11 Julho 2012
No retiro junto aos padres verbitas, o perito Joseph Ratzinger deu a sua contribuição para a elaboração do decreto conciliar Ad gentes. O retorno, 47 anos depois.
A reportagem é de Alessandro Speciale, publicada no sítio Vatican Insider, 09-07-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Para o Papa Bento XVI, os seis dias passados em Nemi na primavera de 1965, para preparar junto com dezenas de bispos e teólogos o decreto conciliar Ad Gentes, são "talvez a mais bela recordação de todo o Concílio". Foi o próprio pontífice quem confidenciou isso na visita realizada na manhã dessa segunda-feira à casa dos Padres Verbitas, rebatizada em 2010 como "Centro Ad Gentes".
O pontífice – lembrou durante a sua breve visita – morava naqueles anos no centro de Roma, no Colégio de Santa Maria da Alma, "com todo aquele barulho". A casa verbita de Nemi, imersa no verde, parecia um outro mundo: "Ter esse respiro da natureza e também esse frescor do ar já era, em si mesmo, uma coisa bela".
"E depois – lembrou ainda o pontífice – havia a companhia de tantos grandes teólogos, com um encargo tão importante e bonito de preparar um decreto sobre a missão". O Papa Ratzinger lembrou o então superior-geral dos verbitas, padre Johannes Schütte, "que havia sofrido na China, havia sido condenado e depois expulso". Era ele quem liderava a comissão encarregada de preparar o decreto conciliar. Foi ele, lembrou o papa com modéstia, que pediu a sua presença, "um teólogo sem grande importância, muito jovem, convidado não sei por quê".
Além disso, estava Fulton Sheen, o bispo tele-pregador que, nos Estados Unidos, era campeão de audiência, "que nos fascinava à noite com os seus discursos", além do grande teólogo Yves Congar e muitos outros.
Desse encontro, lembrou Bento XVI, saiu o Ad Gentes, um documento "belo e bom", aprovado com um consenso recorde pelos padres conciliares, apesar de algumas disputas entre teólogos que – confessou o papa – ele não entendia plenamente, como teólogo orientado mais à pastoral do que à elucubração teológica como fim em si mesma.
Um documento fundamentado na "ideia clássica do bonum diffusivum sui, o bem que tem necessidade em si mesmo de se comunicar, de se dar", porque as "coisas boas", a "bondade" não podem "ficar em si mesmas", mas devem ser comunicadas. "E isso – observou o pontífice – já aparece no mistério trinitário, no interior de Deus, e se difunde na história da salvação e nossa necessidade de dar aos outros o bem que recebemos".
O vínculo do Papa Ratzinger com o Concílio também foi enfatizado pelo superior cessante dos verbitas, padre Antonio Pernia, entrevistado pela Rádio do Vaticano: "Eu não tenho dúvida alguma – disse – que o papa se sente em sintonia com o espírito do Concílio Vaticano II. Ao caminhar e conversar informalmente com o Santo Padre, que quis ver o lago de Nemi, ele expressou a esperança de que esse espírito missionário, que o Concílio Vaticano II mostrou, continue na nossa Congregação e também na Igreja".
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As doces recordações conciliares de Bento XVI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU