02 Abril 2013
A mudança é, para toda religião, o maior desafio. Quem crê deve mudar para veicular a energia criadora de Deus. Mudar a si mesmo, a própria Igreja, o mundo. Ao mesmo tempo, toda crença é persistência, tradição. Até mesmo imutabilidade. Com a renúncia de Bento XVI e os primeiros dias de Francisco, os católicos experimentaram novidades epocais. A pergunta sobe agora das comunidades de fiéis no mundo. O que está mudando? E o que e quanto ainda deve mudar?
A reportagem é de Marco Ventura, publicada no jornal Corriere della Sera, 31-03-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O renomado Pew Research Center entrevistou a propósito cerca de 1.500 norte-americanos adultos, dos quais cerca de 300 católicos romanos. A amostra de católicos se divide quase igualmente entre 40% convencidos de que a eleição do Papa Bergoglio representa uma forte mudança e 44% que não veem novidades substanciais.
São sobretudo os católicos mais praticantes, 50%, que veem no novo pontífice uma reviravolta, enquanto o percentual cai para 29% na amostra total, incluindo não católicos. É ampla a diferença entre os entrevistados brancos, dos quais só 26% reputam a Francisco uma grande novidade, e os hispânicos, 43% dos que veem no papa argentino uma profunda mudança.
São claras as prioridades dos católicos norte-americanos: a maioria (70%) coloca em primeiro lugar os escândalos sexuais, enquanto somente 35% consideram prioritária a "reforma do Vaticano". Surge um mundo católico muito variado: moral e valores preocupam 65% dos mais praticantes, mas apenas 38% dos menos assíduos. Mais da metade dos católicos entrevistados espera reformas sobre o controle de natalidade, o celibato dos padres e o sacerdócio feminino.
É drasticamente mais baixo o percentual dos que acreditam que a hierarquia vai ouvir as demandas de mudança. Se 76% defendem uma nova teologia sobre a contracepção, apenas 53% acreditam que ela é possível. Se 64% são contra o celibato, e 59% querem o sacerdócio feminino, menos de 40% acreditam que a Igreja vai mudar.
Os católicos dos EUA querem a mudança, mas não acreditam que ela seja provável. Estão divididos entre querer e poder. Além disso, Deus nunca poupou aos fiéis a fadiga de escolher o seu próprio caminho.
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Católicos querem a mudança, mas ainda não acreditam que ela seja possível - Instituto Humanitas Unisinos - IHU