A presença de grupos de haitianos na Amazônia marca um momento raro no movimento migratório no país: é a primeira vez, depois de tantas décadas, que o Brasil registra a imigração de grandes grupos de estrangeiros vindos de regiões não limítrofres.
A reportagem é de
Elaíze Farias e publicada pelo jornal
A Crítica, 19-07-2011.
Ou seja, são grupos não provenientes de países vizinhos como Peru ou Colômbia e estão, do ponto de vista cronológico, distante do histórico ingresso de estrangeiros como italianos ou portugueses.
Essa realidade, contudo, é tão emergente, que somente agora que pesquisadores começam a se dedicar sobre este assunto.
A análise é do professor
Duval Magalhães, doutor em Demogafia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, que nesta terça-feira (19) ministrará palestra na Conferência sobre Migração Internacional na Amazônia.
O evento acontece na sede da Fundação Oswaldo Cruz Amazônia (Fiocruz), na rua Teresina, 476, Adrianópolis.
Para
Magalhães, o realidade amazônica com a presença de haitianos oferece um novo aspecto às discussões sobre migração internacional.
“O governo tem que estabelecer políticas públicas para estes grupos, sobretudo na questão dos direitos humanos. Eles estão aqui com vontade de trabalhar, de contribuir”, disse
Magalhães, que vai aproveitar a presença em Manaus para conhecer, pessoalmente, alguns destes grupos, junto com dois pesquisadores que já atuam na região,
Pery Teixeira, da
Fiocruz, e
Sidney Antônio da Silva, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Estes dois iniciaram há pouco tempo uma pesquisa sobre os haitianos em Manaus.
Conforme os dados preliminares, a maioria destas pessoas têm nível de instrução elevado (ensino médio completo e nível superior) e, diferente de outros imigrantes que chegam ao Brasil, não têm pretensões de sair do Amazonas.
Para
Duval Magalhães, a tendência no Brasil é que a imigração cresça e será cada vez mais necessária quando a população do país diminuir, devido sobretudo à queda da fecundidade.
Retorno
Estudos realizados pesquisadores em demografia atestam que a fase atual é não apenas de retorno dos brasileiros ao país de origem, mas também com o ingresso cada vez maior de estrangeiros ao Brasil.
Nos últimos quatro anos, o pedido de vistos para trabalhar no país é um indicador deste crescimento.
Conforme
Duval Magalhães, ano passado, o país concedeu 56 mil vistos. Em 2009, foram 42 mil; em 2008, 43 mil e em 2007, 17 mil.
Somente no Amazonas, foram 1.620 pedidos de vistos registrados. “Foi o terceiro Estado brasileiro a receber mais imigrantes regulares. A maioria é feito por pessoal técnico”, observou.
Para o demográfico, a inserção do Brasil no panorama internacional e o sucesso econômico do país frente aos outros que atualmente estão em crise profunda é um dos motivos para este aumento de estrangeiros.
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Haitianos na Amazônia dão nova dimensão aos estudos sobre imigração no país, diz pesquisador - Instituto Humanitas Unisinos - IHU