13 Janeiro 2014
Dom Orlando B. Quevedo, de Cotabato, nas Filipinas, recém-nomeado cardeal pelo Papa Francisco, defendeu e projetou as estruturas pastorais das igrejas da Ásia mais do que qualquer outro.
Como participante ativo e ex-secretário geral da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas, Dom Quevedo desempenhou um papel influente no desenvolvimento pastoral das igrejas asiáticas em décadas recentes. Ele é enormente respeitado entre seus pares na Ásia. Em 1994, com o maior número de votos da história da Igreja na região, Dom Quevedo se elegeu como membro do Conselho Geral da Secretaria do Sínodo dos Bispos, em Roma.
A reportagem é de Thomas C. Fox e publicada por National Catholic Reporter, 12-01-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
A nomeação de Dom Quevedo claramente reforça a opinião do papa relativa à Igreja nas Filipinas e, com isso, acrescenta à já poderosa influência pastoral do cardeal Luis Antonio Tagle, de Manila, quem, com certeza, foi influente na nomeação. Esta nomeação tem um significado especial porque é a primeira vez que o arcebispo da ilha de Mindanao, no extremo sul das Filipinas, é feito cardeal.
Ao longo dos últimos 40 anos, os escritos da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas têm estado alinhados, de forma consistente, com os ensinamentos do Concílio Vaticano II em seus esforços para a construção de Igrejas locais vitais em toda a Ásia.
Tendo Dom Luis Antonio Tagle e, Dom Quevedo, 74 anos, agora ambos como cardeais, o país asiático com a maior população de católicos está solidamente nas mãos de líderes que defendem a necessidade de se construir uma Igreja dos pobres.
Para se ter ideia da importância da nomeação de Dom Quevedo, é preciso compreender o lugar da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas da qual ele foi secretário geral até 2011.
O padre James H. Kroeger, missionário de longa data e um dos mais atentos observadores das Igrejas asiáticas, recentemente disse que a Federação das Conferências Episcopais Asiáticas era o “organismo mais influente na Igreja asiática desde o Vaticano II”.
“A Federação das Conferências afirma que o caminho para Igreja no continente asiático, a fim de verdadeiramente descobrir sua própria identidade, é continuamente se engajar num diálogo com três atores: com os povos asiáticos, especialmente os empobrecidos [desenvolvimento integral], com as culturas asiáticas [inculturação] e com as religiões asiáticas [diálogo inter-religioso].
Esta visão pragmática de um ‘diálogo triplo’ tem orientado, construtivamente, a Federação das Conferências Episcopais Asiáticas por mais de três décadas. Em um palavra, pode-se afirmar que esta federação está verdadeiramente ‘dando continuidade ao Vaticano II’”.
Frequentemente, bispos nas Filipinas e de toda a Ásia enviam propostas de textos para Dom Quevedo sobre diversos assuntos, tais como terrorismo, migração, pobreza e a eucaristia como construtor fundamental comunitário.
O diálogo triplo tem sido um conceito fundante da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas. Eis como Dom Quevedo recentemente o descreveu:
“Este diálogo (…) encontra-se no coração da visão de Igreja em que a Federação das Conferências aspira se tornar. A Igreja na Ásia esforça-se para se inculturar na Ásia, para se enraizar na Ásia, para se encarnar na Ásia. Ao mesmo tempo, a Igreja considera a tarefa do diálogo inter-religioso como imperativo pastoral na jornada comum dos povos asiáticos para o Reino de Deus. Finalmente, em um continente de pobreza em massa, a Igreja precisa estar em diálogo com os pobres, de forma que, como uma Igreja dos Pobres, ela possa ser um humilde servo dos povos locais e anunciar – com credibilidade e eficácia – o Evangelho de Jesus, nosso Senhor e Salvador”.
Nos últimos anos, com as nomeações do Vaticano para bispos asiáticos tendo grande proximidade com Roma, algumas das inovadores iniciativas pastorais da Federação das Conferências forma silenciadas. Agora isso parece estar mudando e a nomeação de Dom Quevedo como cardeal significa que tanto a Ásia quanto a Igreja, de forma geral, irá se beneficiar de seus insights pastorais aguçados.
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Novo Cardeal das Filipinas é o arquiteto da pastoral das Igrejas da Ásia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU