Por: André | 28 Junho 2012
Diversas organizações religiosas disseram estar decepcionadas com a Conferência das Nações para o Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, que aconteceu entre os dias 20 e 22 de junho, no Rio de Janeiro.
A reportagem está publicada do jornal católico francês La Croix, 27-06-2012. A tradução é do Cepat.
A Aliança Ecumênica de Ação Mundial (EAA), com sede em Genebra, disse que, embora o documento final da conferência - “O futuro que queremos” - reconheça que o acesso à alimentação é um direito humano, ela não chamou suficiente atenção para as mudanças necessárias na agricultura para favorecer os pequenos agricultores em detrimento do agronegócio.
O documento "deixa a porta aberta para a grande intensificação da agricultura industrial, sistema que provou ser ineficaz na erradicação duradoura da fome e quase levou a um colapso dos ecossistemas e das comunidades", disse Peter Prove, diretor executivo da EAA. "Os governos falharam em tomar as medidas necessárias para preservar a saúde do planeta e promover soluções viáveis e sustentáveis para a erradicação da fome crônica," sempre segundo a EAA.
“Onde quer que reina o nosso pensamento baseado na economia, prevalecem a pobreza, a exploração e a fome”
"Nós instamos os governos a apoiar sistemas agrícolas que melhorem a produtividade da terra, a melhorar a capacidade de resistência das comunidades à mudança climática e a contribuir para a erradicação da pobreza e da fome", diz Gisele Henriques, responsável pela alimentação da CIDSE, uma aliança de desenvolvimento católica e membro da EAA.
A EAA é uma aliança de 80 Igrejas e de organizações ligadas às Igrejas, que conta entre seus membros representantes católicos, evangélicos, ortodoxos e protestantes.
Também o Conselho Mundial de Igrejas rejeita o documento oficial final. "Renomados cientistas dizem que praticamente nada foi feito entre 1992 e 2012 em termos de políticas públicas e participação global", observou o brasileiro Leonardo Boff, um dos fundadores da Teologia da Libertação. Ele confessa que "onde quer que estejamos, podemos provocar destruição e forçamos as outras espécies a fugir. Onde quer que reina o nosso pensamento baseado na economia, prevalecem a pobreza, a exploração e a fome".
“A falta de ambição não pode ser justificada”
Enquanto isso, o uruguaio Guillermo Kerber, coordenador das atividades relacionadas com a preocupação com a criação e a justiça climática no Conselho Mundial de Igrejas, reforçou a conclusão dos parceiros religiosos recusando aceitar o resultado da Rio+20 como um "instrumento efetivo de mudança". Ele rejeitou a prudência exibida no documento: "os argumentos usados para justificar a falta de ambição do documento, tais como a crise econômica e financeira, são inaceitáveis do ponto de vista do Conselho Mundial de Igrejas".
A organização, através de seus diversos programas, vai continuar a estar presente nos debates da ONU sobre desenvolvimento sustentável, o ambiente e o clima. Ela também se comprometeu a continuar sua participação no movimento que organizou a Cúpula dos Povos.
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A Rio+20 decepcionou as organizações religiosas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU