29 Mai 2012
A presidente Dilma Rousseff deve optar por uma terceira via para a sucessão de Márcio Pochmann na presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Diante do impasse criado pelo veto de Pochmann ao nome que seria a sucessão natural e era dado como certo, o assessor especial da Secretaria de Assuntos Estratégicos, à qual o Ipea é subordinado, economista Ricardo Paes de Barros, e a indisposição da presidente Dilma Rousseff de nomear sugeridos por Pochmann, ganha força na Presidência a indicação do economista José Luis Oreiro. O nome do economista da Universidade de Brasília (UnB) foi sugerido a Dilma na semana passada pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
A informação é publicada pelo jornal Valor, 29-05-2012.
Além de endossar a indicação, Aldo Rebelo também deve tratar do assunto entre hoje e amanhã com o vice-presidente Michel Temer, de forma a aproximar Oreiro do partido de Moreira Franco, o PMDB. A bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, liderada por Henrique Eduardo Alves, convidou Oreiro para uma reunião amanhã no Congresso. Além do PC do B de Rebelo e do PMDB, Oreiro também se aproxima do PT. Ontem, o economista participou de jantar com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), no Rio de Janeiro. Outro aliado de Oreiro é o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Na área econômica pesa também a favor de Oreiro o apoio da economista Gina Paladino, que foi diretora da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e é próxima de Luciano Coutinho, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Depois de presidir o Ipea por cinco anos, Marcio Pochmann vai deixar a instituição para concorrer pelo PT à Prefeitura de Campinas nas eleições de outubro. Para isso, Pochmann se desincompatibiliza do Ipea na semana que vem. A decisão de Dilma será tomada até o fim desta semana. Pochmann deve ir hoje ao Planalto tratar de sua sucessão. Dilma esperava definir os vetos ao Código Florestal para discutir o Ipea, e espera resolver o assunto antes de sua agenda ser tomada por questões envolvendo a conferência Rio + 20.
Os três nomes indicados por Pochmann (Vanessa Petrelli, Leda Paulani e Jorge Abrahão) não entusiasmaram Dilma, que já decidiu também negar a candidatura Paes de Barros, apoiada pelo ministro Moreira Franco, chefe da SAE. Dilma gosta muito de Paes de Barros, que formulou os programas Bolsa Família, Brasil Sem Miséria e Brasil Carinhoso. Dilma comunicou a Moreira Franco na semana passada que prefere Paes de Barros na SAE, e não na presidência do Ipea. Além disso, Pochmann vetou o nome de Paes de Barros.
Francamente heterodoxo em economia, como a própria presidente, conta a favor de Oreiro o fato de o economista ser próximo também de tucanos e economistas ortodoxos, segundo interlocutores de Dilma no Planalto. A avaliação do governo é que o Ipea, depois de cinco anos sob Pochmann, oriundo da sociologia de esquerda e do sindicalismo, precisa ficar sob a liderança de um presidente "com contatos dos dois lados do balcão", uma orientação mais técnica, segundo uma fonte no Palácio do Planalto.
Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Oreiro é mestre em economia pela PUC-Rio, e doutor pela UFRJ.
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Oreiro ganha apoio de partidos para presidir Ipea - Instituto Humanitas Unisinos - IHU