12 Novembro 2012
A Igreja Católica informou ontem que igrejas estão cancelando reuniões e missas à noite devido à violência na periferia de São Paulo.
Em nota na sexta-feira, dom Milton Kenan Júnior, o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Brasilândia, disse que a insegurança se instalou na região, que sofre com toques de recolher e o clima de ameaça.
"Lamentamos o fato de que esta situação já era prevista e não faltaram aqueles que advertiram as autoridades para medidas serem tomadas", diz a nota de dom Milton.
A reportagem é de Olívia Florência, André Monteiro e Marina Alves e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 11-11-2012.
Ele disse à reportagem que o medo está generalizado. "Já cancelei duas reuniões, porque as pessoas estão com medo de vir para cá", disse.
Não há uma orientação geral para que os padres cancelem as missas. Por enquanto, cada padre tem julgado a gravidade da situação.
As paróquias mais afetadas -todas localizadas na Brasilândia - são a Bom Pastor, no Jardim Carumbé, a São Francisco de Assis, no Jardim Guarani e a Santa Terezinha, na Vila Terezinha. Porém, há relatos de cancelamentos em outras regiões também.
"Quando parece tranquilo, a gente faz [reuniões e missas], mas quando acontece alguma coisa e o clima fica tenso, desmarcamos", conta o padre Konrad Körner, da Paróquia Bom Pastor.
O arcebispo metropolitano, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, rezará missa hoje no evento do Dia Nacional da Juventude na praça da Sé e convocou ato de protesto por paz.
ONDA DE MORTES
Só entre a noite de sexta e a tarde de ontem, dez pessoas morreram na capital e na Grande São Paulo. Um ônibus foi incendiado.
Na noite de sexta, a polícia encontrou corpos no Jaçanã (zona norte) e no Cursino (zona sul). Na Grande São Paulo, duas pessoas morreram em Itaquaquecetuba e Suzano durante a madrugada.
Na manhã de ontem, no Campo Limpo (zona sul), outro homem encontrado baleado chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu.
No mesmo bairro, dois homens foram mortos em suposto confronto com policiais.
Outro suposto assaltante foi baleado por um PM de folga na Mooca, na zona leste, na tarde de ontem.
"ENGANO"
A Polícia Civil investiga se um PM de folga matou por engano dois homens na região de São Mateus, na zona leste, na noite de sexta.
Segundo a versão do soldado Edcarlos Oliveira Lima, 36, ele passava de carro com a mulher e o filho, quando notou que era perseguido por uma moto. Em seguida, disse que foi fechado por uma perua e que um dos ocupantes apontou uma arma.
Na reação, o policial atingiu dois homens.
A versão do policial é contestada por parentes das vítimas. Segundo eles, Jefferson de Oliveira Santos, 27, e seu cunhado Renato Silva Ferraz, 22, trabalhavam em uma empresa de polimento de peças de metal. "Inventaram uma versão para o assassinato do meu irmão", disse a estudante Geine de Oliveira Santos, 26, irmã de Jefferson.
O policial foi preso em flagrante e indiciado sob suspeita de duplo homicídio doloso.
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Com medo de crimes, Igreja cancela missas na periferia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU