10 Setembro 2011
"A afirmação por parte de dirigente do PT de que "as decisões do 4º Congresso do PT agradaram movimentos sociais’ precisa ser relativizada. O mais correto seria afirmar que "as decisões do 4º Congresso do PT agradaram parte dos movimentos sociais’". O comentário é de Cesar Sanson, pesquisador do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT.
Eis o artigo.
A afirmação do secretário nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT, Renato Simões, de que os movimentos sociais saíram satisfeitos com o 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores é frágil. Poder-se-ia perguntar que movimentos sociais?
O dirigente aponta – em matéria do sítio do partido – "o apoio à Primavera da Saúde, campanha para destinar 10% do PIB à educação; apoio à reforma agrária e urbana e a luta do LGBT contra a homofobia", como bandeiras sintonizadas com o movimento social. As bandeiras citadas, entretanto, não representam nenhuma novidade, supreendente seria se o partido não renovasse o seu apoio a essas bandeiras.
A "novidade" maior ficaria por conta das decisões de caráter político como "paridade nas direções, em relação aos gêneros, com a nova cota étnico racial e com a cota para a juventude", citadas por Simões. Poder-se-ia acrescentar aqui ainda a decisão de limite de mandatos para o Congresso Federal a partir de 2014. As medidas são mesmo inovadoras considerando-se a pasmaceira geral dos partidos políticos brasileiros, mas serve antes de tudo para tentar sacudir o proprio PT que faz tempo perdeu vitalidade organizativa e está a reboque de caciques políticos e das correntes internas. As possibilidades de que essas medidas provoquem oxigenação no partido são remotas. Chegam tarde demais.
Sobre as bandeiras dos movimentos sociais que envolvem e questionam o modelo neodesenvolvimentista nenhuma palavra. Sobre os crescentes gastos com juros da dívida, tampouco nenhuma afirmação. Basta lembrar que nos últimos 12 meses foram gastos R$ 224,8 bilhões em pagamentos de juros da dívida, ao mesmo tempo em que o maior programa social do país, o Bolsa Família, não gastou mais do que R$ 16 bilhões/ano.
Os movimentos socias, parcela significativa dele, tem posicionamento crítico sobre a construção das grandes hidréletricas, particularmente Belo Monte, a retomada da construção de Angra 3, a transposição do S. Francisco, os crescentes e generosos subsídios do BNDES para a produção do etanol, para ficar em alguns exemplos.
Logo, a afirmação de que "as decisões do 4º Congresso do PT agradaram movimentos sociais’’ precisa ser relativizada. O mais correto seria afirma que "as decisões do 4º Congresso do PT agradaram parte dos movimentos sociais’’, principalmente aqueles que já estão na base de apoio do governo.
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"Afirmação de dirigente do PT sobre movimentos sociais é frágil" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU