05 Agosto 2013
“A cólera e a luz: um padre na revolução síria” é o útlimo livro de Paolo Dall'Oglio, padre jesuíta, atualmente desaparecido na Síria. O livro, publicado em francês, será lançado na Itália no próximo mês de setembro. Para o lançamento estava confirmada a presença do autor.
Há uma preocupação geral com o destino de Paolo Dall'Oglio, o padre jesuíta fundador da comunidade interreligiosa de Mar Mussa, na Síria. Encontra-se desaparecido, depois de ter retornado à Síria, mesmo depois de ter sido expulso em 2012. Saiu recentemente na França o seu último livro, escrito com a colaboração de Églantine Gabaix-Hialé, que também viveu por dois anos na mesma comunidade do padre Paolo.
Faustino Teixeira, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, apresenta, brevemente, o livro.
Eis o texto.
O livro, publicado em 2013, tem um nome bem simbólico: “A cólera e a luz: um padre na revolução síria” (livro que está para sair na Itália). Na abertura do livro, uma bela carta escrita por Paolo a um jovem europeu, a quem dedica a obra. Indica ali um “desejo de engajamento” que é para todos os jovens, independentemente de sua crença, em favor da aspiração ao bem, de um impulso entusiasmado de mudança. Indica ao jovem que o seu percurso na vida foi marcado por duas forças fundamentais: a cólera e a luz.
De um lado a cólera, por não poder acolher o mundo do jeito que é. De outro, a luz, tocada pela fé, que o impulsionou a buscar uma projeto-esperança; um projeto animado pelo entusiasmo do coração. E esta luz pôde canalizar a cólera, transformando-a e pontuando a energia que suscita a força da visão.
Diz ao jovem que ele se sente muçulmano, mesmo com a viva crença em Jesus e na Igreja que o acolheu. Mas o Islã é seu “espaço espiritual e cultural”. Não vê nenhuma contradição entre esse sentimento de familiaridade com o Islã e seu batismo. Ao contrário, reconhece que ser cristão de modo exclusivista é ser um mal cristão. O que é fundamental, sublinha, é a fidelidade ao bem, à beleza de uma pertença, e a vontade de dialogar até alcançar uma síntese, um matrimônio. É a tônica da abertura que alarga os horizontes e possibilita a doação de vida. A vida vem assim iluminada pelo fogo de um desejo final que é precioso.
Rebate vigorosamente a ideia de um “choque de civilizações” e acredita no esforço dedicado em favor de uma “harmonia interior e exterior”.
Ao final, fala no grande desafio aberto para o mundo ocidental, para que se torne melhor e menos corrompido. Trata-se do desafio de um mundo “mais inclusivo”, que não imponha mudanças aos muçulmanos, mas que acredite na possibilidade de uma “relação verdadeira e um viver em comum”, palmilhado por trocas e debates. O caminho sugerido não é o de uma aculturação que exproprie seus valores, mas que possibilite uma “harmonização das evoluções plurais”.
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A cólera e a luz: um padre na revolução síria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU