A presidente
Dilma Rousseff deu, ontem, mais uma chance para o ministro
Carlos Lupi (Trabalho) tentar rebater as denúncias de irregularidades na Pasta. No Palácio do Planalto, no entanto, a avaliação é que Lupi ganhou apenas uma última oportunidade, a qual não pode ser considerada uma garantia de que permanecerá no cargo. Como resultado da cada vez mais delicada situação de Lupi, parlamentares e integrantes do governo já começam a citar nomes de candidatos a suceder o ministro do Trabalho. O nome mais forte é o do deputado
Brizola Neto (PDT-RJ). O deputado
Vieira da Cunha (PDT-RS) também está forte, mas em segundo lugar.
A reportagem é de
Fernando Exman e
Cristiano Romero e publicada pelo jornal
Valor, 17-11-2011.
Ontem,
Lupi reuniu-se rapidamente com a presidente no Palácio do Planalto e assegurou que tem como responder às acusações de que viajou em um avião fretado pelo dono de uma organização não governamental que mantém contratos com o Ministério do Trabalho. Agora,
Dilma espera "elementos materiais" e explicações convincentes capazes de comprovar que seu auxiliar está falando a verdade.
Lupi argumentou que o diretório do PDT do Maranhão bancou o aluguel da aeronave, o que, pelo menos por enquanto, não foi comprovado. O ministro afirmou ainda que não teria viajado na aeronave citada pela revista "Veja", e negou ter relações pessoais e profissionais com
Adair Meira, o dono das ONGs contratadas pelo Ministério do Trabalho e suposto responsável pelo aluguel do avião.
No entanto,
Meira desmentiu o ministro. Declarou que conhece
Lupi e teria integrado a comitiva do ministro em pelo menos uma parte da viagem pelo Maranhão. Além disso, imagens divulgadas pela imprensa mostram Meira e o ministro juntos no Maranhão. Auxiliares da presidente
Dilma reconhecem ser muito delicada a situação de
Lupi. Ponderam, por outro lado, que as imagens divulgadas não são provas da suposta proximidade entre o ministro e o dono das ONGs.
Lupi deve ir hoje à Comissão de Assuntos Sociais do Senado prestar esclarecimentos sobre o caso.
A principal preocupação no Palácio do Planalto, porém, é com a possível contaminação da tramitação da proposta de emenda constitucional que prorroga a DRU pela crise que envolve o Ministério do Trabalho. A Desvinculação das Receitas da União, instrumento que dá liberdade para o Executivo usar 20% da arrecadação da União, é considerada essencial pelo governo e expirará em dezembro. O Executivo teme que a oposição anuncie uma obstrução que prejudique a conclusão da votação da proposta na Câmara, caso o ministro não seja substituído. E receia também que uma troca no comando do Ministério do Trabalho leve o PDT a retaliar o governo.
Lupi é o presidente licenciado do partido, que conta com uma bancada de 26 deputados e cinco senadores.
Uma ala do governo e o PT defendem que
Dilma não demita mais até a reforma ministerial que deve ocorrer no início de 2012, numa tentativa de evitar que a imagem da gestão Dilma Rousseff seja prejudicada. A presidente estaria sendo convencida, pelos denunciados e os que os apoiam, que se
Lupi cair ela estará perdendo para a "imprensa", que faz as denúncias, por sete a zero. O argumento favorece a permanência dos denunciados de agora em diante.
Mesmo assim, enquanto a situação de
Lupi não é definida, as discussões sobre os eventuais sucessores do ministro já começaram.
Um dos mais cotados é o deputado
Brizola Neto. Herdeiro político e neto de Leonel Brizola, fundador do PDT, o deputado é próximo da presidente. Dilma ajudou a fundar a legenda no Rio Grande do Sul antes de filiar-se ao PT. Ele foi secretário do Trabalho no Rio, por 40 dias, no início do ano. Pode pesar contra o parlamentar, contudo, informações de que sua postura pode ter ajudado a desestabilizar
Lupi no cargo. Outro nome citado é o do deputado
Vieira da Cunha (RS), que já foi assessorado pelo chefe de gabinete de Dilma,
Giles Azevedo. Já o deputado
João Dado (SP) tem o apoio do grupo ligado ao deputado
Paulo Pereira da Silva (SP), presidente da Força Sindical.
Se
Lupi cair agora, a presidente deve manter o ministério na cota do PDT. Se ele ficar no cargo até a reforma ministerial, o partido deve perder a Pasta.
Dilma já demonstrou disposição de fazer mudanças para impedir que a Pasta se torne um feudo do PDT.
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Dilma dá última chance a Carlos Lupi. Brizola Neto é cotado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU