuítas dos territórios de Portugal, França e Espanha na América. Durante os 41 anos de supressão, a Companhia de Jesus sobreviveu em pequenos grupos na Rússia e na Prússia.
“A dor que sofremos é justa, mas os excessos da nossa dor não são justificáveis”, escreveu o jesuíta mexicano Francisco Javier Clavijero, um dos jesuítas mais reconhecidos da época. Quais excessos? “Uma tristeza fatal que torna insuportável viver e impede o exercício das funções da racionalidade e do espírito [...], uma amargura habitual do coração que faz morder os instrumentos da Providência, um temor angustiante do futuro que impele o nosso ânimo para uma contínua inquietude, representando-nos uma série de males aos quais estamos expostos”, destacou o mesmo Clavijero em uma homilia pronunciada em 1773 em Bolonha, onde viria a falecer pouco depois.
O período da supressão foi objeto de muitos estudos históricos ao longo dos séculos. Mas o atual prepósito geral dos jesuítas, o espanhol Adolfo Nicolás, encomendou mais outros por ocasião do aniversário: “A palavra ‘reconstituição’, assim como a palavra ‘restauração’, possui, entre outras coisas, dois significados: reconstrução e reparação”, escreve o jesuíta Manuel Revuelta González no último número da revista italiana La Civiltà Cattolica. “Reconstruir significa criar novamente uma entidade que havia desaparecido completamente. ‘Reparação’ significa melhorar uma entidade deteriorada para evitar sua ruína. A restauração da Companhia em 1814 não corresponde propriamente a nenhum destes dois significados. Não é uma reconstrução, porque a Companhia nunca deixou de existir; e tampouco trata-se de uma reparação, porque a Companhia não foi suprimida por decomposição interna, mas por ataques externos. A restauração da Companhia deve ser entendida como a renovação ou a reanimação de uma existência que nunca havia desaparecido completamente: parece-se com uma chama fraca que arde sob as cinzas, ao broto que volta a nascer na árvore cortada. Algo parecido ao resto de Israel depois do cativeiro”.
Será a quarta vez que o Papa jesuíta vai visitar o complexo dos jesuítas: no dia 31 de julho de 2013, festa de Santo Inácio, celebrou ali uma missa (no dia 31 de julho deste ano, ao contrário, visitou a cúria geral dos jesuítas, perto do Vaticano); no dia 09 de setembro deste ano visitou o Centro Astalli que está ao lado da Igreja do Gesù e deteve-se na sepultura do histórico geral dos jesuítas Pedro Arrupe, que se encontra dentro da Igreja; em 03 de janeiro passado, celebrou outra missa de agradecimento pela canonização do santo jesuíta Pedro Fabro.
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O Papa celebrará o bicentenário da “restauração” dos jesuítas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU