Por: Cesar Sanson | 11 Novembro 2013
A análise da Conjuntura da Semana é uma (re)leitura das Notícias do Dia publicadas diariamente no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, parceiro estratégico do IHU, com sede em Curitiba-PR, e por Cesar Sanson, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, parceiro do IHU na elaboração das Notícias do Dia.
Sumário:
O mal-estar que vem das ruas
Ressentimento e indignação
Mutismo da política
Limites do modelo neodesenvolvimentista
Periferia. Polícia chega antes que políticas públicas
A esquerda não sabe lidar com o movimento
Conjuntura da Semana em frases
Eis a análise.
Ressentimento e indignação
Um mal-estar vem das ruas. Quando menos se esperava e quando muitos pensavam que a ‘questão social’ estava bem encaminhada e até mesmo resolvida – mobilidade social crescente de milhares para cima –, as ruas dão o recado que as coisas não estão bem.
Um caldo de ressentimento percorre as ruas. Algo estava encoberto sob a superfície. Algo como: ‘eu fiquei de fora, agora eu quero o meu’, comenta o sociólogo Werneck Vianna. Há um clima de frustração dos que não se sentem incluídos na sociedade de consumo, dos milhares que trabalham em empregos precários, dos que estudam e trabalham e precisam se deslocar nas metrópoles carrocentristas, mas também dos que não estudam e não trabalham e se dão conta de que o prometido atalho à sociedade de consumo não chegará pela educação e menos ainda pelo emprego de salário mínimo.
Ao ressentimento junta-se também a indignação pelo não acesso, ou acesso restrito, a serviços importantes como saúde, educação, saneamento, moradia, transporte público... esse último estopim das manifestações de junho – “O Brasil cresceu muito rápido, teve êxitos consideráveis, mas este Estado não foi capaz de oferecer cidadania”, diz Werneck.
O mal-estar das ruas sinaliza que o modelo de inclusão via mercado de consumo – a aposta lulista/dilmista – se tornou insuficiente. Segundo Werneck Vianna, “duas décadas de uma política que hipotecou a sorte do moderno à modernização (...) obstou o acesso à participação política dos filhos dos seus próprios sucessos econômicos, recomendando-lhes que usufruíssem as delícias do consumo. A recomendação valia para todos, mas o desfrute, é claro, teria de ser duramente diferencial”.
Por toda parte diz o sociólogo, “larva a síndrome do ressentimento, especialmente nos jovens e em todos os que não se sentem reconhecidos em seus direitos e identidades, a sensação de uma exclusão injusta porque, embora se sintam formalmente convidados pelas nossas instituições e pelo discurso oficial a participar do festim dos êxitos da modernização econômica do País, esbarram na estreiteza das portas que dão acesso a ele”.
O mutismo da política
Frente ao ressentimento e a indignação do mal-estar que vem das ruas, o mundo da política – os governos estaduais, o Palácio do Planalto, os partidos e até mesmo movimentos sociais conhecidos –, olham com perturbação e certa incredulidade para o que acontece. Um fosso se abriu entre as ruas e a representação política e institucional. Como afirma o sociólogo Werneck Vianna os nossos políticos "não aprenderam nada, nem esqueceram nada com as jornadas de junho".
Depois de um átimo em que foram sacolejados pelas ruas, retornaram ao lugar comum do fazer político em seus conchavos, articulações e alianças que não levam em conta o ruído de baixo.
Tomaram um susto diz Francisco de Oliveira. Comenta o sociólogo: “Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo. Isso é que é importante. Esse objetivo foi cumprido. Eu falava que era inédito porque a sociedade brasileira é muito pacata. A violência é só pessoal, privada, o que é um horror. Quando vai para a violência pública, as coisas melhoram. Esse é o resultado que nos interessa: um estado de ânimo da população que assuste os donos do poder".
Os donos do poder se assustaram, mas ficou nisso. A presidente Dilma retornou ao papel de gerente do PAC. É incapaz de gestos mais ousados. Como afirma Francisco de Oliveira, “gerente é o antípoda da rebeldia”. Na opinião do sociólogo, “uma gerentona que sabe administrar. É péssimo. O Brasil não precisa de gerentes. Precisa de políticos que tenham capacidade de expressar essa transformação e dar um passo a frente”.
Os partidos, por sua vez, não estão nem aí. Até mesmo quem se anunciava como novidade na política optou por caminhos tradicionais ao se aliar com quem se diz socialista, mas ao mesmo tempo corteja abertamente o agronegócio. O PT que já foi o partido das ruas se preocupou muito mais com o seu Processo de Eleição Direta - PED, que reproduz os velhos vícios da política tradicional, do que o esforço em interpretar e dar respostas às ruas.
Um subproduto das ruas, a Reforma Política, depois de solenemente anunciada virou pó. Em menos de 48 horas, a proposta de Assembleia Constituinte virou Plebiscito, transitou para Referendo e sumiu da agenda política do executivo e do Congresso.
A política brasileira tem se transformado na arte do silêncio, diz Vladimir Safatle. “Arte de passar em silêncio sobre democracia direta, como pagar dignamente professores, como implementar uma consciência ecológica radical, como quebrar a oligopolização da economia, como taxar mais os ricos e dar mais serviços aos pobres. Mas também a arte de tentar silenciar descontentes (...) Nesse contexto de mutismo, a violência aparece como a primeira revolta contra a impotência política”, afirma Safatle.
No geral os governantes “reduziram o tom da soberba, da certeza de suas eleições e popularidades, tidas por garantidas, mas não fizeram quase nada. Assustaram-se. Desfilaram promessas e complacência por um lado, e por outro determinaram a mais dura repressão às ruas”, destaca Bruno Cava.
Em vez de aproveitarem a onda como destaca Giuseppe Cocco, e radicalizarem a democracia, os governantes se colocaram mais contra ela do que a favor. Em vez de procurarem compreender o recado das ruas, os poderes instituídos sugerem enquadrar os que nela estão.
A esquerda não entendeu o movimento. Segundo Safatle, “ao perguntarmos sobre o que pode significar a constância, cada vez maior na política brasileira, de fenômenos violentos como esses, duas grandes explicações são fornecidas”. A primeira, diz ele, e “mais clássica gostaria de nos levar a acreditar que estaríamos diante de simples atos de vandalismo, normalmente feitos por jovens proto-delinquentes inebriados por seus delírios narcísicos de onipotência e infiltrados em meio a manifestantes de boa vontade”. A segunda continua o filósofo “é o mero resultado da inversão de sinais, fornecendo-nos uma visão romanceada daqueles que responderiam à violência policial com uma violência legítima”. Melhor seria, entretanto, diz “se procurássemos analisar tal violência como um profundo sintoma social da vida política nacional contemporânea”. Uma resposta ao mutismo da política.
Para Safatle, “já há algum tempo, a política brasileira tem expulsado muita coisa de seu interior. Tendendo, cada vez mais, a se limitar a discussões gerenciais sobre modelos relativamente consensuais de gestão socioeconômica (vide o debate recente sobre o dito ‘tripé econômico’, do qual ninguém parece discordar), ela perde a possibilidade de mobilizar populações por meio de alternativas não testadas e que ainda contenham um forte potencial criativo”. Assim, conclui, “ela [a política] perde também a capacidade de acolher demandas que, mesmo sendo urgentes, sempre colidem com boas justificativas tecnicistas para serem deixadas para mais tarde”.
Limites do modelo neodesenvolvimentista
O mal-estar das ruas indica que há problemas com o modelo neodesenvolvimentista. Na análise de Ivo Lesbaupin, “os governos do PT indubitavelmente deram mais atenção ao social que os governos anteriores, como o aumento real do salário-mínimo e o programa Bolsa-Família, e reduziram fortemente o desemprego. A política externa é mais independente e também solidária com os governos progressistas de outros países da América Latina. E poderíamos citar uma lista de avanços ocorridos nos últimos dez anos, avanços que devem ser mantidos e devemos apoiar”.
Porém, diz ele, “se examinarmos mais de perto, o que nos impressiona não são as diferenças com os governos anteriores, são as semelhanças – cada vez maiores, à medida que o tempo passa”. Segundo o sociólogo, “o governo FHC é considerado uma ‘herança maldita’, mas a política econômica que privilegia o capital financeiro permanece de pé: os bancos tiveram mais lucros nos governos do PT do que antes”.
Segundo Lesbaupin, “não foi feita nenhuma reforma estrutural nas estruturas geradoras da desigualdade no país, no entanto, foram feitas reformas estruturais para atender aos interesses do capital, como a reforma da previdência do setor público, aprovada no primeiro ano do governo Lula”.
Para o professor da UFRJ, “se queremos saber para quem o governo trabalha, temos de examinar o orçamento realizado: para onde estão indo os recursos? Os recursos do país são destinados fundamentalmente ao pagamento da dívida pública, interna e externa, e de seus juros”. Continua ele: “O orçamento realizado de 2012 mostra que 44% do nosso dinheiro foi usado para os juros, amortização e rolagem da dívida, enquanto que apenas 5% para a saúde e 3% para a educação. Em suma, o destino de quase metade do orçamento é a pequena camada mais rica do país – que são aqueles que recebem os juros da dívida -, além dos credores externos. Cada décimo de aumento dos juros pelo Banco Central significa maiores ganhos para os que já são muito ricos”.
Portanto, conclui, “o primeiro setor cujos interesses são atendidos é o capital financeiro (bancos e investidores financeiros), o segundo setor cujos interesses são atendidos é constituído pelas grandes empreiteiras e há ainda um terceiro setor que tem recebido muito apoio do governo: o agronegócio. O governo ajuda a agricultura familiar, sem dúvida, mas a proporção é de 90% para o agronegócio e 10% para a agricultura familiar”.
Para Ivo Lesbaupin é uma ironia atribuir às ruas a ameaça de um retorno da direita. "O que traria a volta da direita?", pergunta. "Privatizações? Leilões do petróleo? de áreas do pré-sal? Avanço do agronegócio? Usinas hidrelétricas na Amazônia? Perda de direitos dos povos indígenas? Tropas militares para enfrentá-los? Código Florestal? Plantio de transgênicos? Aumento do uso de agrotóxicos? A não realização da reforma agrária?" E responde: "Tudo isso está sendo feito por este governo".
Segundo o professor da UFRJ, "existe uma direita mais à direita que este governo, sem dúvida”. Para Lesbaupin esse governo “tem certamente várias políticas louváveis, faz o enfrentamento da pobreza, reduz a miséria, melhora a capacidade de consumo dos pobres com mais crédito”. O problema diz ele, é que “não muda as estruturas geradoras da desigualdade social e, por isso, continua transferindo a maior parte da renda e da riqueza do país para os mais ricos do país e do mundo. E entregando nossas riquezas naturais para o setor privado e as multinacionais. Isso mostra claramente a quem este governo serve em primeiro lugar”.
Na opinião de Paulo Nogueira, pela ótica da esquerda, mais especificamente a esquerda petista, as ruas cometem um pecado mortal, “não dobram os joelhos para reverenciar os avanços sociais realizados pelo PT nos últimos dez anos, na verdade, acham que os avanços foram muito menores do que poderiam e deveriam ser”.
Falando dos Black blocs, diz ele que não é tão difícil assim enxergar os motivos da revolta desses jovens. Comenta: “Veja o que está acontecendo com os índios sob Dilma. Ou o que ocorreu a tantos pobres que tiveram o azar de construir seu casebre num local marcado para receber obras da Copa do Mundo. Agora preste atenção no garoto de 17 anos da Zona Norte de São Paulo que antes de morrer ainda teve tempo de perguntar ao PM que o assassinou por que atirou (...) Quem está cuidando dessa gente toda?”. Segundo ele, “um governo popular tinha que fazer mais”.
Para Perry Anderson as ruas “levantaram a questão da distribuição escandalosamente distorcida das despesas públicas no Brasil”.
O mal-estar das ruas de que nem tudo está bem já vem se manifestando faz tempo. As análises publicadas pelo IHU/CEPAT reiteradamente afirmam os limites do modelo neodesenvolvimentista. Entre tantas, no dia 22 de janeiro, publicávamos a análise de conjuntura intitulada “2013: Uma agenda regressiva? O ano dos movimentos sociais?”
Comentávamos na época: “O ano de 2013 anuncia mais do mesmo. O foco central permanece na economia como meio e fim na estratégia governamental de inclusão social. A concepção do modelo em curso sugere a inclusão via mercado. Já não se trata de um modelo de transformação, via reformas estruturais, mas de aderência à lógica produtivista-consumista e mitigação da pobreza via programas e políticas sociais compensatórias”.
Na mesma análise dizíamos que “o cenário para 2013 é o de uma agenda regressiva na área social” e afirmávamos que “a ausência, entretanto, das demandas sociais na agenda do governo ou o tratamento tímido que é dado a essas temáticas, pode desaguar numa retomada das lutas sociais”. Concluíamos com a afirmação que “2013 sinaliza para o ascenso das lutas sociais”. Cinco meses depois, grandes manifestações tomavam conta das ruas.
Polícia chega antes que políticas públicas
A violência dos Black Blocs, por outro lado, trouxe à tona a escalada da violência praticada pelo Estado em sua versão armada - as polícias militares, particularmente nas periferias das grandes metrópoles. O que aconteceu com Amarildo e o que aconteceu com o jovem adolescente Douglas Rodrigues são faces de uma mesma moeda.
“Travestidas como acidentes, o fato é que a violência e a morte tem uma estranha predileção etária, étnica, social e geográfica: as vitimas são sempre jovens, negros ou pobres e moradores de periferias”, afirma Douglas Belchior.
Os jovens de periferia, comenta Renato Rovai “não querem mais ver irmãos, parentes, amigos, colegas ou apenas conhecidos, serem enterrados porque cometeram o crime de terem nascido, em geral negros, e viverem nas periferias. Eles estão dizendo chega. E a nossa democracia, sim, democracia, não tem dado conta de resolver esse problema. E eles perderam o medo de perder a vida se necessário for para mostrar que não irão bovinamente para covas rasas de cemitérios. Assassinados por polícias que deveriam preservar suas vidas. E vitimados por um Estado que não lhes garante futuro e nem paz”.
A força bruta chega antes que as políticas públicas. Ilustrativa a entrevista de José Cláudio Alves para o IHU analisando o caso das Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs. Comenta que as UPPs camuflam a violência e a sua versão social praticada é ridícula. Segundo ele para alterar a atual situação das favelas “é preciso investigar a constituição dessas comunidades, como atuam, qual é o grau de escolaridade, de saúde, de urbanização, de acesso à cultura que elas têm, e não só falar de ‘culturazinha’, de bater lata, de dançar, de tocar violino para dizer que os moradores são cultos. Essas ações são inúteis. Tem de fazer um conjunto de ações que elevem essas pessoas a outro patamar de cidadania, de atuação política, cultural e econômica, a qual tenha condições de se confrontar com essa estrutura criminosa que se perpetua”.
O ataque aos símbolos do capitalismo e aos prédios do Estado promovido pelos Black blocs e também por jovens que se reúnem em grupos diversos também podem ser interpretados como ressentimento daqueles que não se veem inseridos no sistema e contra um Estado, que do qual conhecem apenas o seu truculento braço armado.
A esquerda não sabe lidar com o movimento
O mal-estar que vem das ruas pode ainda ser interpretado pela confusão que criou na esquerda. Trata-se de um novo tipo de movimento que foge aos esquemas tradicionais. A esquerda fordista – hierarquizada, padronizada – estranha a ausência de pautas claras, de lideranças definidas, da ‘ação coletiva’ caótica.
Um líder sindical num debate – no encontro da Abet (Associação Brasileira de Estudos do Trabalho) em outubro em Curitiba – afirmou que as manifestações sindicais, a passeata, obedecem a uma lógica. O início é o momento da concentração, da aglutinação; o meio é momento propagandístico das reivindicações e o final é o lugar das falas dos dirigentes.
Esse esquema as jornadas de junho implodiram. Os protestos de junho apresentam uma nova configuração que oscila entre processo e resultado.
Como destaca Pablo Ortellado a grande novidade é que temos assistido “o nascimento de movimentos horizontais na forma de organização e autônomos em relação a partidos e instituições. Esses movimentos frequentemente valorizam mais o processo do que o resultado: é o meio pelo qual atuam, a horizontalidade, a democracia direta, assim como a criatividade das suas ações, que dão a eles sabor e sentido. As lutas são ao mesmo tempo experiências vivas de uma democracia comunitária e espaço de autoexpressão contracultural”.
Segundo ele, “a dupla vitória de reduzir o custo das passagens e trazer para a centralidade do debate político a tarifa zero por meio de uma ação autônoma com uma estratégica clara é o mais importante legado dos protestos de junho”.
Para o ativista e professor na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP “não se trata apenas um novo paradigma para as lutas sociais no Brasil, mas um modelo de ação que combina a política horizontalista e contracultural dos novos movimentos com um maduro sentido de estratégia".
Em sua opinião, “durante muitos anos, os novos movimentos viveram sob uma tensão entre processo e resultado. A experiência dos protestos de junho deixa dois legados opostos: o da mais extrema dispersão processual e o da fértil conjugação de processo e resultado na luta contra o aumento”.
Estamos diante de uma bifurcação afirma Cocco. Para ele, as jornadas de junho apresentam algumas lições: “A primeira [lição] é que nenhuma das formas tradicionais de organização, sejam elas partidárias, sindicais ou de movimentos organizados, sabe lidar com essa nova dinâmica. A segunda lição, comenta, “é entender antes de fazer críticas ou constatações de desqualificação, de apologia, até criminalizadoras às vezes”. A terceira lição conclui “é que as formas representativas, sobretudo os partidos, quando participam de algum momento da dinâmica de governo, ou se abrem para a onda entrar ou vão ser deslegitimados”.
As jornadas de junho não terminaram. O mal-estar das ruas menos ainda.
Conjuntura da Semana em frases
Seleção de frases extraídas das “Frases do dia” publicadas diariamente no sítio do IHU. Frases publicadas entre os dias 24 de outubro a 08 novembro de 2013:
Natural
"Sem fazer qualquer juízo de valor, é da natureza do capitalista sacrificar empregos em busca da rentabilidade" – Luciano Coutinho, presidente do BNDES – O Estado de S. Paulo, 09-11-2013.
Aproximação
“Hoje, a probabilidade maior é de a presidente Dilma Rousseff ser reeleita. Na medida em que as pessoas se convencerem de que a probabilidade maior é a da reeleição, fica mais fácil a aproximação. É preciso desmontar essa ideia de que o governo é contra o funcionamento dos mercados e que quer intervir em tudo” – Antonio Delfim Netto, economista – Valor, 07-11-2013.
Último
"Espero que seja o último PED do PT. O partido trouxe para sua estrutura interna as mazelas do sistema político que queremos reformar" - Renato Simões, deputado federal - PT - um dos candidatos a presidente da legenda - Valor, 08-11-2013.
Acertando o passo
"O Planalto monitora os debates dos candidatos à presidência do PT e não gostou das críticas pesadas à gestão da presidente Dilma. Depois da eleição, ela determinou a auxiliares que façam uma “autópsia” do processo eleitoral para saber o tamanho real da bronca no PT. Essa análise vai pesar na formação da nova Executiva, que será dominada pela CNB, e das direções nos estados" - Ilimar Franco, jornalista - O Globo, 08-11-2013.
Novo paradigma
“O que Edward Snowden nos fez ver, e isso fica cada vez mais claro com o passar dos dias e das descobertas, está para além da espionagem. O ato de monitorar toda e qualquer pessoa em toda e qualquer circunstância é, na verdade, um novo paradigma de governo” – Vladimir Safatle, professor de Filosofia – Folha de S. Paulo, 05-11-2013.
Não é seu pai!
“Eu voltei para o bloquinho de notas. Sabe a piada? O menino pergunta a Obama: ‘Meu pai falou que o senhor sabe tudo lá de casa. É verdade?’. A resposta: ‘Ele não é seu pai’ ”- José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, sobre a espionagem americana – O Globo, 05-11-2013.
Nem precisa de adversários
"Integrantes da corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil, querem instituir a cláusula de barreira nas eleições do partido. Advogam que os candidatos teriam que ter um mínimo de apoio de diretórios. O fato detonador desta ideia foi a atitude de todos candidatos da oposição, que cavalgaram esgrimindo, de forma aberta ou velada, o escândalo do mensalão" - Ilimar Franco, jornalista – O Globo, 05-11-2013.
Cadeia para o eleitor
"Para onde vão os quase 500 mil votos em Paulo Maluf se o ex-prefeito ficar mesmo inelegível nos próximos 5 anos? Para que São Paulo não eleja coisa pior, talvez seja o caso de estender a punição a quem votou nele em 2010" - Tutty Vasques, humorista - O Estado de S. Paulo, 05-11-2013.
Matança
“A PM de São Paulo matou em cinco anos mais do que todas as forças policiais de segurança norte-americanas. Se eu tenho de um lado uma comprovada ineficiência e do outro lado uma comprovada brutalidade, eu tenho de mudar” - tenente-coronel Adilson Paes de Souza, 49, passou 28 anos na Polícia Militar do Estado de São Paulo, autor do livro "O Guardião da Cidade - Reflexões sobre Casos de Violência Praticados por Policiais Militares" – Folha de S. Paulo, 04-11-2013.
Verdade
"Asilo a Snowden! Quem revela a verdade não comete nenhum delito" – título principal da revista alemã Der Spiegel – Folha de S. Paulo, 04-11-2013.
Obrigação moral
"Temos a obrigação moral de nos preocupar para que nossas leis e valores limitem os programas de espionagem e protejam os direitos humanos" – Edward Snowden, ex-técnico da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana – Folha de S. Paulo, 04-11-2013.
Mudando a regra
“Pela primeira vez, a presidente Dilma pode levar o PT a uma vitória em Santa Catarina. Desde que passou a ter o apoio do o governador Raimundo Colombo (PSD) , Dilma lidera todas as pesquisas de intenções de votos à reeleição no estado” – Ilimar Franco, jornalista – O Globo, 03-11-2013.
Micou!
“A doutora Dilma Rousseff dissera que "Eike é o nosso padrão, a nossa expectativa e sobretudo o orgulho do Brasil quando se trata de um empresário do setor privado". Quem entrou nessa, micou, inclusive a doutora” – Elio Gaspari, jornalista – Correio do Povo, 03-11-2013.
Limbo
“Eike Batista deve tantas explicações quanto Edemar, Ângelo e Pedro Paulo de Souza, da Encol, entre tantos "pastores" que estão por aí. Quem, como, onde e por quê? De onde veio e para onde foi o dinheiro? Entre meias verdades, as vítimas vão para o inferno e os réus ficam eternamente no limbo da boa vida” – Eliane Cantanhêde, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-11-2013.
Nem-nem
“Pelo Censo de 2010, 5,3 milhões de jovens de 18 a 25 anos não estudam nem trabalham. Além da denominação pejorativa de geração "nem-nem", essa condição aniquila as perspectivas de ascensão pessoal de forma que nenhum Bolsa Família poderá compensar” – editorial “Além das letras” – Folha de S. Paulo, 03-11-2013.
Assim é se lhe parece
“É tema intocável o mal-estar sofrido por Ulysses depois de uma discussão violenta com Sarney, no Alvorada, em defesa da Constituinte. Ulysses saiu de lá direto para o hospital, onde foi diagnosticada uma isquemia. Dias depois, Ulysses se submeteu a uma angioplastia. A culpa não fora toda do Sarney. O deputado tinha uma obstrução de 95% nas artérias. Vinte e seis anos depois do ocorrido, quebro agora o compromisso com a fonte, por considerar prescrito o juramento do silêncio. E o faço por conta da declaração de Lula de que Sarney e Ulysses tiveram o mesmo papel na Constituinte. Como, para chaleirar Sarney, Lula tenta mudar a História, o fato aqui relatado pode ser usado pelo petista a favor do senador Sarney. Poderia argumentar, por exemplo, que a briga do Alvorada serviu de prova de esteira para levar o relapso Ulysses a se tratar, evitando o pior. Assim, além da Constituinte, Ulysses deveria a Sarney sua própria vida” – Jorge Bastos Moreno, jornalista – O Globo, 02-11-2013.
Barbárie
"Somos a favor de manifestações pacíficas. Não podemos aceitar pessoas tampando o rosto, destruindo o patrimônio público e machucando os outros. Essas pessoas não são democráticas" – Dilma Rousseff, presidente da República, descrevendo a ação dos Black Blocs como “barbárie” – Folha de S. Paulo, 02-11-2013.
Calma, gente
"Dois garotinhos de uns 12 anos, alunos do sexto ano do Sion, surgiram, no início desta semana, na lanchonete do tradicional colégio católico, no Cosme Velho, no Rio, aos gritos: "Somos black blocs". E jogaram mostarda e ketchup no ventilador" - Ancelmo Gois, jornalista - O Globo, 01-11-2013.
Raridade
“O Bolsa Família, ainda assim, simples, eficaz, maciço e direto, é uma raridade na paisagem da ação do poder público e da história social brasileira” – editorial “Raridade pública” – Folha de S. Paulo, 02-11-2013.
Caixa Postal
“Cartas obtidas pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) mostram que a Eternit ofereceu festas, churrascos e cestas de Natal antes de propor acordos extrajudiciais a ex-funcionários contaminados por pó de amianto. A fabricante de telhas e caixas d'água, diz o órgão, "cortejou" antigos empregados” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 02-11-2013.
Caixa Postal 2
“Entre uma festividade e outra, a multinacional, segundo o MPT, propunha indenizações de até R$ 10 mil, e também pedia que o ex-trabalhador se comprometesse a não recorrer à Justiça. O MPT pede indenização de R$ 1 bilhão por dano moral coletivo. A Eternit diz que a Justiça já entendeu, em outros processos, que a fábrica "observava as regras aplicáveis ao uso do amianto" – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 02-11-2013.
Meirelles, Delfim...
"Lula manteve na equipe econômica pessoas como Joaquim Levy e Marcos Lisboa, nomeou o tucano Henrique Meirelles para o Banco Central - a quem deu status de ministro -, manteve contato com economistas que seu partido acusava de "neoliberais" e fez de Delfim Netto uma espécie de conselheiro" - Marina Silva, ex-ministra - Folha de S. Paulo, 01-11-2013.
Lula e Dilma
"De um importante político petista comparando Lula e Dilma: "Nas reuniões, Lula ouve 80% e fala 20%. Dilma não. Fala 80% e ouve só 20%". Outra do mesmo petista: "Dilma sabe tudo. E Lula é sabido" – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 01-11-2013.
O ‘x’ fora de questão
“Como é que fica o ‘x’ depois de todo o mal que – primeiro a Xuxa, depois o Eike – fizeram à marca? Capaz até de cair do alfabeto na prócima (sic) reforma ortográfica” – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 01-11-2013.
Pão pão, queijo queijo
"Seria mais pão pão, queijo queijo. É importante lembrar que a gente tinha uma inflação de 12% quando cheguei à Presidência e hoje a inflação está em 5,8%. Nós nunca tivemos tanto tempo de estabilidade econômica quanto agora. Em que momento da história esse País teve dez anos de inflação dentro da meta?” - Lula, ex-presidente da República - O Estado de S. Paulo, 31-10-2013.
Estarei lá!
"Eu queria dizer aos meus companheiros de Pernambuco que me aguardem que logo logo eu estarei lá" – Lula, ex-presidente da República – Valor, 31-10-2013.
Tipo especial
"Eu queria destacar o Eike Batista. Eu acredito que o Eike é um tipo especial de empreendedor. É uma pessoa que delimita o seu sonho de uma forma extremamente ambiciosa e busca cumpri-lo e busca realizá-lo. Esse fato é algo que os brasileiros têm de ter" – Dilma Rousseff, presidente da República, em cerimônia de celebração do início da produção de petróleo da OGX, realizada em São João da Barra (RJ) em abril de 2012 – Valor, 30-10-2013.
Nada à toa
“(Eike) Não fez nada à toa nem sem autoridades influentes que o bajulavam. Ganhou isenções fiscais, financiamentos e facilidades dos diferentes níveis de governo” – Paulo Cesarino Costa, jornalista – Folha de S. Paulo, 31-10-2013.
Valei-me, Padim Ciço
“Aos 77 anos, o professor Carlos Lessa é um combatente em tempo integral. Semana passada, vestido de preto, foi para as proximidades do Hotel Windsor, na Barra, protestar contra o leilão do campo de Libra. Agora lança uma campanha para a Igreja Católica canonizar o cearense Padre Cícero (1844/1934): “É preciso aproveitar este Papa sul-americano e homenagear o ícone nordestino” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 28-10-201.
Lua de mel
“Aliados do pernambucano que procuraram a bancada ruralista justificaram suas declarações sobre Caiado pelo timing, logo após a aliança com Marina. "Não dava para desautorizar a noiva no dia do casamento", diz um cacique do PSB” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 27-10-2013.
Sem saber
“Já que a decisão sobre o Campo de Libra é fato consumado, agora será necessário corrigir o errôneo foco com que se encarou a exploração do pré-sal. Ninguém sabe com precisão, como perfurar a quilométrica camada salina (que separa a zona do petróleo submerso) sem que isto ocasione uma catástrofe inimaginável. Nenhuma das quatro empresas estrangeiras tem experiência em perfuração submarina além dos 6 mil metros. A Petrobras sabe pouco, mas é a única que sabe algo do mar profundo” – Flávio Tavares, jornalista – Zero Hora, 27-10-2013.
Aventura
“Até aqui, só se falou em cifras – distribuir “royalties” ou aplicar os lucros do mágico petróleo das profundezas. Nenhum pio sobre os perigos da poluição devastadora, gerada por algo que ignoramos e que pode vir a ser uma terrível aventura” – Flávio Tavares, jornalista – Zero Hora, 27-10-2013.
Instabilidade
"Vivemos turbulências em junho e julho, o avião deu solavancos, subiu, desceu, agora a bonança voltou e acham que o piloto automático vai nos levar ao céu em 2014. Não será assim. Há uma crise internacional e o governo Dilma é de instabilidade econômica" – Renato Simões, deputado, secretário de Movimentos Populares do PT – O Estado de S. Paulo, 26-10-2013.
Pilhagem
"Dilma privatizou rodovias, portos, aeroportos, o pré-sal e diz que não foi privatização. Não foi? Chamaram a Shell, a Total e as estatais chinesas para morder o nosso petróleo. É um processo de pilhagem" - Serge Goulart, candidato da "Esquerda Marxista", corrente do PT – O Estado de S. Paulo, 26-10-2013.
Livraria
"Você concorda em estatizar a livraria que você tem na rua Tabatinguera, em São Paulo?" – Rui Falcão, presidente nacional do PT, dirigindo-se ao colega Serge Goulart , longe do microfone, com um sorriso irônico – O Estado de S. Paulo, 26-10-2013.
Oposição
"Às vezes dá a impressão de que somos oposição ao nosso governo. Devemos defender o governo da presidenta Dilma e manter a aliança com o PMDB e com os outros partidos da coligação. Qual é a política de alianças que se põe no lugar dessa?" - Rui Falcão, presidente nacional do PT – O Estado de S. Paulo, 26-10-2013.
Humores e odores
"O casamento é uma troca de maus humores durante o dia e maus odores durante a noite" – Paulo Sant’Ana, jornalista – portal do jornal Zero Hora,, 26-10-2013.
Arma política
“O pobre Amarildo foi um morto comum nas mãos de policiais com vocação criminosa, entre tantos cujos nomes e destinos pouco ou nada importam à opinião pública. O morto Amarildo tornou-se arma política” – Jânio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-10-2013.
Nunca mais
“Alexandre Pato surgiu como um gênio ainda aos 17 anos numa apresentação inesquecível pelo Inter no Palestra Itália e depois, na verdade, nunca mais. Logo trocou a carreira de jogador de futebol pela de celebridade e, milionário, ficou por aí” – Juca Kfouri, jornalista – no seu blog, 24-10-2013.
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Conjuntura da Semana. O mal-estar que exala das ruas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU