05 Dezembro 2011
Dois livros que vêm do catolicismo belga nos dão pistas para que a Igreja viva, apesar da lentidão da instituição.
A reportagem é de Monique Hébrard, publicada no sítio da revista Témoignage Chrétien, 29-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A Igreja talvez está em risco de morte? O abismo que se cria entre as práticas da base e as palavras da hierarquia é tal que "a Igreja vai implodir", diagnostica Paul Löwenthal. O ex-presidente do Conselho Inter-Diocesano dos Leigos (CIL) da Bélgica francófona conhece bem a vida das comunidades católicas.
Em seu livro Ne laissons pas mourir l'Eglise. Foi chrétienne et identité catholique (Não deixemos a Igreja morrer. Fé cristã e identidade católica), ele passa em resenha todos os desafios aos quais a Igreja se vê confrontada. Ele não hesita em fazer perguntas acusadoras a um Magistério hipertrofiado que, cada vez mais, enrijece a tradição. Será que só o magistério é especialista em humanidade? O que ele faz com a liberdade de consciência? Com a misericórdia para com aqueles que estão em situações dolorosas? Com o reconhecimento da autonomia humana?
Depois dessa constatação de um fracasso ardente da Igreja na modernidade e com relação às pessoas mais empenhadas, o autor delineia o programa do cristianismo adulto: liberdade, responsabilidade e abertura. Que continue a agir e a se comprometer: a multiplicação das iniciativas acabará "estremecendo os dirigentes". Paul Löwenthal se rebela contra uma religião que convida a observar regras e pede uma Igreja Católica mais cristã. O discurso, às vezes, é um pouco repetitivo, mas o ponto de vista é justo e a análise é fina. Muitos católicos fiéis ao Vaticano II estarão de acordo com ele.
Assim como se sentirão à vontade com L'Eglise quand même. A l'écoute du peuple de Dieu (A Igreja apesar de tudo. À escuta do povo de Deus). Este texto coletivo, que também nasceu no CIL (Conselho Inter-Diocesano dos Leigos), une igualmente análise severa e amor pela Igreja. Não é pela qualidade literária que esse opúsculo é digno de interesse, mas sim por ser fruto de uma série de pesquisas, de conversas, de testemunhos de católicos que nos revelam a sua vivência e as suas reflexões sobre o "fazer igreja" e sobre as alegrias e as dificuldades que vivem.
Ele apresenta uma avaliação da situação, seguida pelos desejos expressos na pesquisa: uma Igreja fundamentada em pequenas comunidades conviviais e fraternas que vivam a corresponsabilidade em todos os ministérios em um espírito democrático. Sabendo que o essencial é que o Evangelho seja mais bem anunciado e ouvido. O CIL deduz da pesquisa 10 pontos para dar indicações sobre o futuro da Igreja.
Ne laissons pas mourir l’Église. Foi chrétienne et identité catholique, Paul Löwenthal, Mols, 302 p.
L’Église quand même. À l’écoute du peuple de Dieu, Conseil interdiocésain des Laïcs, Fidélité, 120 p.
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