25 Junho 2013
A manifestação marcada para ocorrer amanhã em Belo Horizonte, onde a Seleção Brasileira enfrenta a do Uruguai, terá uma novidade: a participação mais organizada de movimentos sociais, como o MST, movimentos dos atingidos por barragens (MAB), sindicatos ligados à CUT e à Conlutas e outros grupos que tradicionalmente têm alguma ligação com o PT da presidente Dilma Rousseff e que em Minas Gerais fazem em peso oposição ao PSDB.
A reportagem é de Marcos de Moura e Souza e publicada pelo jornal Valor, 25-06-2013.
Na noite de ontem, integrantes desse bloco de esquerda - que até então vêm participando das protestos pelo país de maneira menos visível e quando identificados com cores partidárias são hostilizados - se reuniram na sede do sindicato dos eletricitários do Estado, Sindieletro, para decidir estratégias, bandeiras e formas de atuação na passeata de amanhã.
Integrantes do MAB, MST e Via Campesina planejam levar 30 ônibus com manifestantes. A União Estadual dos Estudantes falou em 20 ônibus. Na reunião, participaram dezenas de militantes, entre eles militantes de PT, PSTU, UNE, CUT, Conlutas, sem terra, comitê dos atingidos pela Copa, movimento de mulheres entre outros.
Beatriz Cerqueira, presidente da CUT de Minas e do sindicato dos trabalhadores do setor de educação, disse que os integrantes desses movimentos já têm participado dos atos organizados principalmente por estudantes por meio de redes sociais. "A ideia na quarta é que a participação seja maior. A Seleção estará jogando aqui e Belo Horizonte se transformará numa vitrine muito maior". O objetivo é que o governador Antonio Anastasia (PSDB) e o prefeito Marcio Lacerda (PSB) recebam os movimentos e as reivindicações como fez a presidente Dilma Rousseff e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse ela.
Beatriz negou que a mobilização anti-PSDB tenha sido pedida pelo governo federal ou pela direção do PT. Um ponto de união do bloco que vai amanhã às ruas é a crítica ao governo Anastasia e a forma violenta, sustentam, como o governador tem lidado com os protestos. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, pediu dias atrás que integrantes da legenda também saiam às ruas com as manifestações.
Uma preocupação de quase todos os participantes da reunião era com a segurança. Uma sugestão aprovada foi a criação de uma comissão de segurança, que ajudará militantes do MST a evitar distúrbios. O Valor acompanhou a reunião do lado de fora da sala, mas pôde ouvir quase todo o debate e as decisões.
A PM de Minas prevê que amanhã cenas de confronto e depredações - vistas no sábado - se repitam amanhã nas imediações do estádio do Mineirão.
"A gente tem que trabalhar com a perspectiva do pior cenário", disse ontem o tenente-coronel Alerto Luiz Alves. "Não dá para descartar nada a essa altura", continuou ele, lembrando que em Ribeirão das Neves, na região metropolitana, um homem foi flagrado portando uma arma de fogo numa das manifestações. "A violência [nas manifestações] chegou a níveis preocupantes."
A polícia, diz ele, intensificará sua reação contra pessoas que usem da violência durante o ato.
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Manifestação em Belo Horizonte terá partidos e centrais sindicais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU