10 Janeiro 2013
“É através de uma vida muito simples que Jesus irradiava o amor de Deus. Ele não era um super-homem acima de nós, era, ao contrário, muito mais humano do que nós”, escreve Alois, prior de Taizé, em meditação conclusiva ao encontro europeu de oração ocorrido em Roma, no final de dezembro. O texto foi reproduzido pelo blog Sperare per tutti, de Christian Albini, 02-01-2013. A tradução é de Benno Dischinger.
Eis o texto.
Talvez possamos todos ter a forte impressão que, na vida de todos os dias, sejamos abandonados a nós mesmos. Deus pode parecer muito distante.
Para alguns, encontrar uma orientação de vida é pouco evidente. Hoje é difícil prever o futuro, mesmo o futuro mais próximo. Muitos estudam ou adquirem uma formação sem ter nenhuma ideia de que êxito isso terá. Como, então, construir um projeto de vida?
Sim, nós não temos soluções fáceis a oferecer. Mas nós, os irmãos de nossa comunidade de Taizé, havemos de querer que todos nós pudéssemos retornar de Roma com uma força interior que nos permita encarar o futuro com coragem e alegria. Quando os fundamentos que a sociedade nos oferece oscilam, se torna sempre mais importante encontrar em nós mesmos uma força interior que nos faça ir em frente.
Estou convencido disso: a confiança em Deus pode despertar esta força interior. A confiança é mais do que um simples sentimento, é possível tomar uma decisão na consciência de ter real confiança em Deus.
Para manter esta decisão, trata-se, como para uma amizade humana, de envolver-nos plenamente na busca de uma relação pessoal com Deus. E podemos progredir nesta direção olhando para Cristo.
Jesus, quando era jovem, fez uma escolha fundamental que orientou de modo decisivo sua existência. Pôs toda a sua confiança no amor de Deus. Teve confiança em Deus mesmo nos fracassos que também ele conheceu.
E jamais obscureceu o amor de Deus que irradiava através dele. Nele o amor de Deus se tornou visível em sua plenitude. No decurso do ano que inicia poderemos meditar mais detidamente sobre isto. Deus, que é quem é além de tudo o que podemos imaginar, se manifestou plenamente através de uma vida humana, a vida de Jesus.
É através de uma vida muito simples que Jesus irradiava o amor de Deus. Ele não era um super-homem acima de nós, era, ao contrário, muito mais humano do que nós.
Olhando desta forma para ele, podemos entender que Deus nos concede termos confiança em nossa humanidade. A confiança em Deus é um só todo com a confiança no ser humano. A fé em Deus nos leva a nos tornarmos mais humanos, a recusar tudo o que desumaniza a nós mesmos e os outros.
Com Cristo todos nós somos filhos de Deus. Renovar, dia após dia, esta confiança em Deus nos dá a força interior e também uma tenacidade. E estas podem orientar toda a nossa existência e dar apoio às pequenas e grandes decisões.
Então, mesmo com uma liberdade reduzida, mesmo em meio às dificuldades materiais, mesmo com pouca certeza do futuro, podemos encontrar o gosto e a coragem de tomar em mãos o nosso futuro.
Todos havemos de querer escutar, como se fosse endereçado a cada um e a cada uma de nós, a palavra que o apóstolo Paulo escreveu um dia a um jovem responsável por uma comunidade cristã, o qual se chamava Timóteo: “Reaviva o dom de Deus, que está em ti. Deus, de fato, não nos deu um espírito de timidez, mas de força, de amor e de prudência”.
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Jesus: homem e não super-homem - Instituto Humanitas Unisinos - IHU