04 Janeiro 2012
O relatório "World Energy Outlook", da Agência Internacional de Energia, traz perspectivas interessantes sobre o futuro da energia mundial até 2035.
O comentário é de Thaís Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP, e publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, 04-01-2012.
O cenário central assume que os compromissos políticos na área serão implementados, ainda que cautelosamente.
Diante do aumento de 1,7 bilhão de pessoas da população mundial e do crescimento de 3,5% ao ano (taxas menores no curto prazo não influenciariam as conclusões), seriam necessários investimentos em transporte de energia da ordem de US$ 38 bilhões.
Ao mesmo tempo, países não membros da OCDE seriam responsáveis por 90% do acréscimo de demanda de energia, com a China assumindo papel proeminente.
Quanto ao petróleo, ainda que uma moderação das pressões no curto prazo seja esperada, deve atingir US$ 120 por barril (a preços de 2010) em 2035, com volatilidade elevada.
O aumento da demanda advirá das maiores necessidades de transporte nas economias emergentes (pela maior mobilidade de pessoas e de mercadorias, fruto do crescimento econômico). Também o custo do petróleo tende a aumentar, conforme se recorre a fontes de mais difícil acesso e mais onerosas.
Para o gás natural, as perspectivas são muito melhores. O consumo atingirá praticamente o nível do carvão, sendo 80% do adicional de demanda oriundo de países em desenvolvimento.
A busca pela diversificação das fontes de combustíveis sustentará uma expansão considerável do gás na China, ao mesmo tempo em que duplica o comércio global do combustível.
A participação das fontes de energia renováveis tende a passar de 3% em 2009 para 15% em 2035 -mesmo que necessitem de pesados subsídios na fase de implantação, seus benefícios a longo prazo tendem a compensar os custos. Ao mesmo tempo, geram a necessidade de pesados investimentos em transmissão de energia.
Já o carvão, que atendeu praticamente metade do aumento mundial de demanda energética da última década, se mantidas as políticas atuais, representaria 65% da matriz energética em 2035, superando, inclusive, o petróleo.
No cenário central, o consumo continuaria aumentando rapidamente na próxima década, estagnando posteriormente, encerrando 2035 apenas 25% acima dos níveis de 2009.
Como a China representa praticamente metade da procura mundial do combustível, a implementação do plano quinquenal para reduzir as emissões de carbono será fundamental para esse mercado.
Em suma, a procura por novas e mais limpas fontes de energia deve continuar ocorrendo nos próximos anos. Entretanto, a dependência das conhecidas fontes não renováveis continuará elevada.
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Relatório traz o panorama energético para o mundo até 2035 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU