24 Junho 2014
Jonathan Bracha, imprime uma série de manifestos com os rostos dos três jovens israelenses (Eyal Yifrah, Gilad Shaar e Naftali Frenkel) desaparecidos desde o dia 12 de junho nas proximidades do assentamento hebraico de Gush Etzion, na Cisjordânia. Nenhum grupo palestino assumiu a responsabilidade pelo desaparecimento, mas Israel afirma que se trata de um sequestro do Hamas e está comprometido na busca dos rapazes na área de Hebron.
Foto: Abir Sultan - Epa
É preciso ver nos jovens sequestrados em Israel a vítima de uma ferocidade que, da Nigéria à Síria, despedaça os pequenos.
A análise é de Alberto Melloni, historiador da Igreja, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação de Ciências Religiosas João XXIII de Bolonha. O artigo foi publicado no jornal Corriere della Sera, 21-06-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Adin Steinsaltz – ícone da sabedoria de Israel, editor da edição príncipe do Talmud – saiu da sua reserva para pedir que se reze pelos três jovens israelenses de 16 anos sequestrados em Hebron na semana passada, em circunstâncias obscuras. A reivindicação desse gesto covarde não existe.
Abu Mazen defendeu diante de todos os países árabes a solidariedade dos palestinos nas buscas. A reação israelense é sustentada por esperanças e por presságios sinistros. Mas Steinsaltz fez bem em lembrar que três jovens desaparecidos não são um episódio, mas seres humanos: são Yaakov, Gilad e Eyal, pelos quais todos rezam pelo segundo sábado consecutivo.
Em Israel, muitas pessoas se perguntam por que Francisco não se uniu ainda a essa oração. É possível que o papa que, visitando o túmulo de Herzl, se inclinou sobre o vínculo teológico entre retorno para a terra, sionismo e fé judaica, não entenda o drama dessas horas? Não, não é possível.
Até porque esse gesto covarde é um desafio. O que Francisco viveu com Bartolomeu, Peres e Abu Mazen, na véspera do dia 8 de junho, foi o maior sucesso político da Secretaria de Estado desde a crise de Cuba de 1963. Foi o reconhecimento comum da necessidade dos crentes da Terra Santa de serem perdoados. Mas também foi a demonstração de que não servem as virtuoses do diálogo, mas sim a pureza de coração para desenvenenar a violência dos homens religiosos.
Não se via muita pureza naquelas vésperas. E isso – é um ponto fixo da espiritualidade bergogliana – desencadeou a reação do Mal, que reage quando se demonstra a perversa fragilidade. Os milhões que "conhecem" Francisco estão certos de que ele e as Igrejas vivem assim essa tragédia: e como sugere Steinsaltz, eles a leem com o Salmo 142 – "repenso os dias passados"; sabem ver nesses jovens a vítima de uma ferocidade que, da Nigéria à Síria, despedaça os pequenos.
Fazer com que isso seja ouvido em voz alta por Israel e pela Palestina que prendem a respiração por Yaakov, Gilad Eyal não é outra coisa: é apenas outro modo de dizer isso àqueles que estão sempre fechados à angústia do angustiado, à miséria do miserável, à prisão do prisioneiro.
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A oração do papa por Israel. Artigo de Alberto Melloni - Instituto Humanitas Unisinos - IHU