26 Junho 2012
A novidade não está tanto no fato de que o papa optou por realizar alguns encontros importantes com os seus colaborares da Cúria e com outros cardeais que não possuem mais responsabilidades diretas, mas que continuam tendo seu peso. Está, sim, na modalidade com a qual ocorreram e em como foram comunicados. Tanto que, talvez pela primeira vez, a "crise" em andamento no Vaticano (entre "corvos" verdadeiros ou supostos e problemas de gestão econômica) se assemelhou em alguns aspectos a uma das tantas crises "seculares", políticas ou de governo, às quais estamos acostumados a assistir.
A reportagem é de Roberto Zuccolini, publicada no jornal Corriere della Sera, 25-06-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Acima de tudo, pela rapidez dos eventos. Em um mesmo dia, sexta-feira, Joseph Ratzinger decidiu se submeter a um verdadeiro tour de force, sinal de uma clara vontade de enfrentar, dentro do possível, com decisão e rapidamente as muitas dificuldades que surgiram nos últimos meses.
É o que, no jargão político, se chama de "aceleração": primeiro, os chefes dos dicastérios vaticanos, o equivalente a um Conselho de Ministros, depois, cinco prelados influentes (George Pell, Marc Ouellet, Jean-Louis Tauran, Jozef Tomko e Camillo Ruini) e, por fim, as novas nomeações, os três cardeais (um tanzaniano, um indiano e um chinês, nenhum italiano), que se somam ao "conselho para o estudo dos problemas organizacionais e econômicos da Santa Sé", isto é, o órgão que deverá enfrentar as delicadíssimas questões que estão no centro do afastamento de Ettore Gotti Tedeschi do IOR [o chamado Banco do Vaticano].
Tudo em um dia e tudo comunicado em tempo real pelo porta-voz, padre Federico Lombardi, que também anunciou que o ex-correspondente da Time, Greg Burke, se tornará "assessor para a comunicação", segundo um projeto de reforma iniciado há algum tempo, mas que, não por acaso, se torna realidade justamente agora.
Em outras palavras, busca-se um modo mais "transparente" e mais direto para anunciar o que acontece no Vaticano. Tanto que, para os próximos dias, já se conhece também o calendário não oficial. Ou seja, que continuarão as consultas do papa, conhecendo uma aceleração em torno do dia 29 de junho, quando irão para Roma 44 novos arcebispos de todo o mundo.
Contudo, consultas sempre eclesiásticas – e com uma lógica própria –, mas cada vez mais acompanhadas pela opinião pública, assim como ocorre com os eventos políticos comuns.
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Consultas políticas: a nova ''transparência'' vaticana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU