01 Novembro 2012
Com a finalidade de aparar arestas e reduzir ruídos entre PT e PMDB, a presidente Dilma Rousseff receberá em jantar, na terça-feira, lideranças dos dois partidos, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro deverá acontecer no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Numa espécie de negociação preliminar, a presidente reuniu-se com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) duas vezes nos dois últimos dias. O encontro de ontem ocorreu depois de uma reunião de Temer com o deputado federal Gabriel Chalita (SP), realizada um pouco mais cedo, e de uma outra da presidente Dilma com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
A reportagem é de Bruno Peres e publicada pelo jornal Valor, 01-11-2012.
Nos dois partidos há informação de que na reforma ministerial a ser promovida para premiar os partidos que ficaram ao lado do PT nas eleições municipais a presidente poderá desalojar o apadrinhado de Mercadante do Ministério da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, para dar o lugar a Chalita. A presidente deverá também abrigar o PSD de Gilberto Kassab em seu governo, e o mais cotado para ser ministro do partido é o atual presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão, um dos fundadores da sigla em Minas Gerais.
Na reunião de terça-feira Dilma, Lula, Temer e o presidente do PT, Rui Falcão, farão uma análise do quadro político após o resultado das urnas em outubro, acertarão a posição dos dois partidos na eleição das mesas da Câmara e do Senado, e deverão selar, pelo menos informalmente, a intenção de seguirem juntos em 2014.
Simbolicamente, deverá se encerrar uma "etapa" e iniciar "uma nova fase" nas relações entre os dois partidos, considerando as perspectivas eleitorais de 2014 e, em curto prazo, a redistribuição de espaços políticos no governo.
A disposição de Chalita - que disputou o primeiro turno da eleição municipal de São Paulo pelo PMDB - em auxiliar o prefeito eleito Fernando Haddad na transição de governo e incorporar propostas ao plano de governo do novo prefeito também tem chamado a atenção da presidente. Chalita deverá se reunir com Haddad na próxima semana na capital paulista para tratar dessas questões e capitanear o apoio do PMDB à prefeitura.
Em meio a essa avaliação, também é lembrada por interlocutores da legenda a incerteza quanto à permanência de Chalita na Câmara, em função da ameaça de perda de mandato por infidelidade partidária, em análise pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O deputado deixou o PSB rumo ao PMDB no ano passado mirando a disputa eleitoral deste ano.
Entre os exemplos de ruídos a serem superados entre PT e PMDB estão o desconforto do vice-presidente com as declarações recentes dadas pelo deputado federal e prefeito eleito de Salvador, ACM Neto (DEM-BA). O oposicionista declarou que pretende manter uma interlocução com o governo federal principalmente por meio do vice-presidente. A expectativa é que Temer receba ACM Neto em audiência formal nos próximos dias, embora o vice-presidente faça questão de dizer a interlocutores que não considera adequado "atravessar" a "interlocução institucional" entre município e governo federal.
No campo político, ACM Neto derrotou o candidato petista na disputa municipal, Nelson Pelegrino, que contou com apoio de lideranças do PT, inclusive a presidente Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A vitória do DEM em Salvador deu fôlego ao partido, que tem perdido espaços políticos e algumas de suas principais lideranças.
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Dilma apara arestas entre PT e PMDB - Instituto Humanitas Unisinos - IHU