Por: Cesar Sanson | 18 Fevereiro 2013
A volta de Chávez à Venezuela foi um gesto calculado sobretudo por razões políticas, comenta o jornalista Bob Fernandes em artigo no Terra Magazine, 18-02-2013.
Eis o artigo.
Gesto calculado, por razões pessoais, sentimentais e, não menos, por razões políticas, a volta de Chávez à Venezuela. Final da manhã da segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013. Chávez está no Hospital Militar, em Caracas. Na luta contra um câncer e pela vida. Na luta por sua revolução bolivariana. País afora, multidões ocupam praças e ruas.
Duas e meia da madrugada. De surpresa, dois dias depois de ter tomado a decisão, Chávez desembarca Venezuela. Meia hora depois, no twitter, a primeira mensagem:
- Hemos llegado de nuevo a la Patria venezolana, Gracias Dios mío! Gracias Pueblo amado!! Aquí continuaremos el tratamiento.
Quando o Presidente desembarca, as manchetes dos jornais já estão impressas, os diários sendo distribuídos nas bancas:
- Inflação subversiva – grita o La Razón.
E, num segundo titulo:
-Militares e civis devemos restituir a Constituicão; Este governo está desvalorizado moralmente, diz o ex-senador Pablo Medina.
Onze e meia da manhã (1h30 mais cedo que no Brasil). Na praça Bolivar, centro da capital, manifestantes continuam chegando, eufóricos.
Bandeiras da Venezuela, bonés e camisetas vermelhos, cartazes com fotos do presidente. Gritos de "Viva Chávez…" "Viva el pueblo…" "Adelante, adelante, adelante 'comandante…' " e o coro com o hino nacional:
- Gloria al bravo pueblo / que el yugo lanzó / la ley respetando la virtud y honor.
Nas bancas, expostas as manchetes que não tiveram tempo de registrar a volta de Chavez desde Havana:
- 27,4% das importações de 2012 foram fictícias – informa El Universal.
- Abuso de poder contra La Verdad – protesta o La Verdad.
Volta de Chavez, em tempo real, envelhece as manchetes dos jornais (Foto: Bob Fernandes)
Cresce o número de manifestantes nas imediações do Hospital Militar, onde Chávez está internado para o tratamento do câncer na região pélvica.
Dois meses de internação em Havana depois de sérias complicações respiratórias, desconhecimento sobre seu real estado de saúde, mas as ruas se enchem de bandeiras de homens, mulheres, jovens e crianças. Os coros sao os mesmos:
- Chavez, amigo, el pueblo está contigo… Volvió, Volvió, Volvió…
Henrique Capriles, governador de Miranda, candidato derrotado por Chavez na disputa pela presidência, também via twitter, dá “boas vindas” ao advesário, e cobra:
- Que el retorno del Presidente signifique que el Sr. Maduro ( NR: o Presidente Nicolas Maduro) y los Ministros se pongan a trabajar, hay miles de problemas por resolver"
Num bar, o comercial em uma Tv privada exige: "Basta de mentiras". Não se sabe exatamente que mensagem é aquela, mas…protestos. E o dono muda o canal.
No canal 8, a Tv estatal, mostra a tela dividida na Praça Bolivar, no Estado Falcón, em Zulia, La Campina, na Praça Bolívar, em Anzoátegui… país afora multidões se adensam nas praças, não há como esconder as imagens.
Cresce a euforia, o canal 8 salta de praça em praça:
- Que Viva Chavez… Viva El Comandante, Viva La Revolucion…Chegou, chegou, chegou… Volvió,Volvió,Volvió…
Sucedem-se as imagens, estado por estado. Praças cheias, o vermelho é a cor. Coros, oracoes, lágrimas e lágrimas a cada depoimento, agradecimentos a Cuba e a Fidel e, sempre, o hino:
- Gloria al bravo pueblo / que el yugo lanzó / la ley respetando la virtud y honor.
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Multidões celebram a volta de Chávez, um gesto calculado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU