12 Março 2014
O clima de guerra na base aliada na Câmara dos Deputados permanece, mesmo com as reuniões individuais que a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) fez nesta terça-feira na Liderança do Governo na Casa. Sem condições políticas para qualquer votação, o governo decidiu nem arriscar votar o projeto do Marco Civil da Internet e tentou trabalhar para esvaziar o quorum da sessão e impedir a votação do requerimento de criação da comissão externa para investigar denúncias contra a Petrobras - aprovada na noite desta terça-feira. Os líderes recomendaram que o melhor é não votar nada, por enquanto.
"A situação na base continua insegura. Vamos apresentar uma questão de ordem afirmando que a comissão externa sobre a Petrobras não tem motivo, já que nem na Holanda está sendo feita investigação sobre a estatal" disse o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), antes da decisão pela aprovação da comissão.
Ele alfinetou ainda o PMDB e a oposição:
"Vão fazer o quê lá? Passear? Não é de bom alvitre!"
A reportagem é de Isabel Braga e Cristiane Jungblut, publicada pelo jornal O Globo, 12-03-2014.
Mais cedo, enquanto Ideli ouvia os líderes individualmente, os líderes da base conversavam sobre o clima tenso. O PMDB não participou da reunião de líderes da base aliada.
"A reunião não foi sobre a pauta, foi politica. Nunca vi tanto homem cobrando DR (discutir a relação) com o governo. Todos levantaram os problemas o que cria um meio de cultura para que alguns façam coisas como obstruir votações, votar requerimentos de convocação. Não podemos ficar reféns de um jogo raso que não é benéfico à sociedade, mas é preciso que o governo abra o diálogo e escute os líderes. Enquanto isso, não dá para arriscar votar um projeto importante como o do Marco Civil da Internet. O governo tem que esvaziar esse meio de cultura (de insatisfações)", afirmou a líder do PC do B, Jandira Feghali (RJ).
Os líderes aliados deixaram a reunião criticando o governo.
"O governo tem que entender que a pauta hoje não é de projeto, é a pauta da eleição. Mercadante diz que primeiro os partidos têm que voltar para a base e votar os projetos de interesse do governo, mas entendemos que é o governo quem tem que fazer um primeiro gesto", criticou o deputado Luciano de Castro (PR-RR), que participou da reunião.
Emendas parlamentares
Ontem, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) se encontrou com a cúpula do PR. Na reunião, uma das irritações dos líderes foi em relação às emendas parlamentares. Segundo os líderes, além de não cumprir o compromisso de liberação de emendas do ano passado, houve erro por parte de alguns ministérios na prioridade estabelecida para as emendas parlamentares do orçamento impositivo deste ano.
"O PT sempre apoiou o governo, mas na circunstância atual não se sente bem. A maioria dos problemas é em relação à relação com a bancada governista. Não é só cargo, é a quebra da relação de confiança. Assumem compromissos e não cumprem", criticou o deputado Giacobo (PR-PR).
Ideli deixou a reunião sem falar com a imprensa. Disse que teria um compromisso no Planalto, mas que voltaria à tarde para conversar com os líderes na Câmara.
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Com clima tenso na Câmara, governo decide nem arriscar votar projeto do Marco Civil da Internet - Instituto Humanitas Unisinos - IHU