Medo faz minoria cristã na Síria defender permanência de Assad

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Em vez de as transformações tecnológicas trazerem mais liberdade aos humanos, colocou-os em uma situação de precarização radical do trabalho e adoecimento psicológico

    Tecnofascismo: do rádio de pilha nazista às redes antissociais, a monstruosa transformação humana. Entrevista especial com Vinício Carrilho Martinez

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

15 Fevereiro 2012

"Como Cristo se sacrificou pela humanidade, estamos dispostos a nos sacrificar pela pátria. Os que pertencem a grupos armados são intrusos ligados a estrangeiros", diz Louka el Khouri, bispo auxiliar do patriarca da Igreja Ortodoxa Grega e figura muito influente no mundo cristão do Oriente Médio.

A reportagem é de Karen Marón e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 15-02-2012.

"Alguns países árabes querem impor seu plano e não têm liberdade nem democracia", afirma o bispo, aludindo a Qatar e Arábia Saudita, na sua sala de trabalho no bairro cristão de Damasco. O bairro abriga várias igrejas, de diversas confissões: ortodoxas e católicas síria e grega, armênia e maronita.

"Rezamos todos os dias para que Deus proteja a Síria e o presidente Assad e cuide de seus filhos", diz El Khouri.

A comunidade cristã vive dias de terror após os combates entre forças do regime e grupos armados em Homs. Segundo a associação católica francesa Obra do Oriente, casas de cristãos e muçulmanos foram "depredadas, saqueadas ou destruídas", assim como uma igreja e escolas ortodoxas.

O medo cala fundo entre a minoria cristã no país, uma comunidade especialmente perseguida no Oriente Médio.

Apesar disso, o líder cristão ortodoxo da Síria, Ignacio 4º Hazim, 91, diz: "Nós, cristãos, não temos medo. Se alguns decidiram emigrar, foi por razões econômicas".

As minorias da Síria - cristãos, alauítas, curdos e drusos - se mantêm fiéis ao regime nestes 11 meses de revolta, por medo de que se rompa o equilíbrio entre confissões religiosas e de perder a proteção que têm. A maioria do país é muçulmana sunita.

"O salafismo é uma moda que está se impondo no interior do islã nos últimos anos, e é preciso perguntar-se quem está por trás dela", assinalou Ignacio 4º, aludindo ao crescimento do extremismo em países do golfo Pérsico.

Os cristãos, que são menos de 10% dos 22 milhões de habitantes da Síria, torcem para que Assad permaneça no poder. Para Jean Clément Jeanbart, bispo grego de Aleppo, se o regime sírio for deposto, há a possibilidade de surgir outro mais duro, de matriz islâmica.

É por isso que os cristãos se dividem entre o desejo de abertura democrática na Síria e o medo de serem perseguidos como a população cristã no Iraque após Saddam Hussein cair, em 2003.