24 Junho 2013
Revolução possível
"Quando a gente olha as reivindicações, conclui que, embora sejam as mais variadas, fica clara a necessidade de mudar a forma de fazer política e o funcionamento dos poderes. A revolução que está em jogo não é na economia. A revolução possível é na política" – Cristovam Buarque, senador – PDT-DF – Valor, 24-06-2013.
Envelhecimento
"Nossos partidos não refletem mais o que o povo precisa com seus representantes, nem do ponto de vista do conteúdo, nem do ponto de vista da forma. Nosso discurso e nossas propostas ficaram velhos" – Cristovam Buarque, senador – PDT-DF – Valor, 24-06-2013.
Ausência de protocolo
"Ficou claro que as forças policiais têm agido pouco profissionalmente. Eles reagem muito à provocação. É fácil provocar um policial e ele sair atirando. Esse tipo de baixo grau de treinamento, de erro operacional, denota ausência de um protocolo de ação" - Claudio Beato, diretor do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Valor, 24-06-2013.
Estaiada
"Vai ficar inviável para o Haddad aumentar a tarifa nos próximos quatro anos. Isso vai implicar em corte nos investimentos e quem vai sofrer não vai ser o pessoal que estava [protestando] na Paulista, na ponte Estaiada" - André Paulani, filho da secretária de Planejamento e Orçamento, Leda Paulani (PT), ex- presidente do centro acadêmico da Faculdade de Direito da PUC-SP - Valor, 24-06-2013.
Nada
“A grande incógnita é aonde vai desaguar um movimento que não deseja se institucionalizar, como se pode intervir na sociedade e no País sem uma institucionalização do movimento (se transformando num partido, por exemplo). Não sei como vão resolver isso. Talvez não seja mesmo para resolver nada” – Cacá Diegues, cineasta – O Estado de S. Paulo, 24-06-2013.
Comportamental
“Fiz meu "serviço militar" político desde a passeata contra o aumento dos bondes, com 16 anos. Fui à passeata pró-Jango na Central no 13 de março de 1963, fui "dispersado" na saída da Candelária depois da missa do estudante Edson Luis, estava na dos Cem Mil em 1968, na das Diretas-Já de 1984 e torci pelos caras-pintadas anti-Collor. Levei porrada da polícia do governador Carlos Lacerda, fui bem tratado pelo Exército sob comando do presidente João Goulart, corri e cheirei muito gás dos soldados da ditadura, me emocionei com a unidade democrática das Diretas-Já. Em cada ocasião, sabia direitinho qual era a palavra de ordem - muitas vezes única - que devia proclamar e gritar. Agora é diferente, é uma coisa de nosso tempo, fragmentária, pontual, comportamental, que não se explica pela adesão a um líder ou a um partido, que não tem uma palavra de ordem única e universal” – Cacá Diegues, cineasta – O Estado de S. Paulo, 24-06-2013.
Base popular
“Aquele jovem de 17 ou 18 anos, que está entrando em uma universidade, está irritado com as instituições, com os governos, com as prioridades tomadas. Quando vê uma Copa das Confederações, essa grande festa, esse Brasil do cartão postal', ele chama para o Brasil real. Esse movimento está com base popular. Tem uma coisa diferente da minha época” - Lindbergh Farias, ex-líder dos caras-pintadas que em 1992 ajudou a pressionar pelo impeachment do então presidente Fernando Collor, senador – PT-RJ – Folha de S. Paulo, 24-06-2013.
Duas cores
“Na minha época, da juventude do movimento do impeachment [do então presidente Collor], era mais de juventude de classe média. Eu queria que não tivesse sido. Queria que tivesse lá a juventude da periferia... Mas foi muito da classe média. Agora, acho que tem duas cores: e classe média e juventude de periferia "que é essa nova classe média” - Lindbergh Farias, ex-líder dos caras-pintadas que em 1992 ajudou a pressionar pelo impeachment do então presidente Fernando Collor, senador – PT-RJ – Folha de S. Paulo, 24-06-2013.
Coisa de eleição
“Partido virou coisa de eleição. Tem gente que tem as suas preferências no período eleitoral. Mas partido deixou de ser instrumento de mobilização das ruas. Até porque os nossos partidos de esquerda chegaram ao poder e estão aí há dez anos. Houve um afastamento, principalmente desse contato com a juventude” - Lindbergh Farias, ex-líder dos caras-pintadas que em 1992 ajudou a pressionar pelo impeachment do então presidente Fernando Collor, senador – PT-RJ – Folha de S. Paulo, 24-06-2013.
Descolamento
“(O PT e o governo) Tem que sentir mais a realidade. Por exemplo, obras da Copa lá no Rio de Janeiro. Metrô de Ipanema para a Barra? Qual é o legado? BRT [Bus Rapid Transit] sai de onde? Sai do aeroporto Galeão e vai para a Barra da Tijuca. O que o povo acha? Estão fazendo obras para os turistas” - Lindbergh Farias, ex-líder dos caras-pintadas que em 1992 ajudou a pressionar pelo impeachment do então presidente Fernando Collor, senador – PT-RJ – Folha de S. Paulo, 24-06-2013.
Vida do povo no centro
“Reforma política está fora dessa pauta aí (do movimento de rua). A pauta que esses caras podem ajudar é colocar a vida do povo no centro do debate político” - Lindbergh Farias, ex-líder dos caras-pintadas que em 1992 ajudou a pressionar pelo impeachment do então presidente Fernando Collor, senador – PT-RJ – Folha de S. Paulo, 24-06-2013.
Cadê?
“Políticos notaram o silêncio da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que foi protagonista em atos na ditadura militar, nas Diretas-Já e no Fora Collor, diante da atual onda de protestos” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-06-2013.
Figurino
“O PT passou a ver as candidaturas de Lindbergh Farias (RJ) e Alexandre Padilha (SP), ambos na faixa dos 40 e ex-líderes dos caras-pintadas em 1992, como um meio para tentar atingir a juventude cética com o partido” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-06-2013.
Frases do domingo
Peculiaridade 1
"Nenhuma manifestação teve discurso" - Elio Gaspari, jornalista - Correio do Povo, 23-06-2013.
Peculiaridade 2
"Qualquer comparação com o movimento das multidões destes dias com as da campanha das Diretas-Já, dos anos 80, tem um vício de origem. Nas Diretas os governadores oposicionistas do Rio e de São Paulo cacifaram a infraestrutura dos comícios, com metrôs grátis, palanques, som e até mesmo ônibus. Agora, pelo menos na mobilização, a Viúva não gastou um ceitil" - Elio Gaspari, jornalista - Correio do Povo, 23-06-2013.
Peculiaridade 3
"A rua de 2013 não teve celebridades" - Elio Gaspari, jornalista - Correio do Povo, 23-06-2013.
Temerário
“Ninguém previu a erupção do movimento. Quem pretender prever seu futuro é um temerário” - José Murilo de Carvalho, historiador e membro da ABL – O Globo, 23-06-2013.
Nunca antes
“Nunca antes na História deste país houve manifestação de protesto tão ampla e espontânea como a que estamos presenciando” - José Murilo de Carvalho, historiador e membro da ABL – O Globo, 23-06-2013.
Instabilidade
“Visto que os atuais grupos dirigentes são absolutamente incapazes de mudar o modelo, o futuro próximo é de trajetória de instabilidade” - Reinaldo Gonçalves, professor de Economia Internacional – UFRJ – O Globo, 23-06-2013.
Conciliação das elites
“No Brasil, o fracasso da conciliação das elites e das reforminhas faz com que os grupos dirigentes apelem para o uso ativo do aparelho repressivo do Estado com o objetivo de conter a revolta social” - Reinaldo Gonçalves, professor de Economia Internacional – UFRJ – O Globo, 23-06-2013.
Novo ciclo
“Um novo ciclo deve começar agora. Neste futuro próximo, o legado destes dias deve se manifestar em múltiplas ações voltadas para a busca de direitos específicos por meio de negociações descentralizadas” - Regina Novaes, cientista social – UFRJ – O Globo, 23-06-2013.
Reconhecimento
“Não adianta esperar ou torcer para que sejam superados ou acirrados os confrontos internos entre “os manifestantes”. Isso não vai acontecer. Cabe aos poderes públicos a iniciativa de (re)conhecer as múltiplas motivações e criar canais de diálogo para tratar as diferentes questões que foram trazidas para as ruas. Isso não quer dizer que a polícia não cumpra seu papel de proteger o patrimônio público” - Regina Novaes, cientista social – UFRJ – O Globo, 23-06-2013.
Fim
“É o fim da política moderna” – Michel Maffesoli, sociólogo – O Globo, 22-06-2013.
Racional x emocional
“Vemos que há uma saturação, um tipo de indiferença, esses jovens não se reconhecem mais num programa, num partido ou sindicato. Não é mais programático, mas, sim, emocional. A modernidade é racional, e a pós-modernidade é emocional. Com o que ocorre no Brasil temos uma boa ilustração disso” – Michel Maffesoli, sociólogo – O Globo, 22-06-2013.
Laboratório
“Vejo o Brasil como um laboratório da pós-modernidade” – Michel Maffesoli, sociólogo – O Globo, 22-06-2013.
Mudou tudo
“Não podemos tentar compreender o que está acontecendo hoje com base em teorias e classificações de 20, 30 anos atrás. A internet mudou tudo” – Ivar Alberto Hartmann, professor do Centro de Justiça e Sociedade da Fundação Getulio Vargas Direito Rio – Zero Hora, 23-06-2013.
Desconectado
“O Congresso mostrou a falta de conexão com os representados. Essa é a raiz da crise” – Francisco Carlos Teixeira da Silva, historiador da UFRJ – Zero Hora, 23-06-2013.
Ruas
“A rua faz o que o Congresso deveria fazer” – Pedro Simon, senador – PMDB-RS – Zero Hora, 23-06-2013.
Marqueteiro e Lula
“Fico preocupado quando a presidente precisa se reunir com o antecessor (Lula) e um marqueteiro (João Santana) para discutir os acontecimentos no Brasil” – Rodrigo Prando, sociólogo – Zero Hora, 23-06-2013.
Perigo
“Essa opção pela intolerância pode se tornar o caldo de cultura para o autoritarismo e o totalitarismo, a violência política. É perigoso. A intolerância, traduzida por esse sentimento antipartidário, antivoto e anti-instituições, é o pior que poderia acontecer. Minha preocupação não é nem explicar as causas. O que me preocupa é o desdobramento político, que está em aberto. E existe uma conotação fascista clara, que está na origem dos movimentos nazifascistas e termina em partido único, aquele que supostamente é dono da verdade, moralmente superior. Isso é muito ruim para a democracia” - Fabiano Santos, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador do Núcleo de Estudos sobre o Congresso – Zero Hora, 23-06-2013.
Extrema-direita
“Como jornalista, militante político de esquerda e cidadão, já firmei uma convicção a respeito do que está acontecendo. Uma multidão cuja direção (rumo) passou a ser atacar instituições públicas, sem representantes, sequestrada por grupos de extrema-direita, que rejeita partidos políticos e hostiliza manifestantes de esquerda, não só não me representa como passa a ser algo a ser combatido politicamente. Ou alguém acha que setores das forças armadas e da direita brasileira estão assistindo a tudo isso de braços cruzados?” – Marco Weissheimer, jornalista – Viomundo, 22-06-2013.
Conspiração
“Cresce entre os petistas a teoria conspiratória segundo a qual o apoio aos protestos é uma tentativa de golpe contra a presidente Dilma Rousseff” – Rosane de Oliveira, jornalista – Zero Hora, 23-06-2013.
Incógnita
“A oposição erra ao imaginar que os protestos só enfraquecem Dilma Rousseff: a crise de credibilidade atinge a todos os possíveis candidatos e torna a eleição de 2014 uma incógnita” – Rosane de Oliveira, jornalista – Zero Hora, 23-06-2013.
Copa 2014
"Todos estavam conscientes de que a Copa no Brasil não seria feita com a perfeição da Alemanha. Mas todos apostavam que seria divertida e que as festas seriam ótimas. Mas, agora, nem esse componente de festa existe" - operador de turismo no Rio, que pediu para não ser identificado – O Estado de S. Paulo, 23-06-2013.
Judeu não vende horário religioso
“Eu não vendo horário religioso. É contra o meu princípio. Judeu não deve alugar a televisão para os outros. Você não sabe que os judeus perderam tudo quando deixaram outras religiões entrarem em Israel? A história é essa. No dia em que os judeus começaram a deixar que outros deuses fossem homenageados em Israel, os babilônios foram lá e tiraram o templo e jogaram os judeus para fora. O judeu não pode deixar que na casa dele tenha outra religião. É por isso que não deixo nenhuma religião entrar no SBT” – Sílvio Santos, dono do SBT – Folha de S. Paulo, 23-06-2013.
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