18 Junho 2012
Espaço de encontros e debates da sociedade civil na Rio+20, a Cúpula dos Povos ainda não produziu o impacto esperado frente à agenda oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
A reportagem é de Antonio Pita e Heloísa Aruth Sturm e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 17-06-2012.
Depois de um início marcado pela desorganização e falta de informações, a expectativa é de que a partir de hoje os problemas sejam resolvidos no Aterro do Flamengo, para preparar os principais eventos que acontecem a partir de terça-feira.
Uma assembleia reunirá representantes dos principais movimentos sociais e organizações não governamentais participantes da Cúpula dos Povos para tentar influenciar o encontro dos chefes de Estado que será realizado de quarta a sexta-feira.
"Não temos uma interlocução oficial porque a Cúpula dos Povos não é uma organização, é uma plataforma de articulação entre os movimentos sociais", disse Luiz Zarref, integrante da Via Campesina e um dos representantes da Cúpula.
Confusão
A distância entre os estandes e a falta de informações da programação tem provocado a concentração de público em poucos eventos. Nem mesmo os voluntários da organização tem conseguido dar informações. "Não achei um mapa com a programação e os locais. Acredito que nesses primeiros dias o evento ainda está em processo de instalação", afirmou a estudante francesa Emmanuelle Picard, de 23 anos. Para minimizar o problema, voluntários da Cúpula improvisaram cartazes com mapas do evento colados sob os totens dos patrocinadores, mas a medida não foi suficiente.
"Fomos massacrados, mas agora tudo está bem. Tivemos problemas por excesso de público e por falhas da gráfica no material de sinalização", avaliou Fátima Mello, uma das organizadoras. Segundo ela, a expectativa era de que os participantes pudessem acessar a programação pela internet, mas o acesso à rede não funcionou no local.
O público que visitou o Aterro do Flamengo encontrou uma grande diversidade cultural e um clima de confraternização. Estrangeiros, indígenas de diferentes etnias e visitantes brasileiros trocavam experiências sobre iniciativas locais de desenvolvimento sustentável. A área do parque também se transformou numa grande área de comércio.
Os participantes inscritos para os alojamentos do evento também enfrentaram problemas com a infraestrutura precária. Acampados no Sambódromo, em duas escolas públicas e na Quinta da Boa Vista, os participantes sofreram com a superlotação em alguns espaços e pouca estrutura em outros, que não dispunham de chuveiros e iluminação até anteontem, quando foram abertos aos visitantes.
Eleição
Marina Silva foi ovacionada pelos ativistas ambientais no fim da tarde de ontem. Com duras críticas à conferência mundial, a ex-ministra do Meio Ambiente afirmou que as conquistas da Eco-92 estão sendo apagadas pelo fracasso nas negociações para um novo documento mundial de metas ambientais. "Este evento coloca uma pá de cal na memória da Eco-92", afirmou. Empolgadas, as cerca de 2 mil pessoas presentes na plenária defenderam uma nova candidatura de Marina para a presidência. "Brasil, para frente, Marina presidente", gritaram.
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Evento para ONGs sofre com estrutura - Instituto Humanitas Unisinos - IHU