26 Junho 2014
Na data escolhida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para conscientizar o mundo sobre os problemas que afetam os refugiados, mais de 45 milhões de pessoas espalhadas por todo o planeta passarão mais um dia longe de suas casas por causa de guerras, conflitos armados ou violações massivas aos direitos humanos. Entre estas pessoas, 81% são acolhidas em países em desenvolvimento, uma cifra contraditória quando se tem em conta que dois dos três conflitos que mais produzem refugiados (Afeganistão e Iraque) foram iniciados por países desenvolvidos.
A reportagem é de Rafael Duque, publicada no portal Opera Mundi, 20-06-2014.
Segundo o último relatório da ACNUR (Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), divulgado em 2013, existem 15,4 milhões de refugiados (sendo 4,9 milhões de palestinos sob a responsabilidade da missão URNWA), 28,8 milhões de pessoas deslocadas de maneira forçada dentro das fronteiras de seus próprios países e quase 1 milhão de pessoas cujas solicitações de asilo estão pendentes de resolução.
A cifra é a maior desde 1994 e pode ser vista como consequência das situações de calamidade vividas no Mali, na República Democrática do Congo, na Síria e nas zonas de fronteira entre o Sudão do Sul e o Sudão. Segundo a ONU, o grande crescimento de refugiados é puxado por cidadãos desses países, mas, apesar disso, os três principais Estados de origem dos refugiados são o Afeganistão (2,5 milhões de pessoas), a Somália (1,1 milhão) e o Iraque (746 mil).
A América Latina também tem um representante entre os dez países que mais geram refugiados. O conflito armado na Colômbia obrigou 394 mil pessoas a deixarem o país e a buscarem proteção internacional em outros Estados. Em muitos casos os países geradores de deslocamentos forçados são os mesmos que mais recebem pessoas nesta condição, o que demonstra a dificuldade encontrada pelos refugiados em sua busca por um lugar para viver.
Gráfico 1: Entrada de estrangeiros sem documentos na União Europeia por rotas
Em espanhol: Rota Central, Rota Leste, Rota Balcãs, Rota Oeste |
Gráfico 2: Resoluções favoráveis e negativas para imigrantes na Europa
Gráfico 3: Solicitantes de proteção internacional na Espanha por nacionalidade
Países em espanhol na sequência: Mali, Síria, Argélia, Nigéria, Somália, Palestina, Paquistão, Camarões, Guiné e República Democrática do Congo |
Conflito sírio
A Síria continua sendo um dos grandes focos de atenção da ONU devido à extrema violência do conflito interno que já dura três anos. Segundo dados da ACNUR, mais de 9 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas, o que representa 42% da população nacional. Dentro desse grupo de pessoas, 6,5 milhões se deslocaram dentro das fronteiras sírias e enfrentam escassez de medicamentos, água potável e combustíveis. Os preços dos produtos considerados fundamentais para a subsistência quadruplicou ou quintuplicou desde o começo do conflito até o começo de 2014.
De 2012 a 2013, o número de refugiados sírios quintuplicou, chegando a 2,3 milhões de pessoas. A ACNUR calcula que até o final de 2014 esta cifra deve chegar a 4 milhões, metade dela menores de idade. A maior parte dos refugiados é acolhida pelo Líbano. Em dezembro de 2013, 850 mil sírios haviam fugido para o país vizinho, o que representa 20% da população libanesa. Entretanto, a legislação interna do Líbano proíbe a construção de acampamentos de acolhida a refugiados, apesar do número cada vez maior de pessoas que entram no país.
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Com pouca ajuda de países ricos, número de refugiados aumenta e atinge maior cifra desde 1994 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU