Por: Jonas | 29 Mai 2014
O popular economista francês, que ganhou fama por causa de seu livro “O Capital no século XXI”, no qual critica duramente o capitalismo, recebeu a maior reprovação por parte do jornal Financial Times, que afirma que seus cálculos sobre a desigualdade são errôneos. Contudo, Piketty (foto) não se calou e quis responder com uma dura advertência.
Fonte: http://goo.gl/bSFfpq |
A reportagem é publicada por El Economista America, 27-05-2014. A tradução é do Cepat.
“Segundo a averiguação do jornal Financial Times, o economista francês parece ter feito mal os seus cálculos... O volume de 577 páginas, de Piketty, contém uma série de erros que distorcem suas descobertas”, explica Chris Giles, editor do jornal britânico, em referência às estatísticas que o economista utiliza para provar sua principal tese, a de que a riqueza aumentou em maior velocidade do que o crescimento econômico, nos últimos 300 anos, com um forte aumento da desigualdade.
O jornal “encontrou erros e dados inexplicáveis em suas folhas de cálculo, semelhantes aos que foram encontrados, no último ano, dentro do trabalho sobre dívida pública e crescimento, dos professores Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff”. Segundo explica o texto, “a pesquisa aponta que há pouca evidência nas fontes originais utilizadas pelo professor Piketty, a partir das quais tenta mostrar o crescimento da riqueza dos mais ricos”.
Piketty responde
No entanto, o “Karl Marx” do século XXI, como foi apelidado pelo The Economist, não ficou calado. Em uma carta-resposta ao jornal britânico, divulgada pela BBC Mundo, Piketty defendeu suas conclusões. “Temos que trabalhar com a informação que há, que é muito heterogênea: dados sobre a herança, a propriedade, escassa informação sobre a propriedade e riqueza e as declarações de impostos”.
“É preciso fazer ajustes nesses dados, além disso, para homogeneizar as comparações entre diferentes países. De fato, é possível que minha estimativa da concentração da riqueza seja conservadora e que, na realidade, seja pior do que medi”, adverte o economista, de 35 anos, que disse que a crítica do Financial Times é ridícula e desonesta.
Além disso, em uma entrevista à agência France Presse, divulgada pelo jornal The Guardian, Piketty afirma que não tem “nenhuma dúvida” de que seus dados “podem melhorar e que melhorarão no futuro”, mas que ficaria muito surpreso se “algumas das conclusões de fundo, sobre a evolução da desigualdade, fossem gravemente afetadas” por essas descobertas.
Foi limitado em suas conclusões?
Piketty não só foi criticado pela direita, também há quem opine que, na realidade, o economista subestimou a desigualdade ao utilizar um cálculo muito conservador da riqueza em paraísos fiscais.
Em sua obra, o economista francês se baseia nos dados de outro pesquisador da Paris School of Economics, Gabriel Zucman, que estima que a riqueza escondida nos paraísos fiscais seja de 8 trilhões de dólares. No entanto, este estudo se baseia nos dados disponíveis em estudos macroeconômicos, como a balança de pagamento, por exemplo, e que inclui apenas ativos financeiros (deixa de fora outro tipo de riqueza, como iates ou obras de arte, entre outros).
Dentre aqueles que pensam a limitação de Piketty, está James Henry, professor do Centro para o Investimento Internacional Sustentável, da Universidade de Columbia. Segundo explicação dada a BBC Mundo, na realidade, há “21 bilhões de dólares ocultos em paraísos fiscais. A metade desta soma está nas mãos das 91.000 pessoas mais ricas do mundo, 0,001% da população mundial, que controla um terço de toda a riqueza mundial. Todavia, para além deste erro sobre a quantidade e o crescimento desta riqueza oculta, que o próprio Piketty admitiu, os questionamentos que lhe foram feitos são triviais, critica Henry.
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A defesa de Thomas Piketty. “É possível que a realidade seja pior do que medi” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU