Nota e Proposta da Via Campesina-RS em Defesa dos Pequenos Agricultores(as) que residem em áreas indígenas e quilombolas

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12 Junho 2013

Em texto publicado no dia 07-06-2013, a Via Campesina no Rio Grande do Sul faz uma proposta concreta para a "situação difícil e dolorosa vivida por pequenos agricultores (as) residentes em áreas identificadas e reconhecidas constitucionalmente como áreas indígenas e de quilombolas".

Eis o texto.  

Diante da situação difícil e dolorosa vivida por pequenos agricultores (as) residentes em áreas identificadas e reconhecidas constitucionalmente como áreas indígenas e de quilombolas, os movimentos que compõe a Via Campesina vêm diante da sociedade e dos governos federal e do Rio Grande do Sul, defender o seguinte:

O Estado é Responsável

Esta situação foi criada no passado pelo próprio Estado colonizando, vendendo, escriturando e cedendo aos pequenos agricultores (as) terras que pertenciam aos povos indígenas e a população negra. Portanto, cabe ao Estado mediar o conflito instalado, negociar e encontrar soluções que atendam aos direitos dos pequenos agricultores (as) que foram colocados, em época passadas, em áreas reconhecidas pela Constituição como terras indígenas e quilombolas.

A Via Campesina reconhece e defende os direitos dos índios e quilombolas às suas terras e territórios reconhecidos pela Constituição.

Solução Existe, Basta Vontade Política

A Via Campesina propõe aos governos, baseada inclusive em ações já desenolvidas e negociadas em governo passados, como forma de resolver a situação, reassentar as famílias de pequenos agricultores (as) residentes em áreas reconhecidas como indígenas ou quilombolas, garantindo a todos os seus direitos à terra, casa e vida digna.

A Via Campesina propõe:

Módulo Mínimo por Família mais de 18 hectares;

Reassentamento de todas as famílias com área de terra do tamanho mínimo do módulo da região (na maioria dos casos, áreas maiores de 18 hectares);

Terra para Filhos e Filhas Maiores de 18 anos;

Reassentamento dos filhos e filhas maiores de idades das famílias residentes em áreas indígenas ou quilombolas, também com área do tamanho do módulo da região;

Terra Por Terra

Reassentamento de pequenos agricultores de até quatro módulos que tenham áreas maiores de um módulo nas áreas indígenas ou quilombolas, reassentados com área igual a que tem atualmente, recebendo terra por terra.

Terra na Região onde vivem as Famílias

Reassentar as Famílias na mesma região onde está sendo reconhecida a área indígena ou quilombola.

Casa, Energia, Água, Escolas e Infrestrutura

Estes reassentamentos terão que receber condições de moradia, luz, água e infraestrutura para garantir condições dignas de vida para as famílias a serem reassentadas.

Denunciamos as Manobras de Políticos e Latifundiários Grileiros de Terras Públicas

A Via Campesina não aceita, rechaça e condena toda e qualquer forma de violência cometidas contra indígenas e quilombolas em luta por seus direitos.

A Via Campesina não aceita que erros e injustiças históricas promovidas pelos vários governos ao longo dos anos, o que implica responsabilidade do Estado, seja hoje usado para jogar pobres contra pobres, negando os direitos de ambos e gerando insegurança, angústia e incertezas para todos, acirrando ânimosestimulandoconflitos.

A Via Campesina denuncia a manobra de grandes fazendeiros latifundiários de vários pontos do Brasil, grileiros de terras indígens e quilombolas, que usam o argumento de defender os pequenos agricultores (as) como escudo para defender suas terras mal havidas e hoje reconhecidas constitucionalmente como terras indígenas e quilombolas.

Denunciamos também as tentativas legislativas (Projetos de Lei, PECs) de desmonte dos direitos constitucionais dos povos e comunidades tradicionais, pois são os mesmos que bloqueiam o avanço da reforma agrária e da agricultura camponesa.

Diante da gravidade do que está em disputa, a Via Campesina conclama todos os setores populares e progressistas a se manifestarem em defesa dos direitos de reassentamento dos pequenos agricultores(as), em defesa dos direitos dos indígenas e quilombolas e exigir do Estado Brasileiro que cumpra com suas responsabilidades e atribuições.

Porto Alegre, 7 de junho de 2013.

Via Campesina - Rio Grande do Sul