25 Fevereiro 2012
Diante de um clima de conflagração no Banco do Brasil, o Ministério da Fazenda tentou ontem promover uma reunião entre as partes em conflito, mas sem sucesso.
A reprotagem é de Natuza Nery e Sheila D'Amorim e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 25-02-2012.
O presidente do banco, Aldemir Bendine, recusou-se a encontrar seu desafeto da Previ, Ricardo Flores, chefe do fundo de pensão dos funcionários do BB. A assessoria de Flores, no entanto, informou que ele está disposto a marcar o encontro.
Reportagem da Folha mostrou que ambos não se falam há quase um ano, o que fez com que o ministério tentasse organizar uma trégua.
A tentativa, porém, foi em vão. De São Paulo, Bendine informou ao governo não haver possibilidade desse encontro ocorrer.
Trata-se, portanto, de uma situação raras vezes vista: o rompimento entre os titulares do maior banco brasileiro e do maior fundo de pensão da América Latina.
A relação dos dois executivos tornou-se insustentável nos últimos meses após uma sucessão de desentendimentos e interesses contrariados.
A disputa inclui acusações de ambos os lados de que um tenta derrubar o outro do cargo. O clima tenso acabou estimulando insatisfações dentro do Banco do Brasil de grupos contrários ao presidente, patrocinadas por setores do PT, antes no comando de postos estratégicos.
Ao assumir o comando da instituição em 2009, Aldemir Bendine levou para a cúpula funcionários de sua estrita confiança. Também passou a vetar indicações políticas, inclusive as de petistas.
Durante esse tempo, o presidente do BB aproximou-se muito do Ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Essas insatisfações internas acabaram alimentando as divergências entre Bendine e Flores. Neste ano, por exemplo, o banco substituiu, em bloco, 13 diretores da instituição. Oito deles, porém, mudaram de função.
RECEIO
Tanto a Fazenda quanto o Palácio do Planalto temem uma crise no banco, motivada por uma guerra de dossiês com potencial de causar estragos para outras áreas.
Quando assumiu o banco, Bendine negociou pessoalmente com o ex-presidente Lula a troca de seis vice-presidentes numa tacada só.
Quatro saíram do banco e dois foram mantidos, mas mudaram de função. Parte da oposição a ele vem justamente dessas mudanças.
Recentemente, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), derrubou a votação do projeto que criava o fundo de previdência complementar do funcionalismo por não ver um afilhado seu nomeado para uma das diretorias do banco. Ele nega a indicação.
Apesar da guerra, o BB terminou 2011 com um lucro recorde: R$ 12,1 bilhões. A estratégica do atual comando é justamente minimizar os efeitos das disputas de bastidores pelos resultados positivos que a instituição vem apresentando.
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Fracassa tentativa da trégua em crise no Banco do Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU