Por: Cesar Sanson | 02 Julho 2014
"É preciso deixar claro para toda a sociedade o que acontece: manifestações tranquilas até que a polícia consegue provocar algo: incrível, eles se colocaram em frente a uma mesa onde professores da USP, um juiz, eu e um cara do movimento gay iríamos falar". O comentário é de Pablo Ortellado, professor da Usp, no facebook, sobre o ato realizado na noite dessa terça-feira, 01-07-2014, em protesto contra as prisões de ativistas sociais.
Eis o comentário.
Amigos, eu estava há uma hora e meia atrás na Praça Roosevelt no ato pela liberdade de Fabio Hideki e outros manifestantes que foram presos sem razão jurídica alguma. Fui convidado com algumas outras pessoas para falar. Cheguei por volta de 18 horas e fui até a mesa, onde os organizadores estavam terminando de montar a ordem das falas.
O ato estava formado por todo tipo de coletivos: sindicatos, advogados, movimento gay, uma galera pedindo liberdade de expressão, todo mundo pela liberdade dos rapazes. Por volta de 19 horas um grupo começou a tocar um bumbo e eu encontrei meus amigos: a escritora Vanessa Barbara, a mãe e o namorado dela, e a fotógrafa Fernanda Fiamoncini.
Havia uma quantidade impressionante de polícia cercando a praça: Tropa de Choque, Cavalaria etc. Ninguém chegava muito perto deles. De repente, um negócio me deixou pasmo: dois policiais sem identificação entraram no meio da manifestação e se colocaram na frente da mesa onde a gente iria falar! Um deles tinha uma câmera (bem obsoleta, parecia câmera de VHS) e ficava filmando o rosto das pessoas.
Repito: dois policiais entraram no meio da manifestação para intimidar o pessoal. Foi a mais ou menos três metros de onde eu estava. Aí um grupo ficou tenso e começou a gritar. Os dois policiais continuaram enfiando a câmera na cara das pessoas em clara atitude de intimidação e na verdade ainda uma outra coisa: para causar um incidente. Bastava que um jovem caísse ali na frente dele e um policial escorregasse para que os cavalos viessem em cima da gente.
Por sorte o ato estava bem organizado e não houve incidente. Dois advogados foram presos (pasmem!!) sem que houvesse qualquer tumulto. Vou repetir o que eu vi: o protesto era pacífico, não havia ninguém com o rosto coberto, não havia nada sendo depredado e a polícia de fato tentava a todo custo causar um incidente.
É isso que está acontecendo. Agradeço às pessoas que me convidaram: eu vi a três metros de mim que vocês estão apenas fazendo uma manifestação. É preciso deixar claro para toda a sociedade o que acontece: manifestações tranquilas até que a polícia consegue provocar algo: incrível, eles se colocaram em frente a uma mesa onde professores da USP, um juiz, eu e um cara do movimento gay iríamos falar.
Não podemos aceitar isso. A polícia serve para me proteger e não para tentar retirar a minha fala. Eu protesto: soltem os inocentes!
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“O que eu vi no ato na praça Roosevelt” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU