Divorciados em segunda união e a doutrina sobre a moral sexual, chaves nas respostas ao questionário

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Por: Jonas | 08 Fevereiro 2014

As posições da Igreja católica em matéria de divórcio e contracepção suscitam críticas dos fiéis, segundo as respostas do questionário do Vaticano sobre os desafios da família, tema de um consistório previsto pelo Papa, daqui a duas semanas.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 07-02-2014. A tradução é do Cepat.

Oito meses após sua eleição, o pontífice argentino Francisco lançou, em novembro, uma consulta mundial sobre a evolução da família moderna, por meio de um questionário enviado aos bispos de todo o mundo, no qual se abordavam temas tabus como o casamento homossexual, as uniões de fato, o divórcio e a natalidade.

O documento incluía um questionário com 38 perguntas, propondo aos bispos que respondessem questões vetadas à Igreja católica até o momento, embasado em respostas tanto de fiéis como de párocos.

As numerosas respostas são compiladas, atualmente, pelo Vaticano e é possível que o tema seja abordado durante a assembleia de cardeais ou consistório que ocorrerá nos dias 20 e 21 de fevereiro.

De qualquer forma, o documento preparatório, que segundo a tradicional metodologia da Igreja deve refletir as várias visões dos crentes sobre temas delicados e de grande atualidade que atingem a família, será debatido amplamente durante o sínodo ou assembleia de bispos, que ocorrerá em outubro de 2014.

Enquanto nos países desenvolvidos o questionário foi recebido com grande interesse, nos países do sul do mundo, em especial da Ásia e África, gera desconcerto, dado que alguns dos temas tratados resultam quase proibidos, explicaram fontes religiosas.

As respostas provenientes dos católicos da Alemanha e Suíça irão cair como um balde de água fria sobre os setores mais conservadores, já que nelas se pede a retirada de anátemas doutrinais lançados por João Paulo II e Bento XVI.

Segundo uma pesquisa pública feita pela igreja suíça, baseada em 23.636 respostas, a maioria dos consultados, dos quais 90% se declararam católicos, “espera que a Igreja reconheça e abençoe os divorciados em segunda união” e permita que eles comunguem, algo proibido até agora.

Além disso, 60% “aprovam que a Igreja reconheça os casais homossexuais” e uma boa maioria (80%) considera que o casamento religioso é sumamente importante para o casal, o que denota uma “diferença” de visão entre gerações e inclusive entre sexos, explicaram os bispos locais.

A Igreja alemã realça, por outro lado, a falta de respeito das regras por parte da maioria dos católicos e assegura que a convivência é um fenômeno “quase universal” entre os jovens, já que consideram “irresponsável” se casar antes de constatar a solidez da relação.

Também criticam a anulação do casamento católico, seu alto custo e até a falta de “misericórdia” por parte da Igreja diante dos problemas do casal que a solicita, submetido a uma dolorosa peleja.

Na América Latina, alguns religiosos temem que o questionário não reflita a realidade do mundo católico por temor à censura por parte das instituições internas da Igreja.

Temas como o aborto, o casamento homossexual e a anulação do casamento católico estão em discussão em quase toda a região, que tem o maior número de católicos do mundo.

Além disso, os presidentes da República latino-americanos, em grande parte, são divorciados em segunda união, razão pela qual por ocasião das visitas oficiais ao Papa, no Vaticano, são recebidos sem a segunda esposa por exigências da Santa Sé, algo que resulta para muitos fiéis uma hipocrisia.

Outro tema importante é a sexualidade e a contracepção, que para muitos católicos são assuntos para os quais a Igreja não deve impor normas, segundo comentava em uma entrevista o bispo Pierre Marie Carré, da conferência francesa.

Após o Sínodo extraordinário de 2014, será realizado em 2015 um sínodo ordinário, que poderá adotar medidas revolucionárias para a Igreja católica, embora muitos recordem que Francisco, quando era arcebispo de Buenos Aires, tinha posições conservadoras e foi um ferrenho inimigo do casamento gay.